Estamos em tempos de Natal.
Ruas cheias, algumas enfeitadas, casas e praças iluminadas, músicas temáticas,
tudo para chamar à atenção. Infelizmente, o clima natalino gira, quase que
exclusivamente, em torno do comércio. As vitrines ornamentadas, cada uma com
seu estilo próprio, todas querem atrair o consumidor.
Outro dia, ao andar pelas ruas
observando curiosa o ir e vir de tantas pessoas e o carregar de tantos pacotes,
presenciei uma mulher saindo de uma loja em companhia de uma senhora e de duas
crianças que não estavam demonstrado muita satisfação. Quando passaram perto de
mim, ouvi-a dizer uma frase, antiga, mas que estava esquecida em algum canto da
memória: “Se eu não puder ser a Estrela de Belém, vaquinha de presépio também
não quero ser.” Essas palavras, ditas em um tom relativamente alto e muito
arrogante, deixaram-me perplexa e pensativa, principalmente pela fisionomia
triste daquelas crianças. Não sei o contexto em que elas foram ditas, mas, com
certeza, não combinavam com a alegria da época. Comecei a devanear sobre vários
assuntos relativos ao espírito natalino. Impossível não lembrar minha infância.
Era tudo tão simples e valorizado! Jesus era o centro das atenções. Hoje o
consumismo ofusca as pessoas, – Inclusive as crianças! – Jesus fica em segundo
plano – ou nenhum – e o “Papai Noel” ganhou maior espaço em todas as culturas.
Naqueles dias, minha mãe nos
dizia que o presente era o menino Jesus quem nos dava na noite de Natal.
Ensinava-nos a amá-Lo e a respeitá-Lo como Deus que é. Assim o fazíamos. Com toda a sabedoria que
recebeu do Criador, ela reunia a família toda para montar a árvore de Natal,
com enfeites que ela mesma fazia, para rezar e aguardar a “noite mágica” da
chegada do Menino. Na noite do dia vinte e quatro, íamos todos dormir ansiosos
para que amanhecesse logo. Assim poderíamos ver o que ganhamos. Mesmo que o
presente, por causa das poucas posses, fosse algo extremamente simples, era
grande a alegria com que o recebíamos. A prioridade do dia vinte e cinco era a
ida à Igreja: participar da Santa Missa, visitar Jesus no presépio, rezar,
agradecer pelo presente e por tudo que recebemos durante o ano todo.
Lembrei-me também de uma
história que sempre aparecia nos livros de escola primária da época. Conta-se
que, naquela noite esplendorosa em que nasceu o criador, ali, naquela humilde manjedoura,
sem conforto algum, todos os elementos da natureza queriam ofertar algo para adornar
o lugar ou para aquecer o menino. Próximo ao presépio, havia três árvores: uma
tamareira, uma oliveira e um pinheirinho. A tamareira, toda cheia de si,
presenteou o menino com suas doces tâmaras. A oliveira ofertou a Jesus suas
azeitonas. O pinheirinho, porém, não tinha nada a ofertar. Na sua simplicidade,
ficou muito infeliz. As estrelas do céu, vendo a tristeza do pinheirinho,
desceram à Terra e pousaram em seus galhos adornando o pinheirinho. Assim ele
se ofereceu a Jesus, iluminando e enfeitando o primeiro presépio.
Então volto àquela frase e fico
pensando o quanto é triste alguém querer ser a “Estrela de Belém” e não possuir
humildade suficiente para ajudar os “pinheirinhos” que se encontram ao redor,
pobres, infelizes, sentindo-se rebaixados por não terem nada a ofertar. É lição
de Jesus e obrigação nossa ajudar a quem precisa. Quanto mais forte for a nossa
luz, mais temos o comprometimento de iluminar aqueles que necessitam de
claridade.
Aproximando-nos do Natal,
tomara que a luz mais forte seja a do amor incondicional a Deus e,
consequentemente, aos irmãos. Possamos olhar para o outro com mais
solidariedade tentando ajudar pelo menos uma pessoa, alguém que, como aquele
pinheirinho da história, esteja triste por não ter nem ganhar nada nesta data. Tomara
que Jesus possa renascer com toda força no coração de cada um de nós, de
maneira especial, daqueles que O deixaram esquecidos e, com o coração
endurecido pelos entraves da vida, já não têm esperanças de sentir uma alegria
verdadeira, gratuita, que só em Deus podemos encontrar. E que o amor de Jesus e
o brilho daquela estrela sejam refletidos no olhar de cada pessoa quando disser
a alguém: Feliz Natal!
Luisa Garbazza
Novembro de 2013
Publicação do jornal "Paróquia"
Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, dezembro de 2013
Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, dezembro de 2013
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