Prezado leitor, é sempre uma alegria esse nosso
encontro mensal. Preocupada com os desatinos do nosso tempo, ao me preparar
para escrever este artigo, lembrei o saudoso Padre Tiãozinho em uma reunião
preparatória para o Encontro de Casais com Cristo. Analisando a trajetória da
humanidade e os escândalos sociais da época, ele nos disse: “São os sinais dos
tempos. E ainda acontecerão tantas coisas que vocês nem imaginam”. Então,
quando fico sabendo de algo que me deixa estarrecida, essa frase me vem à
memória. Estamos vivendo, sim, tempos difíceis. Como se não bastasse a pandemia
da Covid 19, que dizimou tantos e enfraqueceu o mundo, a mídia está sempre
cheia de manchetes de guerras causadas pela ganância, pela ânsia do poder, pelas
injustiças, pelas divergências sociais e religiosas.
Diante desse caos, como cristãos que somos, não
podemos cruzar os braços. Precisamos dar a nossa contribuição – por pequena que
seja – para melhorar o mundo a nossa volta. Jesus conta com cada uma de nós: com
nossos pés, que caminham rumo ao outro; nossos braços que se põem a serviço;
nossa voz, que acolhe, que evangeliza, que canta louvores ao Senhor. É missão
de todos nós a construção de um mundo mais humano, mais fraterno, mais cheio de
Deus.
Nesse propósito de ajuda mútua, é de grande
valia pensarmos juntos, buscarmos o melhor caminho, traçarmos metas. No Brasil,
todo início de ano – mais precisamente no tempo da Quaresma –, somos convidados
a esse exercício de cidadania por meio da Campanha da Fraternidade. Em 2022, o lema,
retirado do capítulo 31 do livro de Provérbios, é bem sugestivo: “Fala com
sabedoria, ensina com amor”. Esse versículo vem nos ensinar a viver com mais
humanismo, a tentar mudar o mundo através da educação. Precisamos ensinar
nossas crianças a perceber que todos somos iguais perante Deus e, portanto,
assim deve ser também perante os homens. E não apenas as crianças, todos nós necessitamos
absorver essa máxima, vivê-la, ensiná-la. Todos juntos pela propagação dos
valores da fé. Precisamos educar para amar.
Diante de tudo isso, percebemos tão atual a
frase de Jesus: “Vigiai e orai” (Mt 26,41). Também os exemplos do Papa
Francisco, que acolhe a todos, vai ao encontro dos mais simples, fala, ajuda,
conduz e reza. Ouvimos muito seu pedido para que cultivemos uma vida de oração
pelos necessitados. E suplica que rezemos pela paz.
Assim também os exemplos do Padre Júlio Maria,
que nos deixou seu legado de fé madura, de seu amor incondicional a Jesus
Eucarístico e a Virgem Maria. Sua vida foi toda doada. Sem vaidades, doou seu
tempo, sua força, sua palavra. Com elevada generosidade, doou-nos sua sabedoria
por meio dos livros que publicou. Livros cuja essência foi cuidadosamente
captada pelo Padre Marcos Antônio Alencar Duarte, SDN, e copilada em um
breviário, recentemente editado. No “Breviário Julimariano”, encontramos
trechos de vários livros do Padre Júlio Maria, organizados em pequenos textos
com sugestão para uma leitura diária: um para cada dia do ano. São palavras de
estímulo e ensinamentos para nossa caminhada de fé. Ao nos oferecer um
acompanhamento nas sendas da vida cristã, esse pequeno tesouro muito nos
ajudará em nossa vida de oração, pois traz, a cada dia, pequenas doses da
espiritualidade julimariana,
Essa é nossa missão, meus queridos leitores: educar
para o amor, vigiar e orar. Ocupemos
nosso tempo em educar nossos pequenos. Mostremos a eles a arte de amar sem
medida: amar os pais, a família, o outro; amar a natureza, a comunidade, o
país. Ensinemos a eles as verdades do Mestre Jesus. Ensinemos a rezar, a ouvir
a voz de Deus por meio da Palavra e dos preceitos daqueles que estão mais
próximos do Pai. E, certos de sermos atendidos, supliquemos pela paz. Dai-nos,
Senhor, a vossa paz. Amém.
Luisa Garbazza
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