terça-feira, 11 de outubro de 2011

Livro na Praça


É impossível a quem passa pela praça da Matriz, em Bom Despacho, sábado pela manhã, não perceber o burburinho crescente, formado principalmente pelos feirantes que ali expõem seus artesanatos. Logo cedinho já se ouve o barulho dos ferros para a montagem das barracas. Em pouco tempo vê-se a feira montada, os produtos à venda, um tocador de violão ali, alguém fazendo um churrasquinho mais além.
Não demora muito e já começa a chegar toda “gente”, interessada em algum produto, um pouco de divertimento, ou apenas “dando uma olhada” básica e rápida, aproveitando a coincidência do caminho. Variedades de produtos são apresentadas aos passantes, desde roupas, bijuterias e coisas para casa até maravilhosas pinturas, em telhas, com motivos fascinantes.
No último sábado essa rotina foi enriquecida com a IX Feira de Livros de Bom Despacho. O evento contou com a parceria das meninas da biblioteca municipal, que montaram uma tenda com uns livros para incentivar a leitura e alguns para doação. Muitos levaram livro para casa. Outros, principalmente as crianças, puderam conhecer alguns dos que estão disponíveis na biblioteca para empréstimo.
O SESC também marcou presença. Oficinas de trabalhinhos manuais, balonagem e pinturas artísticas estiveram em evidência e fizeram a alegria da criançada. Muito louvável a habilidade dos jovens que desenvolveram essa atividade. Várias formas surgindo dos balões e imagens belíssimas nos rostos e braços de meninos e meninas que, sorridentes, deixavam a tenda e iam se exibir para pais, mães e amigos. Fiquei encantada com uma borboleta de asas azuis e pintas amarelas que vi despontar passo a passo no braço de uma criança.
 Mas o destaque maior foi para a tenda onde autores bom-despachenses expuseram seus livros. Quando passei por lá, tive o prazer de me encontrar com nosso ilustre escritor Jacinto Guerra, que, entre outros assuntos, escreve sobre vários aspectos do nosso povo e da nossa terra. Foi gratificante conversar sobre suas viagens e suas histórias. Mais ainda sentir seu entusiasmo pela literatura, o gosto pelas “letras” e a vontade de ver Bom Despacho crescendo nessa área, com um número cada vez maior de escritos e escritores, a atuação progressiva dos leitores e, consequentemente, a ascensão da cultura do lugar.
Ainda tive o privilégio de encontrar por ali o Dr. Celso, o Alexandre Cesário e Neiva Garbazza, todos escritores bom-despachenses, comprometidos com a arte das artes, esses, que fazem da palavra seu instrumento de trabalho.
É gratificante participar de um evento como esse. No mundo informatizado em que vivemos, onde o virtual abrange tudo e atinge todos, os livros foram deixados de lado. Chamar a atenção, principalmente dos jovens, para os livros e para a leitura é tarefa complicada. Ler chega a ser um “palavrão” no vocabulário de quem se acostumou com tudo virtual, pesquisas e resumos de livros prontos na internet e palavras entrecortadas no MSN. O visual é tudo. Um livro “cheio de letras” não é atrativo para essa clientela.
Por isso, urge uma maior conscientização de todos para o papel essencial do livro na história da humanidade. Somente com a participação de todos, crianças, jovens e adultos, leitores e escritores, pais e filhos, cidadãos em geral, chegaremos um dia a compreender a importância da cultura em nossa vida e em nosso desenvolvimento. ... e a existência humana será regida pela sensibilidade e pelo entusiasmo, permeada de histórias maravilhosas e de finais felizes.
                                                                          Luisa Garbazza
                                                                      11 de outubro de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário