Bom Despacho, 8 de janeiro de 2022
Ao buscar conhecer seus passos,
deixei-me levar pela emoção nas páginas de seu “Diário Missionário”. Fiquei
imaginando a família formada pelo casal José e Sidônia, as dificuldades de sua
mãe e, ao mesmo tempo, a força que possuía para passar por tantas provações. Ainda
a saudade que sentia com a ausência dos filhos, mesmo sabendo que seguiam tão sublime
missão. Caminhei com o senhor em suas idas e vindas para concretizar o
propósito de servir, primeiramente como “irmão branco” – Irmão Optato Maria –
na África, até se tornar sacerdote da Congregação da Sagrada Família, na Europa,
para honra e glória de Deus.
Acompanhei em suas páginas, Padre
Júlio Maria, sua resignação, sua obediência e sua confiança ilimitada em Deus,
quando recebeu a notícia de que viajaria rumo ao desconhecido: o norte do Brasil.
Hora nenhuma percebi em suas palavras o desejo de pedir para ficar. Seu coração
generoso abraçou a missão, pois a alma missionária o impulsionava e não o
deixava esmorecer. Sei que a viagem foi difícil, repleta de provações, mas percebi,
em cada passo, seu latente desejo de ali chegar e colocar-se a serviço de todos
os necessitados.
Como foi grande, meu querido padre,
o legado construído na precariedade do norte do Brasil, em especial no Amapá. Em
seu “Diário Missionário”, encontrei mais do que um padre em missão, encontrei
um servo de Deus disposto a tudo pelo bem de seus filhos espirituais. Encontrei
um padre, um irmão, um pai, um catequista, um médico do corpo e da alma, um
homem forte que se punha a caminho, enfrentava os desafios da natureza e a ignorância
humana sem perder o foco, sem se desviar de seus objetivos. Ali deixou, entre
outras marcas, a Congregação das Filhas do Imaculado Coração de Maria. O senhor
fez um bem enorme àquele povo que, ainda hoje, traz seu nome gravado na história.
Padre Júlio Maria, como sou grata a
Deus e ao senhor por sua presença aqui nas Minas Gerais! Visitar Manhumirim e
ver de perto as obras que construiu, com a ajuda do povo sedento de Deus,
fez-me confirmar cada palavra – ouvida e lida – que já soubera a seu respeito. Fez-me
constatar o homem forte – de corpo, alma e espírito – que foi, a necessidade
que possuía de ajudar, contatada na construção do hospital, asilo, colégio,
patronato e do majestoso seminário, lugar de acolhida, de estudo, de
ensinamento para muitos jovens, sementes de vocação. Além das congregações dos “Missionários
de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento” e a das “Irmãs Sacramentinas de
Nossa Senhora”.
Sei, Padre Júlio Maria, que viu
muitos frutos do seu trabalho, mas também viu muitos sonhos ruírem. Imagino como
seu coração se entristecia nos momentos de incompreensão, de rivalidade, de pedras
nas mãos de quem o olhava com falta de fé. Mas sei também que conservou sua
confiança em Deus, trabalhou sem descanso e permaneceu firme em seu propósito
até o último suspiro.
Quero agradecê-lo, Padre Júlio
Maria, pelo exemplo de vida santa que nos deixou, pelo exemplo de fé madura e
incondicional, pelo amor profundo a Jesus Eucarístico e pela devoção, sem
reservas, a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Seu carisma
eucarístico-mariano modificou a vida de muita gente. E continua modificando. Inclusive
a minha. Desde que conheci sua história, e, especialmente, quando vi meu filho
seguindo suas pegadas, tornei-me sua devota. Hoje estamos rezando por sua beatificação.
Por tudo o que o senhor viveu, realizou e ensinou, temos certeza de sua
santidade. Por isso queremos vê-lo proclamado santo pela Igreja e aclamado
santo por todos os homens de boa vontade.
Querido padre Júlio Maria, servo de Deus, meu
coração se enche de gratidão pela oportunidade de senti-lo tão perto, por meio
de seus feitos e de seus filhos espirituais, os missionários sacramentinos. Meu
coração sacramentino, cheio de amor por Jesus e devoção filial a Nossa Senhora
do Santíssimo Sacramento, quer agradecê-lo por tudo que fez em favor de todos
nós. Obrigada, missionário! Daí, na glória de Deus, Interceda por nós, para que
possamos seguir fielmente seus passos de amor, sacrifício e fé.
Até um dia.
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