Cristo veio ao mundo com uma missão específica:
trazer a sua boa nova e pedir que ela seja anunciada a toda criatura. A boa
nova por Ele apregoada tem como principal objetivo conscientizar as pessoas do
direito à vida plena que todo ser humano possui: “Eu vim para que todos tenham
vida e vida em abundância".
Mas o homem, ser imperfeito e com ideias egoístas,
às vezes se esquece dessas palavras do Mestre Jesus. Então a humanidade vai
sendo dividida de diversas maneiras, deixando milhões à margem da sociedade. A
Igreja Católica, imbuída do dever de propagar a boa nova de Cristo, está sempre
lutando contra atitudes que menosprezam o povo de Deus, qualquer que seja a
razão. O Papa Francisco, que responde atualmente pela Igreja, está sempre
pedindo que estejamos mais atentos ao irmão necessitado e sofredor, àquele
discriminado, que, às vezes, fica sem condições até mesmo de frequentar a
igreja. O papa pede uma “Igreja em saída”, que vai ao encontro do irmão e vê
nele o rosto de Cristo.
Uma das formas que muitas paróquias adotam para
atender a esse apelo do papa é o acolhimento das comunidades mais distantes com
a celebração da Santa Missa nas casas. Aqui, na Paróquia Nossa Senhora do Bom
Despacho, são várias as comunidades que têm esse privilégio. Por várias vezes,
tive a oportunidade de acompanhar essas celebrações. São momentos de
fraternidade e evangelização. A última de que participamos, o Flávio e eu, foi
no Bairro de Fátima, na casa da dona Marta, na recém-criada Comunidade dos
Pastorinhos, em referência a São Francisco e Santa Jacinta.
O ambiente para a celebração fora organizado na
varanda da casa, bem ao lado da calçada. Já havia um bom número de pessoas, que
se acomodaram nas cadeiras. Outras mais foram chegando e se ajeitando em pé,
aqui e ali, onde dava para se acomodar. Algumas ficaram do lado de fora,
paralelas ao muro que, por não ser tão alto, permitia a visão. Outras ainda
ficaram em frente ao portão, de onde dava para ver o altar. Uma menina anotava
os nomes para as intenções da Santa Missa. A equipe de canto, incluindo um
sanfoneiro, estava a postos. O padre no altar indicava: tudo pronto para a
celebração.
É aí que podemos perceber um verdadeiro milagre:
aquela pequena varanda, que foi acolhendo cada um que chegava, agigantou-se e
transformou-se em um belo templo. A pequena mesa, ornada com tanto carinho, é
agora um lindo altar, pronto para receber o “Corpo de Cristo”. O espaço
reduzido, forçando a proximidade das pessoas, fez-nos perceber o quanto somos
iguais perante Deus. Com simplicidade, participamos dos ritos iniciais e da
mesa da palavra, ouvimos a fala do Padre Mundinho, fizemos nossas preces e nos
recolhemos, ainda mais, para a oração eucarística. Não foi difícil sentir que,
naquele espaço ora sagrado, Jesus se fez presente e, com certeza, alegrou-se
com a presença de tantas pessoas professando a fé no Deus vivo e verdadeiro. No
final, um sorteio para ver qual família acolherá a comunidade em agosto, para a
próxima celebração.
Muitas são as impressões que ficam: a generosidade
de quem abre as portas de sua casa para acolher a comunidade; a beleza do
encontro; a gratuidade dos olhares que acolhem e dos sorrisos que aprovam a
presença; a mão estendida para cumprimentar quem chega; o companheirismo de
quem sede o lugar para os mais velhos se acomodarem; a proximidade com o
sacerdote, tão necessária ao pode carente de Deus; a confirmação da fé, nossa e
dos irmãos; a certeza de que estamos no caminho certo.
Deus seja louvado através dessa “Igreja em saída”
que se torna cada vez mais real em nossa paróquia.
Luisa Garbazza
Agosto de 2015
Publicação do jornal "Paróquia N. S. do Bom Despacho"