sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Esperança na família

 


           Estamos no ano jubilar. Somos peregrinos de esperança a caminho do céu. Nossa esperança maior é Cristo, sem dúvida alguma. A esperança primeira, aqui na terra, no entanto, é a família. É nela, e por meio dela, que podemos formar cristãos conscientes e comprometidos com o projeto de Deus, para o ser humano e para toda a criação.

A criação de Deus é algo sagrado. A família, também criação divina, é algo muito sagrado. Deus criou o homem e a mulher para a base familiar. E quis que seu filho nascesse no seio de uma família. Maria deu à luz a própria Luz, Jesus, o filho de Deus encarnado. José o acolheu como filho. Juntos cumpriram a sublime, mas difícil missão de criar, educar e amar o divino menino.

Tal qual Maria e José, o homem e a mulher, com a graça de Deus, recebem os filhos no ambiente familiar, onde a vida faz mais sentido. Com os filhos, vem a missão maior: criar, educar, amar e, acima de tudo, evangelizar. Quem ama cuida, alimenta, dá carinho. Quem ama ensina os valores da vida cristã e da fé católica, que inclui a presença constante de Jesus, Maria e José a indicar os caminhos.

O caminho proposto pela Igreja, neste ano jubilar, é o caminho da esperança. A família, tão necessitada de força e coragem para resistir aos ataques mundanos, precisa nutrir em si a expectativa por um mundo melhor, mais humanizado. Precisa ter confiança em tempos de mais amor, união, carinho entre as pessoas, certeza da graça santificante de Deus Pai.

A graça de Deus nos impulsiona a ter esperança, acreditar que podemos ser sementes do bem, nutrir em nós essa graça e frutificar. Saber que, por meio do amor a Deus, somos capazes de esperançar nossa família e as famílias com as quais convivemos. Um lar onde se vive a unidade, a exemplo do lar sagrado, em Nazaré, é modelo e pode dar testemunho de que é possível viver bem, com amorosidade, respeito e temor de Deus. E assim contagiar outros lares.

Deixemo-nos contagiar pelo exemplo da Família de Nazaré. Sejamos promotores de esperança no seio de nossos lares. Pela graça de Deus, sejamos multiplicadores, levando esse sentimento aonde for preciso. E, acima de tudo, acreditemos que a maior esperança está na família, com a qual caminhamos como peregrinos rumo ao céu.

Luisa Garbazza

Agosto de 2025


domingo, 10 de agosto de 2025

Amor de pai

 

                        Luisa Garbazza

 

Na figura do pai,

o reflexo do amor espelhado no rosto do filho;

no olhar do pai,

a expressão da mais sublime afeição;

no sorriso do pai,

a demonstração da alegria pura, que brota da alma;

na mão do pai,

a certeza da presença, do equilíbrio, do amparo;

nos passos do pai,

a segurança para as pegadas do filho;

no abraço do pai,

o encontro de almas, a segurança, o aconchego;

na companhia do pai,

outra vida que divide os mesmos caminhos,

que aprende, que se afirma como ser,

depois busca seu próprio caminho.

 

Na ausência do pai,

a saudade, as lembranças, as marcas deixadas,

a força do amor que permanece.

 

A você, pai, força que move a família, presença que marca, que conduz, que ensina, que impulsiona: o nosso reconhecimento.

Nossa gratidão por sua missão tão sublime de transmitir a vida e de enriquecê-la com seus ensinamentos.

A você, nosso abraço de feliz “Dia dos Pais”.

Parabéns!


Homenagem aos pais ao final da Celebração Eucarística das 9h na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Despacho.

Luisa Garbazza


sábado, 26 de julho de 2025

De trilha em trilha

 


Morávamos em um sítio bem espremido entre fazendas e uma indústria de siderurgia. Família de prole numerosa: pai, mãe e 10 filhos. Uma escadinha de crianças, conforme se diz aqui por estes lados do país. A criançada se divertia na área do sítio e nos arredores. Era uma verdadeira aventura a cada dia.

