Ah! O tempo! Esse nosso irmão – como nos ensina São Francisco de Assis –, às vezes incompreensível, gosta de nos surpreender. Muitas vezes sentimos que o tempo passa depressa demais; outras, ficamos impacientes com sua demora. Ansiamos tanto por algum acontecimento que ficamos inquietos, contando dias, horas, minutos até. Mas, como sabemos que tudo acontece no tempo de Deus, temos maturidade para compreender e esperar a hora certa. E ainda para saber que essa hora talvez nem chegue. Um imprevisto ou outro pode zerar nosso tempo de espera.
Nessa corrida contra o tempo, ou a favor dele, chegamos ao mês de novembro, último do calendário litúrgico. Então vivemos o tempo de Ação de Graças: demonstrar nossa gratidão a Deus por todos os benefícios que Ele nos concedeu ao longo deste ano, por mais que tenha sido um ano tão difícil! Inclusive os benefícios que não pudemos compreender, pois sabemos que “Deus é bom o tempo todo”. Vivemos o tempo de tomada de consciência: O que me propus realizar durante este ano e o que, de fato, consegui colocar em prática? O que deu certo? Tive a oportunidade de ajudar alguém? Qual aprendizado fui capaz de absorver de tudo o que vivi? Isso sem nos esquecer de agradecer ao Pai cada conquista, cada alegria, cada flor que alegrou nosso caminho, como também os espinhos ou as pedras, que foram motivos de tropeço, de queda ou de mudança de rumo.
Tempo de esperança
O mais importante, no entanto, é fazer deste o tempo de esperança. Final de novembro, começaremos o “Advento”, tempo de preparar o coração para a chegada do Menino Jesus. Por isso urge renovarmos nossa esperança. Quando deixamos enfraquecer a esperança, a vida perde o brilho. Precisamos acreditar que tudo pode ser melhor se estivermos em sintonia com Deus. É isso que nos move como cristãos na caminhada para o céu. Precisamos acreditar e esperar, mesmo que seja algo simples, como aguardar ansiosamente o crescimento de uma plantinha nova.
Ao falar de esperança, lembro-me de minhas alunas de alfabetização. São todas senhoras, já com os filhos criados. Os reveses da vida impediram-nas de aprender no tempo devido. Mas, apesar de tudo, não desistiram. Conservaram a chama da esperança acesa no coração. Então, no tempo de agora, quando souberam do meu projeto, viram ali uma oportunidade de realizar o grande sonho de aprender a ler e escrever. Algumas sonham mais além: querem aprender a ler para se prepararem para receber os sacramentos da Eucaristia e Crisma. Sei que, no tempo certo, a graça vai acontecer.
Quanta ternura sinto por essas mulheres! Que alegria ao vê-las aprendendo a traçar as letras, bem traçadas – mania de professora exigente –, juntá-las em sílabas e formar as primeiras palavras. Sou grata a cada uma delas por embarcar comigo nesse sonho. E elevo a Deus meu cântico de ação de graças por me permitir realizar essas coisas enquanto ainda tenho tempo.
Assim, durante o mês de novembro, saibamos nos preparar, de alma e coração, para nos colocar diante de Deus no “Dia de Ação de Graças”. Possamos entregar a Ele tudo que trouxemos, tudo que vivemos ou deixamos de viver; colocar em suas mãos o nosso destino, o de nossa família, o de nossa nação. Aí será, então, o tempo de pedir paz e esperança para os tempos que hão de vir.
Luisa Garbazza
Jornal "Paróquia" N. Sra. do Bom Despacho - novembro 2022
Reflexão abençoada! Lembrei-me de Alice ( País das Maravilhas) "Quanto tempo dura o eterno? Às vezes apenas um segundo" Comecemos!!! Parabéns pela sensibilidade!!
ResponderExcluirGratidão pela sensibilidade de perceber tudo isso. Abraço.
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