A
história da humanidade sempre foi permeada de conflitos, de luta pelo poder, de
escravidão, de sofrimento e de peleja. Algumas épocas foram – e ainda são –
marcadas por disputas e guerras sangrentas. Na contramão da história, felizes
os que souberam – ou sabem – conservar o espírito em comunhão com Deus e manter
a paz para viver com um pouco mais de harmonia e ajudar a quem mais necessita.
Vivendo em uma era globalizada, é fácil
inteirar-se de tudo o que acontece mundo afora. Mas, infelizmente, dependemos
de uma mídia sensacionalista, que se prende mais aos acontecimentos trágicos do
que aos gestos humanizados e às gentilezas. Estampados nos jornais, televisão,
internet, os “donos do mundo” fazem e desfazem, mandam e desmandam. Em nome da
paz, declaram guerra e gastam milhões. O resultado é um rastro de destruição e
milhares de desamparados.
Paralelamente,
percebemos o drama de tantas pessoas que sofrem os maus tratos da injustiça e
da violência. Muitas vezes é difícil acreditar que muitos irmãos nossos vivem
em condições sub-humanas, sem moradia digna, sem comida decente, sem assistência
médica e sem escolas. Por outro lado, uma grande parte da população se desdobra
tentando conseguir o suficiente para uma vida menos indigna.
Isso
tudo acende uma revolta muito grande no povo. A alma torna-se irrequieta e o
desassossego toma conta. Não é fácil perceber a diferença social e conformar-se
com ela: uns com tantos, muitos com pouco e outros sem absolutamente nada. Esse
inconformismo leva muitos seres humanos a também praticar atos agressivos contra
o semelhante. Mas a violência não resolve o problema de ninguém. Somente com
muita fé em Deus conseguiremos, apesar de tudo, conservar a paz na alma e
perceber que a encontraremos nas coisas mais pequeninas e simples: um gesto, um
sorriso, um abraço.
Quando
a alma está em paz, temos condições de analisar as situações, buscar soluções
para algum problema, ajudar alguma pessoa muito necessitada. Temos a
consciência de que o pouco que fizermos fará a diferença na vida de alguém. Vamos
adquirindo sabedoria para perceber que a alegria e a felicidade dependem mais
da nossa maneira de ser e de agir do que das coisas que vamos acumulando e dos
bens materiais que possuímos. Assim sendo, o dia a dia fica mais ameno e vemos
tudo com bons olhos.
A
abertura da Campanha da Fraternidade, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom
Despacho, foi um desses momentos em que sentimos muita paz. Pudemos perceber a
paz nos jovens que se colocaram a serviço da Igreja e emprestaram sua alegria
para sensibilizar outros cristãos. Com a alma cheia de fé, absorvemos as
palavras do celebrante que nos conduziu a uma reflexão profunda sobre a palavra
de Deus em nossa vida. Foi imensa a paz
sentida no momento em que todos se abraçaram, confirmando que somos uma só
comunidade; na serenidade da criança pequena que correu pela igreja,
ligeiramente subiu os degraus, aproximou-se abraçando o sacerdote para
desejar-lhe a paz e saiu com um sorriso de contentamento nos lábios; no
semblante da senhora que, conduzida em sua cadeira de rodas, se aproximou do
altar para receber a Santa Eucaristia. Essa é a paz que vem de Deus e só ele pode
nos dar.
A
Campanha da Fraternidade 2015 nos lembra de que viemos para servir. Somos
responsáveis uns pelos outros como irmãos, como Igreja e como filhos de Deus.
Certamente, todos temos algo a fazer por nosso semelhante. Desse modo, se a
alma estiver em paz, será muito mais fácil enxergar o rosto de Jesus nos mais
necessitados e colocarmo-nos a serviço.
Luisa Garbazza
Artigo publicado no Jornal "PARÓQUIA"
Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Março de 2015
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