Ilustríssimo
Weverton Duarte Araújo, na pessoa do qual cumprimento os demais componentes da
mesa e os acadêmicos presentes.
Prezada
assembleia.
Meus
queridos familiares e amigos.
Boa
noite! ...
Para
falar de mim, preciso me lembrar da menina sonhadora que fui. Na pobreza em que
vivia, em casa não tínhamos livros, apenas as cartilhas da escola. Não me
esqueço do primeiro livro ilustrado que tive nas mãos. Era um livro enorme,
sobre a história do Brasil. A professora emprestou-me para levar para casa.
Encantada, passei o tempo todo lendo, mas, como era muito grande, não consegui
terminá-lo. Já na escola, pedi à professora para ficar na sala durante o
recreio para ler mais algumas páginas. Entreguei-o com grande pesar.
Então
fui apresentada à Biblioteca Municipal. Embrenhei-me nesse mundo fantástico da
Literatura de onde jamais saí. Ganhei muitos pares de asas nas linhas e versos
que lia.
Em
todos esses anos, li uma infinidade de livros, e textos, e poemas... e escrevi
muito. Pena que, como me sentia tão longe desse universo e achava que escritor
era alguém muito distante e diferente, não guardei quase nada do que escrevi. E
porque tudo acontece no tempo de Deus, só depois de tanto tempo me veio a
dádiva de sistematizar meus escritos e receber o predicativo de escritora. O
tempo, por ser de Deus, é sempre certo. Esse é o meu tempo. Só lamento não ter
tido a oportunidade de dividi-lo com minha maior incentivadora: minha mãe, dona
Maria da Conceição Garbazza, a quem, depois de Deus, devo tudo que construí na
vida. Quando estava editando meu primeiro livro, ela partiu serenamente para o
céu. O lançamento foi regado a muitas lágrimas.
E
aqui estou eu, com quatro livros de minha autoria e outros quatro de coautoria.
Apesar da idade, ainda sou aquela menina sonhadora e ainda me restam algumas
asas.
Quando
lancei meu segundo livro, fui convidada a ingressar nesta academia. Resolvi não
aceitar, por causa de minha irmã, a escritora e acadêmica Neiva Maria Garbaza,
que atravessava mais uma fase difícil, das tantas que enfrentou. Agora,
novamente convidada, aceitei, também por causa da Neiva, para não deixar que
seu nome seja esquecido, pois, falo com convicção, ela foi uma das melhores
escritoras que Bom Despacho já teve. Basta admirar sua obra e seus textos
publicados.
Neiva
é minha irmã caçula. Quando ela nasceu, eu acabara de completar sete anos. Eu a
ensinei a ler e escrever e ela tinha muito orgulho disso, tanto que fazia
questão de repetir isso de vez em quando e deixou registrado em algumas
crônicas que escreveu. Vivemos muita coisa juntas. Com sua inteligência
notável, Neiva tornou-se escritora muito antes de mim, mas, com confiança,
sempre me apresentava seus textos para revisar antes de publicá-los.
Por
questões financeiras, Neiva dedicou grande parte de sua vida fazendo trabalhos
acadêmicos, monografias e até tese de mestrado para outrem. Confirmando sua
sapiência, teve trabalhos premiados e textos publicados, inclusive em Cuba,
infelizmente em nome de terceiros. E assim não teve tempo de se dedicar mais à
carreira de escritora. Deixou-nos apenas uma obra, “Sonho de Liberdade”, mas
uma obra densa, bem escrita, digna de estudo, onde a escritora desnuda a alma e
nos faz pensar em fantasias, alegrias e dores, e nas antíteses que imperam na
vida de todo ser humano.
A
essa pessoa inteligentíssima, que sonhou tão alto, tão colorido, e as asperezas
da vida podou suas asas impedindo-a de voar; a essa ESCRITORA com todas as letras maiúsculas, Neiva Maria Garbaza,
dedico a cadeira 29 da Academia Bom-Despachense de Letras.
Sinto-me
agradecida pela oportunidade de aqui estar e quero demonstrar minha gratidão a
todos os presentes, às autoridades, aos acadêmicos, aos colegas que também
estão vivendo este momento e, de modo especial, aos meus filhos, Matheus e
Rafael sempre presentes, ao meu esposo Flávio e aos meus amigos e familiares
que merecem todo meu amor e carinho.
Como disse uma vez Neiva
Garbazza: “Sorria... E...
SONHE... SONHE COM A LIBERDADE. A vida começa aqui.”
Luisa Garbazza
9 de setembro de 2018
Discurso de posse na
Academia Bom-Despachense de Letras, em 21 de setembro de 2018
BRASÍLIA, 26-9-2018 - Parabéns, Luisa Garbazza, pela sua merecida eleição e posse em nossa Academia Bondespachense de Letras e, especialmente, pelo excelente discurso. Nossa Academia ficou mais rica e expressiva com sua presença e dos novos acadêmicos que assumiram seu merecido lugar ao sol de nossa literatura. Cordialmente.
ResponderExcluirJACINTO GUERRA
Obrigada, Jacinto!
ResponderExcluirGratidão pelas palavras de incentivo e por sua presença constante e significativa.
Parabéns,Luísa Garbazza!
ResponderExcluirEmocionante seu discurso! Um depoimento amoroso que nos leva a, mais e melhor, amar a VIDA...
Obrigada por ser assim!
Obrigada, Maria, por me encantar com suas palavras de incentivo.
ExcluirAbraço.