domingo, 5 de junho de 2016

Risco de lembrança



Um olhar para o céu, outro para as lembranças:

Éramos crianças, então.

O olhar sempre se espichava rumo ao céu.

Víamos a linha de luz que riscava o espaço, 
refletia o sol,

e, na ponta, a brilho do avião que singrava os ares.

Seguia, lentamente, sem se desviar.

A reta era traçada em riscos brancos sobre o espaço azul.

O vento e o tempo se encarregavam de misturar as cores.

Em instantes...

os rastros se esvaíam, e o azul dominava outra vez.

Os olhares se perdiam no infinito.

Depois voltavam-se para a terra.

Iam-se as horas e a cena se repetia.

Decorávamos os horários: várias vezes ao dia.

Em dias úmidos, a cena era mais completa:

o ar da manhã fortalecia a fumaça que marcava o céu.

E os rastros demoravam um pouco mais para se dissiparem.

Fim de semana, pela manhã, mais alegria.

Todos em casa, criançada reunida,

correndo pelo terreiro e pelos pastos.

Mal o avião se mostrava ao longe, alguém logo anunciava.

O céu era o alvo do olhar.

A imaginação corria solta.

Os olhos brilhavam.

A alma se enchia de expectativa.

Na ingenuidade pura da infância, dizíamos em coro:

_ Avião, joga um neném para nós!
Luisa Garbazza
5 de junho de 2016

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