sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Estrela de Natal

Estamos em tempos de Natal. Ruas cheias, algumas enfeitadas, casas e praças iluminadas, músicas temáticas, tudo para chamar à atenção. Infelizmente, o clima natalino gira, quase que exclusivamente, em torno do comércio. As vitrines ornamentadas, cada uma com seu estilo próprio, todas querem atrair o consumidor.
Outro dia, ao andar pelas ruas observando curiosa o ir e vir de tantas pessoas e o carregar de tantos pacotes, presenciei uma mulher saindo de uma loja em companhia de uma senhora e de duas crianças que não estavam demonstrado muita satisfação. Quando passaram perto de mim, ouvi-a dizer uma frase, antiga, mas que estava esquecida em algum canto da memória: “Se eu não puder ser a Estrela de Belém, vaquinha de presépio também não quero ser.” Essas palavras, ditas em um tom relativamente alto e muito arrogante, deixaram-me perplexa e pensativa, principalmente pela fisionomia triste daquelas crianças. Não sei o contexto em que elas foram ditas, mas, com certeza, não combinavam com a alegria da época. Comecei a devanear sobre vários assuntos relativos ao espírito natalino. Impossível não lembrar minha infância. Era tudo tão simples e valorizado! Jesus era o centro das atenções. Hoje o consumismo ofusca as pessoas, – Inclusive as crianças! – Jesus fica em segundo plano – ou nenhum – e o “Papai Noel” ganhou maior espaço em todas as culturas. 
Naqueles dias, minha mãe nos dizia que o presente era o menino Jesus quem nos dava na noite de Natal. Ensinava-nos a amá-Lo e a respeitá-Lo como Deus que é.  Assim o fazíamos. Com toda a sabedoria que recebeu do Criador, ela reunia a família toda para montar a árvore de Natal, com enfeites que ela mesma fazia, para rezar e aguardar a “noite mágica” da chegada do Menino. Na noite do dia vinte e quatro, íamos todos dormir ansiosos para que amanhecesse logo. Assim poderíamos ver o que ganhamos. Mesmo que o presente, por causa das poucas posses, fosse algo extremamente simples, era grande a alegria com que o recebíamos. A prioridade do dia vinte e cinco era a ida à Igreja: participar da Santa Missa, visitar Jesus no presépio, rezar, agradecer pelo presente e por tudo que recebemos durante o ano todo.
Lembrei-me também de uma história que sempre aparecia nos livros de escola primária da época. Conta-se que, naquela noite esplendorosa em que nasceu o criador, ali, naquela humilde manjedoura, sem conforto algum, todos os elementos da natureza queriam ofertar algo para adornar o lugar ou para aquecer o menino. Próximo ao presépio, havia três árvores: uma tamareira, uma oliveira e um pinheirinho. A tamareira, toda cheia de si, presenteou o menino com suas doces tâmaras. A oliveira ofertou a Jesus suas azeitonas. O pinheirinho, porém, não tinha nada a ofertar. Na sua simplicidade, ficou muito infeliz. As estrelas do céu, vendo a tristeza do pinheirinho, desceram à Terra e pousaram em seus galhos adornando o pinheirinho. Assim ele se ofereceu a Jesus, iluminando e enfeitando o primeiro presépio.
Então volto àquela frase e fico pensando o quanto é triste alguém querer ser a “Estrela de Belém” e não possuir humildade suficiente para ajudar os “pinheirinhos” que se encontram ao redor, pobres, infelizes, sentindo-se rebaixados por não terem nada a ofertar. É lição de Jesus e obrigação nossa ajudar a quem precisa. Quanto mais forte for a nossa luz, mais temos o comprometimento de iluminar aqueles que necessitam de claridade.
Aproximando-nos do Natal, tomara que a luz mais forte seja a do amor incondicional a Deus e, consequentemente, aos irmãos. Possamos olhar para o outro com mais solidariedade tentando ajudar pelo menos uma pessoa, alguém que, como aquele pinheirinho da história, esteja triste por não ter nem ganhar nada nesta data. Tomara que Jesus possa renascer com toda força no coração de cada um de nós, de maneira especial, daqueles que O deixaram esquecidos e, com o coração endurecido pelos entraves da vida, já não têm esperanças de sentir uma alegria verdadeira, gratuita, que só em Deus podemos encontrar. E que o amor de Jesus e o brilho daquela estrela sejam refletidos no olhar de cada pessoa quando disser a alguém: Feliz Natal!
Luisa Garbazza
Novembro de 2013

Publicação do jornal "Paróquia"
Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, dezembro de 2013

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