Mês de julho é mês de férias, tempo de descanso das atividades escolares. Ao falar em férias, penso principalmente nas crianças, que, muitas vezes, ficam com grande parte do dia livre. A tendência moderna é aproveitar para passar um período maior diante das telinhas, das tendências virtuais e se esquecer do tempo e da vida real. Por isso, nesse período, as crianças necessitam de maior cuidado e atenção. Sabemos que, neste mundo dominado pela tecnologia, envolver as crianças e adolescentes em outras atividades nem sempre é tarefa simples, mas é necessária.
É fácil perceber a dificuldade das mães que precisam trabalhar fora nessa tarefa de cuidar dos filhos em tempo de férias. Por isso é admirável quando encontramos pessoas que se desdobram para oferecer uma alternativa saudável às crianças. Exemplo disso, podemos vivenciar em nossa paróquia, na Comunidade Sagrado Coração de Jesus, onde um grupo de leigos acolhem as crianças da catequese e coroinhas em um projeto muito interessante. Além de envolvê-las nas atividades da comunidade cristã, como catequese, novenas e missas, oferecem, todo sábado, uma tarde muito especial. Lá elas aprendem noção de higiene, são fortalecidas no aprendizado dos valores cristãos, de educação, de comportamento. Têm momento de leitura, de religiosidade, além de participarem de oficinas de artesanato. E ainda ajudam a preparar o alimento que elas mesmas vão comer. E isso não apenas em tempo de férias, e sim ao longo de todo o ano. Longe das redes sociais e das ruas, aquelas crianças estão crescendo “em sabedoria e graça”, valorizando mais a vida e as coisas sagradas.
Férias e frio
Ao falar em férias, lembro-me das férias geladas da minha infância. Morávamos à beira de um córrego o que tornava o frio ainda mais intenso. Nesse período sem aula, todas as manhãs, para suportar o frio, por causa da escassez de agasalho, a meninada ficava toda amontoada no entorno do fogão à lenha.
Certa manhã, ao sentir o desconforto dos filhos, minha mãe, santa e sábia, disse que ia preparar alguma coisa para comermos e nos esquentar. Ficamos todos ansiosos para saber que coisa seria. E perguntávamos a cada minuto. Ela então pediu que fôssemos para o quintal capinar, cuidar das plantas e esperá-la. Assim que estivesse pronto, ela nos levaria. Saímos todos para o quintal ensolarado. Uns com enxadas, outros com as mãos, tratamos de cuidar do quintal e das plantas. O tempo passou sem que notássemos. Assim como o frio.
Mais tarde, quando minha mãe chegou, trazendo algo de que não me lembro, oferecendo-nos aquele sorriso tão terno, ninguém mais estava com frio. Mas a presença, o agrado e o carinho materno, que aqueceram o frio do coração, tornaram aquela manhã muito especial.
Essas atitudes de amor deveriam ser rotina na vida de nossas crianças. Precisamos oferecer a elas o necessário para que cresçam com corpo e mente saudáveis. Urge fazer-lhes um pouco de companhia, oferecer a elas outras possibilidades e não deixá-las largadas à mercê dos eletrônicos. Elas precisam se sentir seguras. Para crescerem saudáveis, precisam ser amadas, cuidadas, levadas pelas mãos.
Luisa Garbazza
Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho
Julho de 2023
luisagarbazza@gmail.com
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