Por
muitas vezes, anos até, participamos da Santa Missa de forma automática, sem
nos aprofundarmos no sentido dessa cerimônia. Ficamos ali quase por obrigação e saímos incompletos, sem perceber o seu real valor. Mas quando conseguimos absorver a verdadeira
acepção dos momentos que passamos na casa de Deus e mergulhamos profundamente
no mistério revivido, a celebração ganha um novo significado. Já não há nem
preocupação com o tempo, que passa sem ser notado.
Chegando
à Igreja, vivenciamos a comunhão com o irmão. Sem preocupação com a cor, classe
social, grau de estudo, idade, vamos acolhendo uns aos outros e acomodando-nos
para nosso encontro com Deus. Aos poucos, vamos ficando rodeados de irmãos que
ali se encontram com a mesma fé, a mesma esperança e um só objetivo: glorificar
o nome de Jesus, filho de Deus.
Ainda
nesse clima de acolhida, acompanhamos a introdução, o canto de entrada e as
palavras do sacerdote, que nos convida a fazer o sinal da cruz – pois tudo ali
será realizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo – e acolhe-nos como
irmãos, filhos e filhas de Deus. Segue
um instante de recolhimento, silêncio interior, oportunidade de colocar nossas
misérias aos pés de Deus e pedir sua misericórdia antes de louvar e bendizer o
nome do Senhor. Então podemos colocar nossas intenções diante do Pai.
A
comunhão com a palavra de Deus acontece através das leituras e do salmo,
proclamados por nossos irmãos; do evangelho, proclamado pelo sacerdote; e da
homilia. O segredo é abrir o coração para perceber que é Jesus que nos fala, e
os ouvidos, para entender o que Ele tem a nos dizer nesse momento. Logo após,
reafirmamos nossa fé e dirigimos ao alto os pedidos da comunidade cristã.
Em
seguida, o momento de ofertar a Deus o que recebemos gratuitamente. Juntamente
com o canto, precisamos esvaziar nosso coração e oferecer tudo que temos e
somos. Colocamo-nos inteiramente diante do Pai pedindo que aceite nosso
sacrifício. Depois o sacerdote reza o prefácio e o povo canta afirmando que
Jesus é três vezes santo e que sua glória é proclamada no céu e na Terra.
Acreditar nisso e repetir essas palavras com sentimento proporciona-nos uma
grande proximidade com Deus.
Olhos
fixos no Senhor durante a consagração, quando o pão e o vinho se tornam
verdadeiramente o corpo e o sangue de Jesus. As mãos se encontram e os joelhos
se dobram em atitude de adoração. O coração sente que não está sozinho. A
presença de Deus é real na Eucaristia e no viver de cada pessoa que O aceita.
Olhos
fixos no Senhor durante a oração eucarística, quando rezamos pelos diversos
segmentos do povo de Deus: pela Igreja, pelos irmãos falecidos, por nossos
amigos e conhecidos, por alguém que pediu nossas orações.
No
instante da elevação do Sangue e Corpo de Cristo, ouvindo o sacerdote dizer que
a Ele pertence toda honra e toda glória, os olhos fixos no Senhor
transforma-nos e nosso coração transborda de amor. Esse amor nos leva a aceitar
o outro como irmão, acompanhá-lo na oração do “Pai-Nosso” e a querer abraçar
todos os que estão participando do mesmo mistério desejando a cada um aquela
paz que vem de Deus e inunda nossa existência. Em seguida ainda temos mais uma ocasião
de nos purificarmos pedindo a piedade e a paz ao Cordeiro de Deus.
Olhos
fixos no Senhor quando o sacerdote nos apresenta o Corpo de Deus e nos convida
a participar da Ceia Sagrada. Sabemos que não somos dignos, mas a misericórdia
divina nos acompanha nessa caminhada e uma única palavra é capaz de salvar-nos.
Logo
após, os irmãos reunidos vão ao encontro do Senhor e os olhos são mais fixos
ainda quando O recebemos e O comungamos. Como sacrários vivos, por alguns
instantes, tornamo-nos com Cristo um só Corpo e um só Espírito. Percebemos a
dimensão desse ato e sentimos Jesus em nós, mas não conseguimos explicar a
emoção. Como humanos não alcançamos a totalidade desse mistério, pois como
disse São João Maria Vianney: “Se
soubéssemos o que é a Santa Missa, morreríamos de amor”.
No
final, o padre nos abençoa e nos convida a continuar a caminhada na companhia
de Jesus vivendo a paz ensinada por Ele. Ainda repletos da graça de Deus,
saímos pensando como os discípulos de Emaús: “Não se nos abrasava o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos
explicava as escrituras?” (Lc 24,32)
Depois
desse tempo forte de experiência de Deus, voltamos para casa cada dia mais
ansiosos pela oportunidade de viver toda essa emoção outra vez. Assim fazemos
do dia a dia uma extensão do que vivemos durante a celebração: “Não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em
mim.” (Gl 2,20).
Luisa
Garbazza
Agosto de 2013
Publicação do Jornal "Paróquia"
Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Setembro de2013
Setembro de2013
Tomei a liberdade de registrar aqui o comentário de minha querida, Salomé:
ResponderExcluir"Sinto-me muito gratificada ao ler seus escritos. Você consegue escrever com uma simplicidade muito grande os acontecimentos diários da nossa vida, sejam eles grandes ou pequenos.À medida que vou lendo o que você coloca ali, no papel, vou me identificando com tudo, inclusive as sensações e emoções. Você consegue fazer isso, tamanha a força das suas palavras. Obrigada
Beijo."
Salomé