quarta-feira, 8 de maio de 2019

Alegria em Cristo Jesus


Nós, seres humanos, somos simples e complexos, imperfeitos, inacabados, necessitados uns dos outros para realizarmos uma tarefa que não é tão simples assim: viver. Na construção de nossa própria história, somos dotados de liberdade para escolher nossos caminhos e inteligência para realizar maravilhas. Como filhos e filhas de Deus, no entanto, temos necessidade de conservar o elo que nos mantém conectados com o Criador. É essa sintonia com Deus que nos faz capazes de dar passos seguros e confiantes, na certeza de que estamos amparados, acompanhados e que somos amados a despeito de quaisquer circunstâncias.
Por sermos seres inacabados, somos movidos a fé, a esperança, a sonhos e precisamos buscar algo novo a cada dia. Também é necessário estar em sintonia com o semelhante, nossos irmãos e irmãs de caminhada. É em comunidade que vamos crescer, ajudar a quem precisa, amadurecer nossa fé, professar nossa crença em Deus todo poderoso. Na busca por esse amadurecimento, caminhamos rumo à santidade. Dia após dia, ano após ano, a Igreja nos oferece oportunidades de vivenciarmos a trajetória do povo de Deus e do próprio Jesus através das festas litúrgicas. Recentemente passamos pela Quaresma, Semana das Dores, Semana Santa e Páscoa – ressurreição de Jesus, proposta de vida nova para cada filho e filha de Deus. São momentos de oração, penitência, jejum, abstinência, para culminar na alegria do Cristo ressuscitado; momentos que reforçam nossa fé e nos dão esperança para continuarmos a batalha da vida.
Neste ano, ao celebrar a Semana das Dores, reunimo-nos para meditar as dores de Maria na Igreja Matriz, sempre às 18 horas, encerrando com a Missa das 19 horas. Como coordenadora, procurava acolher a cada um que chegava. Revezamos nos momentos das leituras e das orações, para que haja participação de todos. No primeiro dia dessa semana, domingo, dia 14 de abril, refletíamos sobre a primeira dor de Maria: Profecia de Simeão. A igreja estava quase cheia. No primeiro banco, notei a presença de dois jovens, bem concentrados, atentos às orações. Aproximei-me, com o terço na mão, e perguntei se queriam rezar um mistério. A resposta foi-me surpreendente: ”Nós não sabemos rezar. Somos novos convertidos. Agora que estamos aprendendo a rezar a Ave-Maria.” Durante a rápida conversa, disseram que estavam frequentando a catequese. Em um misto de surpresa e contentamento, eu os acolhi e pedi que lessem o texto de contemplação dos mistérios, o que fizeram com alegria.
Esse acontecimento encheu-me o coração. Acolher aqueles jovens fez a diferença no meu dia, na minha oração, no meu modo de pensar. Por um instante, quis falar para a igreja toda, contar a novidade, como as mulheres ao contar que Jesus havia ressuscitado: com o coração cheio de alegria. Contive-me, no entanto, entendendo que aquela não seria a melhor hora para fazê-lo.
A alegria sentida, ao encontrar aqueles dois jovens, fez-me lembrar de uma passagem bíblica, às vezes tão difícil de entender: “Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”. (Lucas 15:7) Fiquei pensando que Jesus devia estar mais alegre com aqueles dois jovens, em cujos corações a fé católica começava a brotar, do que com a minha presença e a de tantos outros que estão a vida inteira na igreja. Os meus olhos se abriram, e já não havia nenhuma dúvida a respeito dessas palavras, pois a alegria transbordava também do meu coração.
Luisa Garbazza
Maio 2019
Jornal "Paróquia"

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