O mundo enfrenta uma pandemia devastadora. Estamos vivendo tempos
difíceis, diria até inimagináveis. Se, há alguns meses, alguém me dissesse que
isso iria acontecer, creio que teria dificuldade para assimilar tal ideia. Mas aconteceu.
De repente, o mundo estava em polvorosa; e a humanidade, assistindo à
destruição provocada por um vírus que acometeu algumas pessoas e foi sendo
disseminado a cada toque, a cada beijo, a cada abraço.
Por sentir a catástrofe iminente, as autoridades se mobilizaram. Não há
um antídoto, então anunciaram o meio de se conter a contaminação: o isolamento
social. As pessoas, principalmente os idosos, doentes e crianças, deveriam
permanecer em casa. Tudo que não fosse de primeira necessidade seria fechado.
Assim, fecharam-se as lojas, as papelarias, as sorveterias... Fecharam-se as
igrejas. Diante das circunstâncias, o Papa apoiou, os sacerdotes obedeceram. As
Missas seriam celebradas de forma privada, sem a presença do povo.
Nós, católicos, acostumados a participar da Santa Missa e receber Jesus
no Santíssimo Sacramento, ficamos desolados. Habituados à comunhão com o irmão
e à cultura do abraço, vimos tudo isso ser bloqueado. Não poderíamos nem mesmo
visitar o templo sagrado. Mesmo desolados, precisamos aceitar. Fazer a nossa
parte para vencer essa pandemia, evitando o contágio, também é dever do
cristão.
Os dias se sucediam de maneira lenta, silenciosa. O medo estava sendo
disseminado juntamente com o vírus. Os padres começaram a transmitir as Missas
pelas redes sociais para entrar em comunhão com os fiéis e valorizar a “Igreja”
que há em cada um de nós. E isso amenizou nossa carência. Mas a falta da
presença nas igrejas, da graça de receber Jesus na Eucaristia, tudo isso deixava
um vazio muito grande na alma. Ainda mais vendo se aproximar a Semana Santa,
ponto alto da nossa fé.
Na Semana das Dores, o Flávio e eu rezamos, também pelas redes sociais,
o “Terço das Sete Dores de Maria”. Através da interação das pessoas, percebemos
que foram momentos de muitas bênçãos. Jesus estava no meio de nós, fortalecendo
nosso espírito para suportarmos os reveses da vida. Encerramos a semana com um
convite inesperado: sábado, quatro de abril, o Padre Márcio solicita nossa
ajuda na equipe de Liturgia da Matriz, para ajudar na Semana Santa.
Fica conosco, Senhor!
Domingo de Ramos. Com os ramos nas mãos, saímos cedinho para a igreja.
Coração acelerado depois de tantos dias sem sair de casa. O ambiente estava
todo enfeitado para receber o Rei que estava chegando: Jesus Cristo. Uma
pequena equipe cuidara do espaço físico; outra cuidava agora da transmissão da
Missa e das leituras. Os sacerdotes cuidavam do sagrado. Em tudo guardando
certa distância um do outro, respeitando a exigência do momento.
Aquela hora foi por nós vivida com concentração e entusiasmo. Sem
dúvida, foi uma Missa especial em cada detalhe. Depois do Pai-Nosso, minha alma
entrou em completa sintonia com Deus. A emoção foi tomando conta. Ao partir do
Pão, a certeza da presença de Jesus entre nós. Quando o Padre elevou a Hóstia
consagrada, dizendo “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, senti
uma onda de calor envolvendo meu corpo. E ao me aproximar do altar para receber
a comunhão, os olhos denunciaram os sentimentos. Ao tocar Jesus, as lágrimas
escorreram por minhas faces. Chorei de alegria ao sentir o coração aquecido e lembrei-me
dos discípulos de Emaús quando disseram: “Não estava ardendo o nosso coração quando
Ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?”. (Lc 24,32) Chorei
ao perceber que de Jesus não precisamos guardar distância. Chorei agradecida a
Deus por ter nos permitido viver esses momentos.
Durante toda a Semana Santa, o Flávio e eu ajudamos nas celebrações e
fizemos um momento de oração e reflexão na Rádio Nova Veredas. Em todos esses
momentos, rezamos muito. Rezamos por nós e pela humanidade inteira. Rezamos
principalmente pelos que tanto desejavam e não puderam estar presentes. Que
Deus tenha misericórdia, e não demore o dia em que estaremos todos juntos, em
nome de Jesus. Enquanto isso, alimentemos a esperança e a certeza de que, onde
quer que estejamos, “Ele está no meio de nós”.
Luisa
Garbazza
Jornal Paróquia - maio de 2020
Obrigada, Luisa, por compartilhar conosco sua alma! Sentimos a alegria dos discípulos de Emaus em nós revivida! Sim! Ele está no meio de nós! E oramos com todos os irmãos:"Fica conosco, Senhor!"...
ResponderExcluirFeliz com seu comentário, Maria Lúcia!
ResponderExcluirDeus lhe pague.