Em nossa passagem
por este mundo, há muito para se viver. Cada ser humano vive a seu jeito,
afinal o Criador nos dotou de livre arbítrio, quer dizer, somos livres para
fazer nossas escolhas. Uns vivem com euforia o tempo todo; outros, com calma e
delicadeza. Uns querem experimentar de
tudo; outros, comedidos, vivem resumidamente. Uns gastam a vida em festas e mil
maneiras de aumentar a autoestima; outros doam a própria vida em favor dos irmãos
em Cristo. Estes abandonam-se nas mãos de Deus e vão se santificando.
Foi assim que aconteceu
com o Papa João Paulo II, o papa de tantas gerações, que não se deixou
esmorecer com os reveses da vida e continuou sua missão até o último de seus
dias. Nem a tentativa de assassinato que sofreu, nem a doença, nem o cansaço da
idade o fizeram parar. Mesmo com o corpo deformado, o tremor nas mãos e a voz
comprometida, continuou a evangelizar e a enviar sua mensagem de esperança para
os cristãos de todo o mundo. Seu jeito humano e sua disponibilidade para ir ao
encontro dos filhos e filhas de Deus, até nos lugares mais longínquos, foi um
marco na história da Igreja Católica.
Foi assim com minha
santa mãe, Dona Maria Garbazza, uma mulher cheia de Deus, que também deixou sua
marca na vida de tanta gente. Dona Maria nasceu predestinada a viver uma vida
de provações e a se doar inteiramente. Primeiro para a família do próprio pai,
pois vivera com madrasta e ajudou a cuidar dos irmãos. Depois para o marido e
os dez filhos. Desde pequena, doou-se também para Deus. Participava das coisas
da Igreja e da espiritualidade de todos os que solicitavam sua presença para a
reza do terço, ou pedindo suas orações em favor de alguém. Também como
enfermeira, conselheira, parteira, em um indo e vindo sem fim. Com os filhos
criados, passou a ajudar na comunidade, na paróquia e nas Oficinas de Oração e
Vida. Enquanto deu conta de se locomover, saiu ao encontro do irmão
necessitado, levando sua ajuda, sua oração, sua companhia. Tal qual o Papa João
Paulo II, também teve o corpo deformado pela doença, mas não se entregou.
Apesar das dores terríveis que sentia, carregou a cruz até o fim e evangelizou
muita gente.
E foi assim com tantos
outros...
Atualmente, vejo o
Padre Jayme subindo as escadas do presbitério para celebrar: devagar, passo a
passo, amparado por braços solícitos dos dois lados. Apesar das limitações,
continua firme seu ministério. Olho para ele e deixo-me levar pelas
lembranças... Como me esquecer daquela menina tímida e assustada que se
aproximou do padre para se confessar pela primeira vez? Lá estava o Padre Jayme para me ouvir,
aconselhar e perdoar meus pecados. Foi ele também que me apresentou Jesus pela
primeira vez no dia da minha primeira comunhão. Na minha juventude, tive o
privilégio de conviver com ele no “Movimento Roda Viva”. Muito aprendi com suas
palestras, seus conselhos, seus ensinamentos, suas chamadas de atenção. E quando
me aproximei do altar, juntamente com o Flávio, para o Sacramento do
Matrimônio, foi de suas mãos que recebi as bênçãos de Deus. Igualmente quando
completamos 25 anos de casados.
Hoje já está quase
sem forças, mas sustenta a fé e o ministério que assumiu há tanto tempo. Quando
o vejo subindo ao altar, é com ternura e gratidão que o faço: gratidão por ter
representado Cristo em tantos momentos de minha história. Também sentimento de
respeito e admiração pela perseverança em celebrar o mistério de Cristo na
Santa Missa. A voz, já cansada, ganha força para proclamar a palavra de Deus.
Por tudo que já
viveu e continua vivendo, aplausos para esse homem que doa própria vida para
Deus, desde a mais tenra idade: Padre Jayme Lopes Cançado.
Luisa Garbazza
Jornal "Paróquia" - setembro de 2018
Cada ser humano aqui presente neste escrito revela, para mim, a esplêndida Face do Pai! Como este Papa nos encantou falando sobre o rosto divino do Homem e o rosto humano de Deus!...
ResponderExcluirObrigada, Luísa, pelo presente de cada palavra! Gratidão à sua Mãe por todo legado!... Gratidão ao Padre Jayme, cuja virtude em destaque é sua humildade!
Dá-nos, Senhor, continuar a missão a nós confiada!
São lições fáceis de aprender: basta abrir o coração. Não é, Maria Lúcia!
ExcluirObrigada pela sintonia.
Abraços fraternos.