O amor de Deus é o
de mais sublime e grandioso que existe, algo que sequer podemos imaginar. Deus
é o amor por excelência. Como filhos que somos, sempre recebemos o amor de
Deus, mas é em tempos de crise que o experimentamos mais efetivamente. Podemos senti-lo
de maneira extraordinária. É algo que nos toca profundamente, como se nos
encharcasse por inteiro, como se nos inundasse em sua graça. Isso pode ser
sentido graças à força do Espírito Santo sobre nós.
É por esse amor
imensurável, testemunhado entre nós por Jesus Cristo, que muitos se põem a
caminho, ou ficam à disposição para ajudar no projeto do Pai: vida em plenitude
para todos. Em qualquer trabalho que estivermos executando, no sentido do bem
comum, precisamos ter a certeza da presença do Espírito Santo a nos guiar os
passos, a orientar nossas atitudes e palavras. Ledo engano pensar que sabemos o
bastante e que conseguimos agir com confiança por nossos próprios impulsos. É
sempre o Espírito Santo que nos conduz.
De vez em quando, em
nossa vida de leigos atuantes, somos surpreendidos por algum acontecimento que
vem reforçar a certeza de que somos instrumentos nas mãos de Deus, como este
que partilho com o leitor:
No segundo domingo
do mês de março, também o segundo domingo da Quaresma, cheguei à Igreja Matriz
para ajudar na celebração. Logo chegou também a salmista, muito preocupada,
pois o senhor que ia tocar para acompanhá-la não estava se sentindo bem, talvez
nem conseguisse permanecer na igreja. Conversamos e disse a ela que não se preocupasse.
Tudo daria certo, com a graça de Deus. Ela concordou, mas, aparentemente, não
conseguiu vencer a preocupação de cantar sem acompanhamento.
Confiantes na graça
de Deus, começamos a celebração. O canto de entrada encheu o ambiente
lindamente, voz e melodia. O mesmo com o Ato Penitencial. Parece que tudo ia
bem. Quando iniciou a Liturgia da Palavra, no entanto, vimos o músico sair pela
sacristia. No momento do Salmo, ao se aproximar do ambão, a salmista sussurrou-me,
ansiosa, dizendo que iria cantar sozinha: o tocador fora mesmo embora.
Então, a graça veio.
Ela cantou o refrão e todos responderam. No momento em que iniciou a estrofe,
houve um profundo silêncio na igreja. Só se ouvia a sua voz. Todos absortos nas
palavras que saíam de sua boca, proclamando a grandeza de Deus e pedindo: “No Senhor nós esperamos confiantes, porque
ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da
mesma forma que em vós nós esperamos!” (Sl - 32/33).
Depois apareceu
outro tocador e acompanhou-a nas outras músicas. A voz melodiosa que encheu o
silêncio, porém, foi o exemplo da graça de Deus naquele dia. Fato que nos
mostrou que o Senhor escolhe as coisas mais simples, os momentos mais singelos
para manifestar sua presença e mostrar sua força.
Assim, irmãos em
Cristo, precisamos nos conscientizar, cada vez mais, de que somos meros
instrumentos nas mãos de Deus, Pai Misericordioso. Ele não escolhe ricos e
poderosos, honras e banquetes. Escolhe, sim, os humildes, os puros de coração.
Em tudo que fizermos para o Pai, em nome de Cristo, na Unidade do Espírito
Santo, deve ser feito de maneira simples e humilde, segundo a sua vontade. Dizendo
isso, lembro-me das palavras que ouvi, há tempos, do Padre Geraldo Mayrink,
SDN, sobre uma ordenação diaconal da qual ambos participamos: “Estava muito
bonita! Tudo muito simples e humilde. E isso é muito bom. Quanto mais simples,
mais Jesus Cristo aparece”.
Luisa Garbazza
Abril de 2020
Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho
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