"Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da
terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste
aos pequenos." (Mateus 11:25)
Outro
dia, eu havia acabado de ler essas palavras de Jesus, quando ouvi algumas
pessoas – católicas – comentando sobre a Missa. Entre uma palavra e outra,
alguém disse que não ia à Missa, pois era muito repetitiva. “Todo dia a mesma
coisa. Até o Evangelho é repetido.” Fiquei a pensar o quão ignorante somos
quando se trata das coisas de Deus. A Missa é mesmo repetitiva. Já ouvimos o
Evangelho várias vezes e ainda não conhecemos a verdade do Mestre Jesus. Ele
vai nos concedendo gotas de entendimento. Cada vez que ouvimos – ou lemos –
suas palavras, nossos olhos se abrem para esse ou aquele ponto que estamos
preparados para entender.
Um
ensinamento de Jesus que precisamos muito compreender melhor é o das mãos
estendidas. O mundo precisa muito de braços e mãos estendidas para ajudar o
irmão necessitado. Aliás, somos todos carentes, miseráveis criaturas de
passagem por esse mundo às vezes tão desumano. Somos necessitados uns dos
outros. Aprendamos então a lição das mãos estendidas, ensinada várias vezes por
Jesus.
Ao
olhar para nós mesmos e para o irmão, percebemos claramente os instantes da
vida em que precisamos de ajuda. A criança indefesa, frente ao mundo
desconhecido, precisa das mãos de alguém para ajudá-la a dar os primeiros
passos, a aprender as primeiras lições de vida, a conhecer o Pai e a Mãe do
céu. E há muitas crianças desamparadas, sem ninguém que lhe sirva de amparo, de
sustentáculo. Percebemos a urgência em seu olhar: o olhar inocente revela a
graça divina; o olhar carente revela a fragilidade humana; o olhar suplicante
revela a insensibilidade das pessoas.
E
assim, pela vida toda. Também estão esperando mãos estendidas o jovem
desorientado perante a vida, sem rumo, sem discernimento, querendo
desesperadamente se afirmar como cidadão. O jovem que muitas vezes, diante das
cobranças da sociedade, vê-se desanimado, sem perspectiva e se entrega aos
prazeres momentâneos que, não raro, deixa consequências. Algumas, irreversíveis,
compromete toda sua existência.
Muitas
famílias estão perdidas entre as verdades cristãs e aquilo que a sociedade
laica mostra como verdadeiro e nos é imposto através da mídia. Estão precisando
de braços estendidos, de mãos que auxiliam, de presença, de uma voz que
proclama a verdade absoluta, a que aprendemos na Santa Missa através da palavra
de Deus. Da mesma forma, encontramos pessoas idosas, que já não conseguem dar os
passos sozinhas. Ficam ali, paradas, olhar distante, alheias ao turbilhão de
acontecimentos que movem o mundo. Precisam de uma mão caridosa para ampará-las,
para mostrar-lhes seu valor como ser humano, como filhos e filhas de Deus.
São
muitas as lições. Ainda temos muito a aprender. As coisas de Deus nos são
reveladas aos poucos. Se precisamos ir à Missa todos os domingos? Claro que
precisamos. Mais que ir à Missa, procurar aprender alguma coisa. Não terá
valido a pena se sairmos da igreja sem absorver, uma gota que seja, da palavra
de Deus que nos foi dita através das leituras e da fala do sacerdote. Quando
estamos preparados, Ele nos abre os olhos para ver suas maravilhas. A Missa é
repetitiva sim. E continuará a ser repetida até que todos os seres humanos, sem
exceção, tenham aprendido os ensinamentos de Jesus e os colocado em prática.
Como nos diz o poeta: “A lição sabemos de
cor. Só nos resta aprender.”
Luisa Garbazza
Publicação do jornal "A Paróquia" - agosto de 2018
Paróquia N. Sra. do Bom Despacho
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