O ano de 2017 vai chegando ao fim. Já estamos no
mês de novembro. Em breve, estaremos celebrando o Natal. Olho para trás e vejo
quanta coisa vivenciamos durante o ano. Coisas boas, mas também fatos
desagradáveis, cruéis, que nos levam a momentos de deserto na alma. Mas, neste
início de mês, aproveitando a celebração do Dia de Todos os Santos, pela Igreja
Católica, quero lembrar as coisas que nos enalteceram e fortificaram nossa fé.
Ver a devoção do nosso povo pelos santos e santas é uma delas.
Em meados do mês de maio, tivemos a oportunidade de
perceber as manifestações de fé dos nossos irmãos, por ocasião da visita da
imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida em nossa paróquia. A imagem foi
levada às igrejas, instituições e também ao Hospital da Santa Casa. Por onde
passou, sensibilizou as pessoas e deixou rastros de santidade. Era perceptível,
no olhar de cada um, a crença em Maria, a mãe do Filho de Deus.
Em outubro, por ocasião da festa do tricentenário
da aparição da pequena imagem, nas águas do Rio Paraíba do Sul, as
manifestações de louvor a Nossa Senhora Aparecida ganharam mais força. Aqui em
nossa paróquia, na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, esses trezentos anos
foram celebrados com novena, barraquinhas, mas, acima de tudo, com gestos de
amor, de união, de solidariedade. Durante a novena, o povo participava, rezava,
cantava e, no final, se emocionava ao se aproximar de Nossa Senhora,
ofertar-lhe uma flor e, aos seus pés, depositar o alimento para aliviar a
aflição do irmão necessitado.
No dia da festa, com a igreja absurdamente cheia,
Padre Márcio conduziu a celebração, de forma piedosa e acolhedora, e a
procissão com a imagem pelas ruas da comunidade. A emoção tomou conta dos
fiéis. Após a procissão, todos se aproximaram da imagem para sentir a presença
da Mãe do Céu. Alguns em silêncio, outros rezando. Uns se aproximaram de
joelhos no chão, suportando a aspereza do piso. Muitos, com a sensibilidade à
flor da pele, não se acanharam em deixar verter lágrimas pelas faces
contemplativas, afinal, representada pela pequena imagem, ali estava aquela que
adotamos como mãe: Maria, a cheia de graça, a Nossa Senhora brasileira, nossa
intercessora, rainha e padroeira do Brasil.
Presenciei cada momento dessa festa do coração. Observei
os olhares, os toques, as pessoas que se aproximavam da imagem e a fitavam em
silêncio, como se abrissem o coração de filho e esperassem o carinho da mãe. Através
desses gestos, senti aflorar em mim, de forma mais intensa, o amor e a crença
nessa Mãe, tão próxima, tão protetora. Por outro lado, lembro-me das palavras
do nosso querido Padre Jayme, um exímio conhecedor da história dos santos e
santas. Sempre que fala sobre algum santo, Padre Jayme nos ensina que, mais que
a devoção, precisamos conhecer a história do santo e procurar viver segundo seu
exemplo. Ninguém é santo por acaso. Há uma caminhada de fé, de solidariedade,
de desapego das coisas mundanas, de solidariedade, e também de sofrimento, por
trás da história de cada santo que mereceu a glória dos altares. De Maria,
sabemos sua suavidade, sua ternura, mas também sua entrega total nas mãos de
Deus e a força com que ela suportou cada sofrimento, cada espada que
transpassou sua alma.
Neste mês de novembro, estaremos recebendo a visita
da imagem peregrina de São Rafael, padroeiro da Diocese de Luz. Saibamos
aproveitar esses dias para conhecer a história desse santo e de que maneira
poderemos, também nós, buscar a nossa própria conversão, pois a santidade
acontece é um pouco a cada dia, nas demonstrações de fé, de compaixão, de amor
a Deus e ao próximo.
Luisa
Garbazza
Publicação do Jornal Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Novembro de 2017
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