sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A barca da vida


“Todo o homem e mulher é uma missão, e esta é a razão pela qual se encontra a viver na terra”.
            Esse é um trecho da mensagem do Papa Francisco para o mês das missões 2018. São palavras significativas que nos levam a pensar sobre nossa missão como cristãos e como filhos e filhas de Deus. Como navegantes nesta grande barca da vida, todos somos responsáveis pelo bem estar uns dos outros. Para ficarmos em sintonia com o barqueiro, precisamos estar em sintonia com cada um dos tripulantes. É nossa missão zelarmos pelos que navegam conosco, mesmo que não estejam ao nosso lado.
            Com esse objetivo, em outubro, o mês das missões, tivemos um tríduo missionário: oportunidade de sair ao encontro daqueles que estão um pouco mais distantes. Um grupo de leigas e leigos da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, com a presença edificante da Irmã Joelita e dos seminaristas sacramentinos – Rafael, Rubens, José Marques, Michel e Antônio –, saímos para realizar visitas missionárias nas comunidades Nossa Senhora Aparecida, Santo Expedito e Santo Antônio. Durante os três dias de visitas, tivemos o apoio espiritual e a presença do Padre André e do Padre Márcio, que aproveitaram para visitar os doentes das referidas comunidades.
            O resultado dessa missão foi muito gratificante! Para mim – e para quase todos do grupo – foi a primeira experiência de missão. Nunca havia participado de nada parecido. No final, fizeram sentido as palavras do Papa Francisco, quando pede que sejamos “uma igreja em saída”. Às vezes ficamos tão ensimesmados em nós mesmos, ou protegidos pelas paredes das igrejas, que, quando saímos em missão, percebemos outra realidade, outra igreja, aquela que não vemos. E isso aumenta nossa responsabilidade nessa barca da vida. Há muitos escondidos nos porões da barca, sem perceber a luz do sol e a beleza das águas pelas quais navegamos.
            Saímos em grupos, armados de textos, orações, Bíblia, com o intuito de evangelizar, falar de Jesus. Entramos nas casas, conversamos, rezamos, abençoamos e fomos abençoados. Fomos muito bem recebidos por nossos irmãos, que ficaram surpresos ao ver católicos em missão. Fomos acolhidos igualmente pelos que professam outras crenças.
Mas, em alguns lugares em que entramos, o que mais fizemos foi ouvir. Encontramos pessoas carentes, necessitadas de alguém com quem pudessem dividir seus anseios, seus temores, suas dificuldades. Encontramos mães com o coração em pedaços, aflitas por não poderem ajudar seus filhos; mulheres desejosas de uma realidade mais amena; pessoas sozinhas, à espera de alguém para lhes fazer companhia; irmãos nossos lutando contra doenças. Encontramos olhares suplicantes, famílias com dificuldade de conviver umas com as outras. Assim percebemos a urgência do “amai-vos uns aos outros”.
Encerramos as visitas missionárias convictos de que foi apenas o começo: a missão não pode parar. Não podemos ficar nessa condição de cristãos acomodados. Há tantos precisando de nós! A barca é grande, e as tempestades são frequentes. O barqueiro conta conosco para atravessar o mar da vida. Todos temos algo a oferecer, não guardemos os dons que recebemos para nós apenas, em uma atitude egoísta e inconsequente.
Retomando as palavras do Papa Francisco, cada um de nós é chamado a refletir sobre esta realidade: «Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo».”
Luisa Garbazza

16-11-2018
Publicação do Jornal “PARÓQUIA”

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