quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Ventos a favor


Vivemos à mercê do tempo, esse senhor poderoso que se impõe, se transforma, se arrasta e nos arrasta junto dele. Hoje está frio, amanhã já esquenta; há dias de calor insuportável, no outro somos surpreendidos pela chuva ou por uma queda brusca de temperatura. No inverno, ainda temos a companhia extra dos ventos, que fazem e desfazem. Para suportar essas mudanças todas da natureza, sem sucumbir, o homem precisa se adaptar.
Assim também é nossa vida. Passamos por longos tempos de calmaria, mas também somos surpreendidos por ventanias, que nos arrastam aqui e ali. Hoje está tudo estabilizado, amanhã vem o vento do desemprego ou da doença e muda o rumo de nossos passos. Hoje estamos bem com todos, amanhã aparece o vento das desavenças, das conversas atravessadas, que vêm derrubando tudo, provocando rupturas na família, na comunidade, no trabalho, nos grupos nos quais relacionamos. Hoje seguimos ajudando na sociedade, na comunidade religiosa, amanhã podemos ser vítimas do vento do desentendimento, que pode nos enfraquecer. Hoje seguimos nosso caminho na certeza de que nada pode abalar a nossa fé, amanhã podemos ser vítimas do vento da incredulidade, que vem colocar à prova nossa crença em Deus Pai.
Nesses momentos de ventania, não há outra saída senão a confiança em Deus e a certeza de que, através de seu filho, Jesus Cristo, conseguiremos nos manter equilibrados, a despeito da força dos ventos. Jesus nos ensinou que basta ter fé. Ele nos deixou o exemplo da barca navegando em alto mar. Enquanto o vento estava favorável, foi fácil para os discípulos. Jesus estava dormindo, tranquilamente, no fundo da barca, e eles estavam confiantes. Bastou, porém, surgir o vento, que soprava cada vez mais forte levantando as ondas do mar, para ficarem apavorados, sem saber o que fazer. "Os discípulos achegaram-se a Jesus e o acordaram, dizendo: “Senhor, salva-nos, nós perecemos!”. E Jesus perguntou: “Por que este medo, gente de pouca fé?” Então, levantando-se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria." (Mt 8,25-26)
E por falar em tempos de ventania, agosto é o mês mais propício a ela. Junto com os ataques do vento natural, vivenciamos também, no dia a dia, as consequências dos ventos que atacam as famílias: vento do desamor, da falta de perdão, diálogo, ternura, oração, da violência doméstica, dos abusos sexuais e outros fatores que provocam destruição. Por isso mesmo, agosto é, também, o mês reservado para suplicarmos a Deus pelas vocações, inclusive a vocação familiar. É-nos lançada, ano a ano, a proposta da “Semana da família e da vida”. São encontros para oração, reflexão e celebrações em prol das famílias, a nossa e as do mundo inteiro. Em 2019, o tema dessa semana é “Família, tu és a esperança e a alegria”. Com o lema, “O óleo sobre as feridas”, somos levados a refletir sobre qual “óleo” está faltando à nossa família.
Assim, seja qual for a intensidade do vento que sopra em sua vida, caro leitor, e na vida de sua família, unamo-nos em oração. Há famílias que passam por pequenas brisas, mas o contrário também acontece, há aquelas ameaçadas por terríveis vendavais. Façamos a nossa parte. Lutemos pela conservação da calmaria. A oração é uma arma poderosa, pois, através dela, podemos sentir a presença de Deus mais forte em nosso meio.
Peçamos a Deus a graça de tempos favoráveis, de brisas, de sopro de vida. Só Ele pode nos orientar, indicando a direção certa para içarmos a vela da barca da vida e ainda suportarmos os reveses. Com Ele, teremos a certeza de que o vento soprará sempre a nosso favor, mesmo em dias de céu escuro e ventania.
Luisa Garbazza 
luisagarbazza@hotmail.com


Publicação do "Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho". 
Agosto de 2019

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