O tempo – curioso,
inexplicável, misterioso – divide-se em fases que nos permite a realização de
metas, de tomadas de consciência e de recomeços. A cada final de ano, somos
chamados a rever nossa caminhada para planejar a fase seguinte. Para isso,
precisamos de uma dose de coragem e outra de sonhos: sonhos, para não perder a
esperança de um tempo novo; coragem, para enfrentar obstáculos, derrubar barreiras
e ajudar na construção de um mundo mais fraterno.
Em se tratando de
rever a caminhada, este final de ano, especialmente, está sendo muito difícil.
Olhamos para trás e vislumbramos 2020 com tantas dificuldades enfrentadas por
todos, por causa da Covid 19. Ninguém ficou imune aos perigos e dissabores
provocados por esse vírus que invadiu o planeta. Tantos mortos! Tantos doentes!
Tantos sonhos desfeitos ou adiados! Tanta desilusão, desespero, solidão! E o
pior, perceber que essa realidade continua. Estamos chegando ao final do ano
ainda sem perspectivas. Por isso precisamos de uma dose extra de coragem. E
sonhos. Muitos sonhos para não perder a esperança na vida que continua, apesar
do futuro tão incerto.
Na Igreja, estamos
sempre em oração, confiando nosso futuro a Deus Pai. No final de novembro,
realizamos a novena em honra a Nossa Senhora das Graças. Durante nove dias,
juntamente às orações próprias da novena, rezamos, às 18 horas, na Igreja
Matriz, o “Terço da Esperança”. Nesses momentos de oração, invocamos Maria, mãe
da esperança, que nos ensina a esperar em Deus, a despeito de qualquer dor,
qualquer sofrimento. No seu silêncio, “Maria viveu a espera permeada de fé e
nos ensinou que o amor, por mais rejeitado que possa ser, jamais sucumbe, e que
a verdadeira revolução, que mudará este mundo, é a Revolução do amor”.
Aprendamos de Maria essa fé firme e inabalável naquele que é o Caminho, a
Verdade e a Vida: Jesus Cristo, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores.
Dose de esperança
Sentimos ainda a
esperança quando presenciamos a família reunida na igreja. Para mim, foi de
imensa ternura a presença de uma mãe, com suas duas filhas, participando da
novena, de terço na mão, enviando “rosas” a Maria. Uma delas, bebê ainda, não
tem ciência do que acontece à sua volta, mas está sendo formada pelo exemplo da
mãe; a outra, uma pequena menina, demonstra, através da vivacidade do olhar,
que já entende o que está acontecendo. E vai absorvendo as palavras, os gestos,
os cantos, com atenção e respeito.
Ao vivenciarmos
esses pequenos flagrantes da vida, sentimos aumentar em nós a certeza de que
Deus está conosco e nunca nos abandonará. Então vemos florescer, com novo
vigor, a esperança. Assim abriremos nosso coração para a chegada do Menino
Deus, que, neste ano, terá um significado diferente, pois esperamos também um
renascimento para a humanidade. Chegaremos, pois, ao final do ano com o desejo
imenso de que 2021 traga um novo sol, um novo brilho, uma vida nova para todos
nós, filhos e filhas de Deus.
Luisa Garbazza
luisagarbazza@hotmail.com
Publicação do Jornal Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
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