Em comunhão com toda a
Igreja do Brasil, estamos vivenciando a Campanha da Fraternidade 2020, que nos
trouxe um tema tão necessário em nossos dias: Fraternidade e vida: dom e
compromisso. Reconhecer a vida como dom de Deus é o primeiro passo para que possamos
respeitá-la em sua totalidade. Nesse intuito, precisamos aprender a respeitar a
nós mesmos, a todos os que cruzam o nosso caminho e à Mãe Terra com toda a sua
diversidade.
Com a finalidade de
conhecer melhor os objetivos dessa campanha, nós, da Paróquia Nossa Senhora do
Bom Despacho, estivemos reunidos no dia quinze de fevereiro. Ali, inspirados
pela parábola do bom samaritano (Lc, 10,25-37), tivemos a oportunidade de
perceber melhor nossa missão de filhos e filhas de Deus. Compreendemos que a
vida é um dom recebido gratuitamente e, justamente por isso, temos o dever de
vivê-la com responsabilidade. Precisamos ser sempre um samaritano na vida de
alguém, pois, vez ou outra, também carecemos da ajuda de um.
Isso tudo parece ser tão
lógico! São os ensinamentos de Cristo, aprendidos na infância, que devemos
levar pela vida toda. Mas, infelizmente, nem sempre isso acontece. Estamos
vivendo uma era de distanciamento. Valoriza-se muito o virtual. Muitos são os
que se conectam aos celulares, alheios a tudo que acontece a sua volta. E ai de
quem vier interferir naqueles momentos de ilusória conexão.
Falta de compaixão
Durante uma viagem em
família, tivemos o desprazer de presenciar uma cena dessas. Bem próximo a nós,
aproveitando o sol da manhã, um casal e um filhinho de uns três anos. O pai
sentado de um lado, a mãe do outro. Ambos de cabeça baixa, desligados do mundo,
hipnotizados pelas telinhas dos celulares. O menino estava inquieto. Andava
aqui e ali, e não encontrava seu lugar. Pegava um brinquedo, mas não queria
brincar sozinho. Aproximava-se do pai e, em vão, tentava ganhar-lhe a atenção.
Passava do outro lado e a cena se repetia com a mãe. Pareciam nem ter
consciência da presença do filho. Em um momento de desespero, como uma súplica
ao pai, o menino se aproximou, pegou um punhado de areia e levou-o à boca. Numa
fração de segundos, agindo por reflexos, sem nenhuma compaixão, o pai levou a
mão e deu um sonoro tapa na criança, que, no mesmo instante, soltou o choro. O
pai retomou a consciência, tomou o filho no colo e acalentou-o para que parasse
de chorar. A mãe, que assistia passivamente à cena, abriu automaticamente a
bolsa, lançou mão de um terceiro celular. Colocou o menino na cadeira e
entregou-lhe o aparelho. A visão tornou-se mais triste ainda: os três juntos,
mas, ao mesmo tempo, tão distantes. E assim continuaram por um longo tempo.
Essas lembranças nos
ajudam a entender o sentido desta Campanha da Fraternidade. O lema "Viu,
sentiu compaixão e cuidou dele" (Lc 10,33-34) é a proposta de vida para
cada um de nós. Temos o compromisso de cuidar da vida. E isso implica viver em
fraternidade, cuidar uns dos outros atentos às necessidades de cada um.
Igualmente respeitar os animais e a natureza, criaturas de Deus.
Essa crônica é também um
convite a todos nós, para que nos deixemos sensibilizar por essa campanha e nos
comprometamos a ajudar os irmãos necessitados. Todos somos filhos de Deus, e
Ele não deu privilégios a nenhum de nós. Ninguém tem o direito de viver bem em
detrimento a tantos que sofrem. Caminhemos juntos.
Luisa Garbazza
Jornal Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Fevereiro de 2020
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