Queridos leitores, que Deus é bom o tempo todo
todos nós já sabemos. É uma frase fácil de decorar, de repetir, de postar nas
redes sociais. O que não é tão fácil é acreditar e confiar em seus dizeres
quando estamos em situação de tristeza, de conflitos e desamor. Para nos animar
na caminhada, no entanto, Deus nos mostra a bondade no coração das pessoas,
aponta-nos os caminhos, oferece-nos possibilidades. Foi assim que se mostrou a
nós na Semana da Família, vivenciada no mês de agosto.
Era segunda-feira, dia 9 de agosto. Estávamos
reunidos, na Igreja Matriz, para o primeiro encontro da Semana da Família: “Famílias,
na escola de São José, lugar do amor e do despertar vocacional” – tema sugerido
pela diocese de Luz. Enquanto fazíamos os combinados, percebi a presença de
dois garotos um pouco mais afastados. Estavam sozinhos. Aproximei-me e
convidei-os para rezar conosco. Prontamente, responderam sim. Chamei-os para a
frente; pedi ajuda com as velas. Era a reza do terço pelas famílias. Foi um
momento gratificante. O brilho no olhar de cada um revelava a alegria de estar
sendo útil e da satisfação em participar daquele momento de oração.
Após o terço, em um breve momento de conversa,
pois a Missa estava prestes a começar, soube seus nomes – Ranihery e Pyettro –
e que participavam dos encontros de formação para coroinhas na Paróquia São
Vicente de Paulo. Convidei-os para voltarem nos outros dias. “Amanhã, acho
que não vou poder, mas quarta-feira eu venho.” – disse Ranihery. Na terça-feira,
no entanto, lá estavam eles, mais animados ainda, participando ativamente. E
nos outros dias também. Pude inclusive conhecer os pais, que participaram de um
dos encontros. Então? O que dizer dessa experiência? Deus estava presente no meio de nós através
daqueles pequenos, que se apresentaram de jeito simples e humilde, mas
demonstraram a certeza de que deveriam dizer sim ao chamado divino.
Presenciar esses momentos, vivê-los,
emocionar-me com eles, tudo isso fez-me relacioná-los ao “Mês da Bíblia” –
celebrado em setembro. Em 2021, somos convidados a refletir através da Carta de
São Paulo, dirigida aos Gálatas; e hoje, a nós. Paulo nos convida a assumir o
Evangelho em nossa vida. É responsabilidade nossa, como cristãos, absorver a
mensagem do Mestre Jesus e levá-la adiante. Jesus nos fala de amor e nos
convida a sentir amor, a viver o amor, a ser amor. Ser amor é ver no outro a
imagem de Cristo, sentir necessidade de cuidar do outro, seja quem for, venha
de onde vier. É sentir amor pelos empobrecidos, pelos que levam uma vida
desfavorecida. É sentir necessidade de ajudá-los a lutar por seus direitos, para
que possam alcançar a dignidade como ser humano. É apresentar-lhes Jesus,
aquele que deve ser o centro das nossas atenções.
É bem verdade que afirmar Jesus como Senhor,
nestes tempos difíceis em que vivemos, não é uma tarefa fácil. Mas na época de
São Paulo também não era. Eram considerados subversivos por apregoar o nome de
alguém que viveu à margem da sociedade e ensinou um jeito novo de viver, que
não condizia com os padrões vividos. Principalmente por abalar a autoridade dos
poderosos.
Hoje ainda encontramos muitos desafios e
obstáculos na missão de viver e anunciar o Evangelho. Mas é necessário
enfrentá-los. Como nos ensina São Paulo, “Não existe outro Evangelho além do
de Jesus”. Ele é o caminho. E nele precisamos seguir juntos, lado a lado,
de mãos dadas. É em Jesus que precisamos nos espelhar para conseguir olhar o
outro como irmão, convidá-lo para o nosso meio e entender que já não há
diferença entre nós, “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus.” (Gl
3,28d).
Entremos nesta caminhada de fé com a certeza de
que nunca estaremos sozinhos. Na caminhada da vida, seguindo o Mestre, há muito
o que ser feito uns pelos outros.
Luisa Garbazza
Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho
Setembro de 2021.
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