As saídas do sítio eram todas por meio de trilhas, a maioria ladeada por árvores frondosas: trilha para ir à cidade, trilha para ir às casas dos vizinhos, trilha para ir à mina buscar água para beber, trilha para ir à escola... Quando saíamos todos, ou vários, formava-se uma fila e caminhávamos acompanhando o ritmo do cabeça. Pela falta de energia elétrica, raramente saíamos após o entardecer. Esse momento era reservado para reuniões familiares, muitas vezes em volta de uma fogueira. Cada noite um momento diferente. Ora brincadeiras de corre-corre, ora de roda, ora de esconde-esconde... Ou então, a hora das histórias. Nossa mãe possuía o dom de contar histórias: reais ou imaginárias, reproduzidas ou inventadas. Os olhos da meninada brilhavam com as narrativas. E se arregalavam com as façanhas da mula sem cabeça e do enigmático saci-pererê. A mula sem cabeça era vista com respeito e com medo; o saci-pererê, com curiosidade.

O efeito desses dois seres do nosso folclore na vida da criançada era enorme. Nas noites escuras, sem luar, quando ficávamos na cidade até mais tarde, a volta era penosa. Nas trilhas que nos conduziam a casa, o medo reinava. Medo do que poderíamos encontrar pelo caminho. – E se aparecesse a mula sem cabeça botando fogo pelas ventas? – Nesse estado de tensão, ninguém queria ser o primeiro da fila, muito menos o último. A volta tornava-se longa demais. Na pressa de sairmos do negrume da noite, às vezes até tropeçávamos uns nos outros, quando o da frente dificultava os passos. A chegada era sempre motivo de grande alívio.

No dia a dia, na lida da vida, ocorria de sairmos à tardezinha, para fazer visitas ou pedir emprestado algum gênero de primeira necessidade nos vizinhos – sempre distante – ou para buscar água na mina. Algumas vezes, era necessário alguém sair sozinho. As sombras da tarde, que iam se espalhando, cobrindo tudo muito rápido para a chegada da noite, causava calafrios e traziam à tona o medo dos seres mitológicos. Aí o inevitável acontecia...

Certa noite, a irmã mais velha, que havia saído para pedir açúcar emprestado, chegou a casa sem fôlego, sem conseguir falar, branca como cera. E por algum tempo, assim permaneceu. Quando conseguiu balbuciar alguma coisa, aguçou nossa curiosidade. Aos poucos começamos a entender o que havia se passado.  “Avistei uma mulher estranha... ela esticava e encolhia. Olhava para um lado e a mulher estava lá, pequena igual anã. Aos poucos, ela ia se espichando e ficava mais alta que as árvores. Depois aparecia do outro lado, bem à frente, e ficava encolhendo e espichando. E assim durante todo meu caminho. Quase morri de medo!” Daí em diante, a mulher “que espicha e encolhe” foi alvo do medo da criançada. Quem saía ao entardecer já ia com os olhos arregalados, temendo encontrá-la pelo caminho.

Na semana seguinte, quando a tal mulher já começara a cair no esquecimento, o caso se repetiu, em outras proporções. Chegaram dois irmãos, que saíram à noitinha para buscar água. Estavam muito assustados! Nas vasilhas, apenas um pouco de líquido. A mãe indagou: “Onde está a água? O que aconteceu?” Com a respiração ainda ofegante, um deles respondeu: “Pegamos a água, mamãe. Mas, quando a gente voltava, vimos uma mulher vestida de branco em cima de uma árvore. Ela abria e fechava os braços, chamando a gente. Corremos de medo, tropeçamos e deixamos a água cair.” Vários pares de olhos se arregalaram ao mesmo tempo.

A vida no sítio seguiu plena, com suas histórias, seus passeios noturnos, seus medos. A mulher de branco, esta não caiu no esquecimento muito fácil não. Apareceu novamente, também para outras crianças, por um longo tempo.

Luisa Garbazza

2025

 

Um pouco das minhas lembranças de infância.

(A foto, tirada recentemente, é de uma das trilhas por onde andávamos.)


quarta-feira, 9 de julho de 2025

Bodas de aventurina

 



Quão bela a natureza, que produz tanta beleza, obras da criação. Aventurina é assim, pedra rara, em tons verde do veludo, que encantam e a tornam tão cobiçada.

Quando a vida a dois se torna “aventurina”, é sinal de que já coloriram a existência de muitos tons, a começar pelo branco ou pardo do papel, passando pelo prata, perolado, até chegar a esse verde aveludado, tão agradável ao olhar.

Assim somos nós, Flávio e eu. As bodas de papel parecem tão distantes!... Algodão, flores, papoula... Tudo tão frágil! Como frágil é o amor, que precisa ser alimentado para não se desvanecer. Nas bodas de ônix, o amor cravado na pedra, a certeza de que não dava mais para voltar atrás. Não sem “quebrar” a vida.

