sábado, 8 de outubro de 2016

Alma irrequieta


Há dias em que necessitamos de reclusão:
dias de alma irrequieta, carente de solidão.
Momentos de se aquietar
ouvir o coração a sussurrar – ou a gritar.
Retomar, de onde parou, o rumo da vida:
sem escalas, sem reservas, sem amnésias;
rever todas as passagens sentidas.
O passado não fica estagnado nas gavetas do inconsciente:
ele nos acompanha, interfere em nossa vida constantemente.
É preciso interagir com ele, estudá-lo, debatê-lo,
e, nesse julgamento, condená-lo ou defendê-lo.
Se a alma está irrequieta, ela precisa de atenção.
Talvez algo não tenha ficado resolvido: resta um senão.  
Talvez ela precise de um tempo para tudo processar;
as vicissitudes descartar; sonhos e esperanças abraçar.
Se a alma está inquieta, não pode ser ignorada:
é preciso parar um pouco e torná-la renovada.
Deixá-la divagar em busca da vida
que nas inevitáveis curvas do caminho ficou perdida.  
Talvez a caminhada delongue um pouco, vá fundo na história.
Talvez busque longe, em lugares esquecidos na memória.
Mas haverá sempre uma chegada, um encontro, uma saída,
uma oportunidade de revisão de vida, um novo ponto de partida.
Aí é a hora certa de fechar os olhos para descansar,
dormir, deixar o corpo relaxar,
dar vazão aos sonhos... e a mente serenar.
Certamente, o dia há de começar com mais brilho,
mais cor, mais alegria, sem empecilho.
Então, é só dar as mãos a si mesmo,
abrir um largo sorriso e sair em busca de novos horizontes,
novas paisagens, novos sonhos, novas fontes.

Luisa Garbazza
Manhã de sábado, 8 de outubro de 2016

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