O poço é fundo:
profunda, a escuridão.
O tormento é medonho!
Em forma de sede,
desarma, aperta, sufoca,
limita a vida.
O poço é fundo.
A água se perde na escuridão.
Profunda é a sede
que gela, pesa, paralisa,
tolhe os sentidos.
O poço é fundo.
Não há corda.
A água, um brilho fosco,
regrado, tímido, fraco,
desfaz-se em fragilidade.
O poço é fundo.
O balde, inútil,
jaz no chão.
O fio de esperança,
já escasso,
seca, como água ao sol.
O poço é fundo:
a sede, severa.
No escuro do coração,
o estalo: a luz se fez.
A água jorra pura, cristalina.
Renova a vida.
O poço é fundo:
profunda, a abertura.
No tempo da graça,
o destino da água.
Certeira, vence a escuridão,
sacia a sede da alma.
O poço é fundo:
profundo, o amor.
Vem de Deus,
ecoa, penetra,
oferece a água da vida,
sem balde, sem corda, sem poço.
Luisa Garbazza
16-06-2024
Retiro Espiritual: "Junto ao poço de Jacó".