O tempo passou muito depressa! Seguimos juntos, ano a ano, celebrando o amor, a convivência, as alegrias e tristezas, os filhos - nosso maior bem.

Hoje a aventurina vem enfeitar de verde nosso viver. São trinta e sete anos de vida a dois, a três, a quatro. Quanta alegria compartilhada! Quantas brincadeiras e aventuras! Quanto amor! Amor sentido, repartido, cultivado, cravado no coração de cada um. Houve intempéries, sim. E algumas lágrimas. Mas o riso sempre volta à face dos enamorados, dos que colocam seu destino nas mãos de Deus.

Hoje é dia de ação de graças. Gratidão a Deus por nos permitir construir essa história, que começou na presença dele. E lá voltamos, ano após ano, para que a bênção seja renovada, revivida no coração, cravada na alma, de onde não pode ser descartada.

Obrigada, meu Deus, pelo carinho e pela presença em nossa vida.

Obrigada, Flávio, por dividir comigo cada momento de minha existência nesses 37 anos.

Obrigada, Matheus e Rafael, por me ajudarem a construir nossa família e pela sintonia de alma.

Amo. Amo muito cada um, cada dia, cada ano, cada capítulo dessa história, que seguirá até onde Deus quiser.

Gratidão.

Luisa Garbazza

9 de julho de 2025




sábado, 7 de junho de 2025

Jesus Eucarístico e a Mãe da Eucaristia

 

Saber que Jesus está realmente presente na Eucaristia é o maior mistério e a maior alegria que nós, católicos, experimentamos. Ali está o Corpo de Cristo transubstanciado. Como parte de sua entrega total, Cristo nos doou também seu próprio Corpo para servir de alimento, verdadeira comida, sustento e remédio para nossa vida. Quando falamos em Jesus Eucarístico, trazemos à memória a Mãe de Jesus com o título de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Maria, que foi o sacrário que primeiro abrigou Jesus aqui na terra, continua por perto, guardando o Corpo místico de Jesus.

Nós, da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, paróquia sacramentina, adoradora do Coração Eucarístico de Jesus, como nos ensinou o Pe. Júlio Maria, temos a honra de ter Maria da Eucaristia como intercessora e também padroeira. No último dia 13, tivemos a alegria de ver a imagem de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento fazer parte de nossos altares. Em uma festa linda, preparada e vivida com muita espiritualidade, celebramos a novena em preparação para essa festa com o tema “Com Maria, Peregrinos de Esperança no Banquete da Vida”. Foram nove dias acompanhando Maria, rezando e meditando o significado místico de cada símbolo da imagem: a mão estendida, gesto de acolhimento; o cálice e a hóstia, importância da Eucaristia na vida cristã; os pés descalços, sinal de humildade e missão peregrina; a faixa azul de Maria, pureza, e a faixa dourada do Menino Jesus, Rei dos reis; as flores douradas, pureza; o rosário, importância da oração.

A festa da entronização teve uma importância primordial para nossa comunidade paroquial. A presença da Mãe da Eucaristia em nossos altares reforça nossa fé no Coração Eucarístico de Jesus, nossa pertença a uma paróquia sacramentina e nossa devoção ao Servo de Deus Júlio Maria De Lombaerde.

Essa festa foi além da entronização da imagem. Fomos preparados espiritualmente também para celebrarmos, no mês de junho, a festa de Corpus Christi: Jesus Eucarístico, presença viva no meio de nós, abençoando nossa paróquia, nossa cidade, nossa gente. Quando sairmos pelas ruas, acompanhando Jesus Eucarístico, poderemos ter a certeza de que a Mãe da Eucaristia caminha conosco, distribuindo suas bênçãos de Mãe amorosa.

Luisa Garbazza

Jornal Paróquia – junho 2025


sábado, 10 de maio de 2025

As cores de maio

Olho o calendário e me assusto: já é maio!!! Ao mesmo tempo, o coração se alegra. Maio é mês de muita alegria, de celebrações, de ação de graças a Deus por nos ter dado a Virgem Maria por Mãe. Sim, maio é o mês dedicado às mães e a Maria, a Mãe das mães. Maria é nossa medianeira, nossa intercessora, nosso socorro nos momentos difíceis. Para nos acompanhar nesta vida, ela se faz presente onde for necessário. É grande a lista dos títulos de Maria, quão grande é sua presença entre nós. Quando nossa missão é nos aproximarmos de Jesus Eucarístico, ela se apresenta como Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.

Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento foi a escolhida pelo Servo de Deus Júlio Maria De Lombaerde para ser a “madrinha”, da congregação por ele fundada. Assim o fez, pois seu objetivo maior era caminhar com Maria para mais se aproximar do Coração Eucarístico de Jesus. E objetivava isso também para seus filhos espirituais.

Os filhos espirituais do Pe. Júlio Maria, chamados Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, estão hoje espalhados pelo Brasil. Nós, bom-despachenses, temos o privilégio de ter uma paróquia sacramentina desde 1939. Nesses 86 anos, muito foi feito por esta comunidade de fé no que diz respeito à devoção a Maria Santíssima, a Mãe da Eucaristia, que nos chama para adorar Jesus Eucarístico e viver a Eucaristia em nosso dia a dia.

A vivência da Eucaristia no dia a dia é para todos, sacerdotes e leigos. Juntos nessa vida missionário-eucarístico-mariana, tão sonhada pelo Pe. Júlio Maria. Quanto mais nos aproximamos dos ideais julimariano, mais necessidade temos de nos aproximarmos da Sagrada Eucaristia, pelas mãos de Maria. Assim, nossa vida vai ganhando mais graça, mais alegria, mais cor. No mês de maio, as cores são ditas por Maria. Na imagem de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, a alvura da hóstia e do branco de suas vestes e da veste de Jesus; a suavidade do azul que cinge sua cintura; a força do dourado que reveste o cálice e enfeita tanto sua veste, seu véu, quanto a veste de seu filho.

As cores de Maria sejam nossa inspiração para bem vivermos o mês de maio, assim como toda nossa vida. Sejamos multiplicadores do branco que sugere a paz, a proximidade, a pureza; do azul que sugere o céu, a vivência do bem; do dourado, que nos lembra da nossa riqueza maior: Jesus Eucarístico.

Luisa Garbazza

(Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho – maio 2025)


sexta-feira, 4 de abril de 2025

"Ide ao encontro do Senhor!"

 


Sexta-feira, 14 de março do ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2025. Esse dia ficou marcado em nossa paróquia pela realização da Peregrinação Comunitária "Ide ao encontro do Senhor!", celebração significativa do ano santo do Jubileu da Esperança. Com a presença de um número expressivo de fiéis, oriundos das quatro paróquias de nossa cidade, reunimo-nos em frente à porta principal da Matriz, onde foram celebrados os ritos iniciais.

Era uma tarde de sol forte e causticante. As pessoas se aglomeravam aqui e ali, buscando alguma pontinha da sombra de alguma árvore. Muitos permaneceram sob os raios do sol. Naquele momento, não importavam os efeitos climáticos e sim o propósito de se aproximar um pouco mais de Deus, em vias de receber indulgências pelas culpas devidas por causa de nossos pecados. Padre Renato conduziu-nos, para que, tocados pelo Espírito Santo, pudéssemos participar da celebração com a fé renovada e com a certeza da misericórdia de Deus. Em seguida, convidou-nos para que fizéssemos a peregrinação até o interior da igreja, ao encontro do Senhor. Logo na entrada, cada um pôde fazer a persignação com a água benta, o que se deu em clima de calmaria e muita espiritualidade.

Já no interior da igreja, iniciaram-se as orações próprias do momento orante.  Tivemos a leitura do evangelho do dia, a contemplação eucarística, a reza do Rosário, o exercício da Via-Sacra e as orações pelas intenções do Papa. Foram mais de duas horas de oração, marcadas pelo silêncio interior e pela participação ativa nas atividades espirituais. Nem o cansaço, nem o calor extremo – principalmente no momento da Via-Sacra, em que foram desligados os ventiladores por causa das velas acesas -, nem o suor que escorria por nossos rostos e molhava-nos a roupa, nada fez com que desanimássemos, nos distraíssemos ou perdêssemos a fé.

Agradecemos a Deus por esses momentos sublimes de fé e sacrifício, que nos prepararam espiritualmente para receber as indulgências do ano santo do Jubileu da Esperança. Com o corpo cansado, talvez, mas com o coração pleno e a alma leve, recebemos a bênção de Deus, pelas mãos do Padre Renato, e encerramos nossa peregrinação. Para merecermos as indulgências, ainda vamos precisar da confissão, da comunhão eucarística e de um ato de misericórdia, o que faremos com muita seriedade e alegria.

Deus seja louvado!

Luisa Garbazza

Abril - 2025