sexta-feira, 5 de março de 2021

Gestos de amor

 



Meus queridos leitores, irmãos e irmãs em Cristo, estamos vivendo o tempo da Quaresma; um tempo propício para o recolhimento, para uma busca de nós mesmos, para uma maior aproximação com Deus, nosso Pai. A igreja se despe das flores e cores e se veste de roxo para simbolizar a sobriedade do tempo litúrgico. E nós também precisamos entrar nessa sintonia. Em comunhão com a Igreja, somos convidados a aproveitar esse momento para intensificar a realização de três práticas essenciais para nossa vida espiritual: jejum, caridade e oração. O jejum e a oração são ações individuais que nos ajudam a pensar a vida e a nos conectar com o Salvador; a caridade sempre envolve o outro, que pode ser um amigo, um desconhecido ou alguém da própria família. Durante a Celebração Eucarística, também somos convidados a praticar a caridade: é o momento de ofertar a Deus um pouco do que recebemos, para a manutenção da sua Igreja.

Outro dia, Missa das dezenove horas, na Igreja Matriz, saí, no momento do ofertório, para ajudar a coletar as ofertas. É uma função gratificante em que, por muitas vezes, recebemos de volta um olhar significativo, como se dissesse: “Vê!? Eu estou ajudando”. Na impossibilidade do sorriso, por causa da máscara, um leve aceno de cabeça traduz meu agradecimento. E sigo meu caminho. Próximo à última porta lateral, do lado de fora, por falta de lugares, alguns jovens. Quando me aproximei, vieram todos e, um a um, depositaram suas ofertas. Fiz o aceno, gesto limitado pelas condições e pelo momento. O que eu queria mesmo, porém, era demonstrar minha gratidão e falar-lhes a importância daquele gesto. É muito bom perceber a consciência jovem de trazer a oferta, de contribuir para o cuidado com as coisas de Deus. Depois desse dia, passei a observar: são muitos os jovens que não se contentam em aparecer diante do Senhor de mãos vazias.

 

Oferta do coração

Esse acontecimento fez-me lembrar de uma homilia do Padre Matheus Garbazza, SDN, direto da Paróquia Santa Cruz, em Alta Floresta – MT, que ouvi em outubro de 2020. Dizia ele que o ofertório é um momento de espiritualidade fortíssima, que, às vezes, deixamos passar, distraídos pelo canto e pelo silêncio do sacerdote.  No entanto precisamos participar e ofertar a Deus três coisas. A primeira, em comunhão com o celebrante, o ofertório do pão e do vinho, que se tornarão o Corpo e o Sangue de Jesus. A segunda, a oferta material, que cada um faz segundo as suas possibilidades. De modo especial, o dízimo, quando é o dia, ou a oferta espontânea que fazemos. É a hora de fazer a colheita, ofertar os frutos a Deus. E precisa ser acompanhada de espiritualidade, pois, assim como o pão e o vinho serão transformados no Corpo e Sangue de Jesus, nossa oferta será transformada em bem para a evangelização da comunidade. Precisa ser oferecida com essa intenção. A terceira, ainda mais importante que a segunda, é oferecermos a nossa vida. Enquanto o padre levanta a patena e o cálice, nós colocamos ali nossa vida, os frutos que colhemos durante a semana. Vamos dizer a Jesus o que pudemos fazer de bom, mas também nossos problemas, nossos limites, nossos defeitos. Nessa intenção, quando vemos, o ofertório fica pequeno, pois há muito a oferecer. E tudo isso para que nossa vida, entregue no altar de Deus, também seja transformada na vida de nosso Senhor. E encerrou a homilia pedindo para prestarmos atenção na oração final, que nos disse: “Possamos, ó Deus onipotente, saciar-nos do Pão celeste e inebriarmos do Vinho sagrado, para que sejamos transformados naquele que agora recebemos. Por Cristo Nosso Senhor”. Assim, ouvindo o Padre Matheus, intensifiquei minha espiritualidade e minha intenção de ofertar a Deus essas três coisas.

Nessa Quaresma, e sempre, possamos meditar sobre essas palavras e colocá-las em prática. Tenhamos o coração voltado para o outro, para suas necessidades, seus anseios, sua falta de oportunidade e, sempre que possível, estender nossa mão para acolher, para ajudar, para confortar. Também possamos sempre ter algo de material para ofertar ao Pai no momento do ofertório. E seja nossa vida pautada pelo amor, para chegarmos perante Deus e oferecer a Ele nossa vida, tudo que vivemos, sentimos e sofremos durante a semana.

luisagarbazza@hotmail.com

Luisa Garbazza

Jornal Paróquia

Março de 2021


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