Um dos pontos altos da fé católica é a devoção aos
santos: almas puras que evangelizaram com a própria vida e foram agraciadas aos
olhos de Deus e dos homens. Temos inúmeros exemplos de santos que fazem parte
dos altares no mundo inteiro. Cada país, região ou comunidade dedica uma
veneração mais acentuada por este ou aquele santo, celebram com fé sua presença
e pedem intercessão nos momentos de dificuldade.
No dia 14 de maio, pude presenciar momentos de
exteriorização da devoção a Santa Rosa de Lima, no Engenho do Ribeiro. Fomos
convidados para a missa nessa comunidade às 18 horas. O que presenciamos, mais
que uma simples missa, foi uma grata surpresa.
Chegamos à praça, em frente à igreja, às 17h45:
portas fechadas, duas moças sentadas na beirada do passeio, umas três pessoas
mais afastadas. Sentamo-nos em um dos degraus para aguardar o desenrolar dos
acontecimentos. Vimos as pessoas chegarem, aos poucos, e aglomerarem-se na
longa escadaria. E tudo foi acontecendo: abriu-se a porta da igreja para dar
passagem a um belo mural com a estampa de Santa Rosa; duas meninas, em um
contínuo vai e vem, distribuíam folhetos e sorrisos; algumas pessoas
distribuíam bandeirinhas; alguém se aproximou de nós convidando para fazer uma
leitura; ouviu-se ao longe o barulho das buzinas que anunciavam a chegada da
santa: a imagem peregrina, que está visitando as famílias da comunidade.
Ao som de hinos, os fiéis abriram uma passarela
para deixar a padroeira passar. No alto da escadaria, permaneceu a santa, que,
só depois de o povo todo entrar, foi levada para o interior da igreja.
Seguiu-se a procissão para a Santa Missa: uma celebração bonita, bem
participada e coroada com as sábias palavras do Padre Mundinho em uma homilia
digna de Pentecostes.
Após a celebração, outra família retirou a imagem
de Santa Rosa de Lima para nova peregrinação. Uma saída festiva, com cantos e
alegria. Uma fila considerável de carros acompanhava a imagem, que seguia ao
som das buzinas – manifestação da fé.
A chegada à casa que ia acolher a imagem peregrina
revelou o entusiasmo daquela família e a preparação para aquele momento, o que
podíamos perceber pelos enormes arcos de bambus enfeitados com flores
coloridas, colocados estrategicamente nas porteiras, para adornar nossa
passagem. Ao som de fogos, cantos e palmas, a imagem foi levada para a varanda
da casa e colocada no altar. Ali, no aconchego daquele lar, as pessoas se
reuniram em torno da santa para um momento de espiritualidade: uma oração feita
pelo padre; cantos em louvor a Santa Rosa; depoimento de uma graça alcançada.
Uma palavra da família que se despedia da santa, outra da família que a
recebia: uma fala simples, despreocupada, que, na sua simplicidade, revela a
grandeza de Deus. Uma fala dirigida à “gente de casa”, como se fôssemos uma só
família. E o somos: família dos cristãos. O canto e a oferta de rosas
encerraram o momento de oração.
Não havia maneira melhor de concluir essa
peregrinação: a dona da casa convidou a todos para apreciarem um delicioso
caldo. Lembrou-me do Ano da Misericórdia e suas obras: abrir as portas e
acolher os peregrinos, o que essa família fez tão bem. Tomara Santa Rosa de
Lima possa continuar abençoando abundantemente essa comunidade, para que possa
florescer na fé e frutificar na partilha e no bem comum, como os primeiros
cristãos.
Luisa Garbazza
Publicação do Jornal "Paróquia N.
S. do Bom Despacho"
Junho de 2016