segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Deus é conosco

 


Setembro, Mês da Bíblia.  Como é bom, em sintonia com a Igreja, termos a oportunidade de nos familiarizarmos um pouco mais com a Palavra de Deus. Em 2022, a Igreja nos sugere a leitura do livro de Josué. Não apenas a leitura, mas o estudo, a meditação e a vivência do que ali nos é apresentado. O lema bíblico deste ano não poderia ser mais inspirador: “O Senhor, teu Deus, estará contigo por onde quer que vás” (JS 1,9). O coração se rejubila ao constatar que Deus está sempre ali, bem ao nosso lado, a guiar nossos passos pela jornada da vida.

Meditando a Palavra, vemos que Josué foi o sucessor de Moisés e teve a difícil missão de conduzir o povo de Deus à terra prometida. Tal qual Moisés, Josué também confiou na presença de Deus, que falou com eles e encheu o coração de cada um de fé e de coragem. Agindo como instrumento de Deus, Josué é liderança forte e segura; é o condutor do povo de Deus rumo a um ideal: a posse da terra prometida e a certeza da bênção de Deus. Nos momentos de medo e insegurança, próprios do ser humano, era a Deus que Josué recorria. E era obediente a tudo o que ouvia do Senhor. Josué é o guia, mas é Deus que conduz a história. Em todo o processo da conquista de Canaã, Deus se faz presente. Sempre que o povo saía vitorioso, celebrava e agradecia pelos benefícios recebidos.

A conquista da terra prometida é um projeto divino, mas, para alcançá-la, o povo deveria demonstrar sua total fidelidade a esse projeto e à aliança, vivida através da partilha, da fraternidade e da comunhão. Qualquer atitude ou gesto que ameaçasse essa aliança deveria ser arrancado pela raiz, para que a graça de Deus descesse novamente sobre eles. Diante das falhas do povo, Deus corrige, castiga, mas também abençoa e dá novo ânimo para continuar a caminhada.

Deus nos fala por meio de nossos irmãos

Muitas vezes, em nossa caminhada de cristãos, nós nos comportamos com insegurança, mesmo sabendo que a força vem do alto. E como é gratificante quando nos deparamos com pessoas, irmãos de fé, que estão disponíveis para acolher ao chamado de Deus e respondem com convicção, pois muitos são chamados, mas poucos aceitam. Um exemplo assim presenciei no final de agosto, no “I Encontro de despertar vocacional” em nossa paróquia.

Eram 24 jovens, meninos e meninas, de nossas comunidades. Foram momentos de oração, de formação, de alegria e descontração. Abordou-se o chamado à vida e as vocações: sacerdotal, religiosa consagrada, matrimonial e leiga. No final do encontro, falou-se em novos momentos de formação, espiritualidade e vivência da fé cristã com aquela turma. O desafio fora lançado. Fez-se então o pedido para que ficassem de pé os que aceitassem o chamado. Houve um quieto silêncio. Apenas um jovem se levantou. Quando ele olhou para os lados, sentindo-se só, abaixou a cabeça por um breve instante e fez menção de se sentar. Depois, permanecendo de pé, sustentou sua posição, de cabeça erguida, como se dissesse: “Eu aceito o chamado. Pode contar comigo”.

A atitude daquele menino serve de exemplo para cada um de nós. Nesse mundo agitado e desligado do sagrado em que vivemos, não é fácil mostrar-se disponível para Deus. Não é fácil colocar-se a serviço do Reino. Mas é necessário. “A messe é grande, e poucos são os operários.” – Palavras de Jesus que podemos ler no Evangelho de São Lucas. – É preciso acolher a voz do Senhor em nossos ouvidos: “Vem e segue-me”.  É preciso entender o chamado e seguir, sem medo do que iremos encontrar pela frente. Seja como consagrado ou como leigo, na Igreja há um lugar reservado para cada cristão.

Que o exemplo desse jovem, que não se envergonhou diante daquela assembleia, possa nos servir de estímulo para que sejamos capazes de encontrar nosso lugar na Igreja, nós que estamos a caminho da nova terra prometida: o céu. Com a certeza de que Deus está conosco por onde quer que andemos, procuremos dar passos ao encontro do outro e reafirmar nosso amor a Ele através da partilha, da fraternidade e do cuidado com a terra, presente de Deus para a humanidade.

luisagarbazza@hotmail.com

Crônica publicada no jornal "`Paróquia N. Sra. do Bom Despacho".

Setembro de 2022

 

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