Já num tempo bem distante,
no início da criação,
o Senhor, Deus do Universo,
deu vazão ao coração
e viu que tudo era bom
nas obras de sua mão.
Tudo feito em perfeição,
na mais singela harmonia,
ares, terra, céu e mar
convivendo em sintonia,
e, pra completar a obra,
o homem com a família.
À disposição do homem
tudo ali foi colocado,
e o convite então foi feito,
viver despreocupado,
mas tocar na macieira
era o único pecado.
Que tudo ali era bom
o homem viu realmente,
porém aquela alegria
mudou assim, de repente,
quando quis acreditar
na maldade da serpente.
Para o mundo foi jogado,
obrigado a trabalhar.
Buscava abrigo, alimento
pra família sustentar.
Sem paz vivia o tormento
sem ninguém pra lhe ajudar.
E a maldade da serpente
trouxe dor, desilusão.
O homem e semelhante
buscava dominação.
Começou, em toda a terra,
guerrilhas, destruição.
A vastidão desse mundo,
que Deus lhe deu de presente,
tornou-se tão dividida,
nas mãos de poucos somente,
e a reserva que é comum,
a disputa veemente.
Com a Era Industrial,
muito aqui foi destruído,
para assim realizar
novo mundo, evoluído.
Com a potência das máquinas
tornou-se o ar poluído.
Com cruel devastação,
sofre muito a natureza;
corta aqui, arranca ali,
age o homem com certeza,
e o meio, já devastado,
perde muito da beleza.
Vem o homem assolando,
mesmo na ilegalidade.
Destrói matas e florestas
faz da calma tempestade
pelo pouco que ainda resta
do ambiente “de verdade”.
Na busca por minerais,
matéria tão valiosa,
o homem revolve o solo,
de maneira imperiosa,
sem medir as consequências
da prática desastrosa.
Essa prática danosa,
de cuidado desprovida,
danifica o ambiente,
é risco pra qualquer vida,
porque deixa a terra infértil,
torna a água poluída.
Quando o ar se torna seco,
e seco se torna o chão,
veem-se tantas queimadas,
por crime ou por distração,
deixam rastros bem profundos
e entristece o coração.
Quando o fogo atinge a mata,
e tudo é devastado,
os animais indefesos
ficam todos acuados,
sem esperança ou auxílio
perecem extenuados.
Outros animais são mortos
vilmente, sem piedade,
tiram pele, roubam couro,
e outra preciosidade,
para assim alimentar
do homem a vaidade.
Alguns animais são vítimas
de homem sem coração,
que os recolhem, negociam,
praticando uma infração,
tristemente provocando
essa praga da extinção.
A humanidade cultiva,
na vida em sociedade,
tal ambição e poder,
que suscita ansiedade,
hoje tudo é descartável
e o novo, prioridade.
Nessa corrida maluca,
sempre por renovação,
o lixo granjeia espaço,
quase sem destinação,
e, quando mal descartado,
causa contaminação.
Olhando por toda parte,
aparece a hipocrisia
do homem destruidor,
que atua com teimosia,
e o mundo perde o vigor:
vem drama, vai poesia.
Vendo tal devastação,
algum homem hoje chora,
pois já quase nada é bom
contempla tudo e apavora,
“Pureza da criação!”
de agonia pede, implora.
Pensemos, pois, na tarefa
de real necessidade,
cuidar da mãe natureza,
com prazer, com hombridade,
para se ter a certeza
de feliz posteridade.
É urgente concebermos
valor da preservação
de tudo que nos foi dado
pelo Pai da criação.
A saúde do planeta:
é essa nossa missão.
Quero água cristalina,
que jorra pura, de graça,
para toda criatura
que o justo cuidado abraça,
e mata a sede do mundo
se não sofrer ameaça.
Para preservar a vida,
o verde tem importância,
traz mais saúde e alegria,
quanto maior a abundância.
Sejamos, pois, consciente:
o verde em primeira instância.
Da natureza sadia
temos total dependência.
Assim, pra preservação,
é preciso consciência,
pois quem conhece ama e cuida,
não age com negligência.
A harmonia com o meio
é nossa forte esperança,
vida simples, sem ganância,
na pureza da criança,
que ama, e sonha, e confia,
vive em plena temperança.
Nossa maior recompensa,
com total integração,
perceber que o ambiente
merece contemplação:
ver que tudo ainda é bom
nas obras da criação.
Luisa Garbazza
2022
Maravilhoso, Luísa!
ResponderExcluirAqui estou, colhendo com Você a bênção indizível deste talento que Deus lhe deu...
Muito maior que o reconhecimento que premia, creio eu, é a contemplação que extasia e eleva tantas almas, é o louvor singelo que brota na gente, é a fé e a esperança renovadas por este hino de que as obras da Criação venham a receber o apreço que lhes é devido etc... Beijos! Gratidão!
A gratidão é minha, amiga!
ResponderExcluirViva as almas sensíveis como a sua, que se importa, que compartilha a mesma ideia, que demonstra a sintonia.
Beijos.