sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Justiça social – dever do cristão


          No princípio, Deus foi trazendo à existência cada elemento do universo, um a um, até completar a sua criação. Depois, criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança e abençoou-os. Sua obra era perfeita. Tudo se encontrava em harmonia. Deus deu, então, uma ordem ao homem e à mulher: “Sede fecundos, multiplicai-vos, povoai a terra, e submetei-a”. (Gên 1,28) A partir daí, o homem começou a viver em sociedade.
          Essa sociedade foi crescendo, e, na convivência, foram surgindo as diferenças. Por isso e pela desobediência a Deus, quebrou-se a harmonia dos primeiros tempos. O homem começou a ficar ambicioso e egoísta. Tentando restaurar a paz, o Criador enviou, através de Moisés, as “Tábuas da Lei”, ensinando ao homem a perfeita maneira de se relacionar. – Dá até para imaginar o encanto de uma sociedade em que todos observassem os preceitos dos dez mandamentos. – Contudo, levado pelo livre arbítrio, o homem não se contentou em viver daquela forma. Voltou a praticar todo tipo de barbaridades, prejudicando, humilhando, excluindo e matando os mais desfavorecidos ou os inimigos.
          Preocupado, Deus enviou – em vão – vários profetas para desviar o homem do caminho da iniquidade. Não foi o bastante. A humanidade continuou a trilhar o mesmo caminho. Nessas circunstâncias, Deus enviou seu próprio filho ao mundo para “fazer novas todas as coisas” e recuperar a unidade do seu povo. Jesus, o primogênito de Deus, veio “para que todos tenham vida plena” e plantou entre nós a semente do bem. Apesar de ter sido taxado de criminoso, ser crucificado e morto, deixou-nos como mandamento a melhor maneira de recuperar a igualdade, a fraternidade, enfim, a união. Ele ensinou-nos: “Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.” (João 13:34).
         Mais de dois mil anos se passaram e ainda estamos no mesmo caminho, enfrentando as mesmas dificuldades para se conseguir uma sociedade mais justa e menos desigual. Não podemos nos descuidar. É dever nosso, como cristãos, entrar nesse desafio. Para isso, Jesus deixou-nos muitos ensinamentos através de seus exemplos: a cura dos leprosos, devolvendo-os ao convívio social; quando diz ao cego: "Levanta-te e vem para o meio" com o objetivo não só de curá-lo, mas também de reinseri-lo na sociedade; na parábola do bom samaritano, que teve compaixão do desconhecido; nas bodas de Caná, com o auxílio de sua mãe, Maria; e muitos outros. Compete a nós, hoje, observar esses exemplos e os colocar em prática em prol dos irmãos.
          Seguindo os passos de Jesus, necessitamos entender que não basta apenas nos preparar espiritualmente, ir à missa todos os dias, não fazer nada de errado e rezar; – se bem que a oração, por ser o nosso combustível espiritual, é imprescindível. Devemos nos preocupar com o convívio social. Todos, sem exceção, merecem ser tratados como pessoas que são, e nunca como coisas. Estamos neste mundo em igualdade de condições perante Deus e somos responsáveis uns pelos outros.
          Nessa tarefa de olhar o mundo com os olhos de Jesus e batalhar por uma convivência mais humanizada, precisamos primeiro nos preparar, salvando-nos a nós mesmos, tornando-nos mais humildes, esquecendo o egoísmo e o orgulho. Depois, é o momento de dar testemunho de Cristo e procurar o irmão necessitado. Precisamos ajudar o outro a reconhecer-se como filho de Deus e aprender a cuidar de si mesmo. Igualmente ele tomará consciência de que também precisa ajudar alguém. Assim, pouco a pouco, seremos bastantes a almejar esse “mundo mais irmão” com o qual sonhamos. “Podemos, com nossas forças, nos opor a muitos males da sociedade atual. Mas não devemos nos esquecer de que a finalidade de nossas ações deve ser sempre o bem maior, e esse bem não termina em nós; ele nos supera, dirige-se para toda a comunidade humana e termina sempre em Deus. Não podemos excluir a referência cristã de nossas ações. Senão seremos apenas mais um na multidão.”
          Observando esses preceitos teremos condições de resgatar a dignidade de nossos irmãos esquecidos e sermos muitos com o mesmo ideal. Juntos, teremos mais valor e mais forças e poderemos dizer em uníssono: “Podes reinar, Senhor Jesus! Reina, Senhor, neste lugar!”
Luisa Garbazza

O trecho entre aspas, do penúltimo parágrafo, foi transcrito do artigo “A Santidade da Vida Cotidiana” – de autoria do seminarista Matheus Garbazza – e pode ser conferido no seguinte endereço:
http://obraspejulio.blogspot.com.br/2013/06/a-santidade-da-vida-cotidiana.html

Publicação do Jornal "PARÓQUIA"
Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Agosto de 2013

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