Vejo a primavera como a estação da esperança. As
plantas se despem no outono, descansam no inverno e renascem na primavera,
cheias de viço, vigor renovado, prontas para embelezar a terra. Trazem de volta
muito verde e outras cores que, em uma divina aquarela, compõem tão belo
cenário.
A primavera é tida como a estação das flores. É
nesse período que as plantas florescem com mais força, mais intensidade. Em
qualquer cantinho onde há terra, pode brotar uma florzinha, tamanha a
generosidade da natureza. Porém, nas outras estações, apesar do vento, do sol
intenso ou da secura da terra, podemos ter flores em nossas casas. Basta que,
para isso, dispensemos cuidados às plantas: afofar a terra, colocar
fertilizante, regar são ações que as fortalecem e ajudam-nas a florescer. Desse
modo podemos usufruir da beleza das flores durante o ano todo.
Assim também em nossa vida. Mesmo cultivando a
alegria de viver, passamos por períodos de rigorosos invernos, de tempestades,
de ventos agoniantes, ou ainda, tempos de secura interior. Se nos deixarmos
abater, a vida será muito triste, e os obstáculos, cada vez mais difíceis de se
transpor. Por isso precisamos cuidar de nós mesmos. Precisamos estar preparados
para as intempéries. Rezar, cultivar a alegria, o amor, a fé em Deus. Entregar
a direção de nossos passos ao grande Mestre Jesus. Dessa forma não precisaremos
esperar a primavera da vida para nos alegrar com as flores. Podemos, sim,
apesar dos reveses, inevitáveis em nossa caminhada, encontrar motivos para nos
encher de alegria e dar graças ao Criador pelo dom da vida, nossa e dos que
conosco convivem.
Da mesma forma, nossa caminhada de fé, acompanhando
as celebrações da Santa Igreja. As festividades litúrgicas são divididas em
ciclos, que se repetem ano após ano. É uma maneira bem didática de se
distribuir as festas religiosas, relembrando a longa caminhada do povo de Deus. Começamos o ano litúrgico com o Tempo do Advento,
preparando-nos para celebrar o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Depois do
Tempo do Natal, respiramos, em alguns dias de Tempo Comum, preparando-nos para
vivermos o Tempo da Quaresma. Celebramos a Paixão e Morte de Cristo e vivemos a
alegria da sua ressurreição no Tempo Pascal. Depois passamos um longo período sem
festas nem celebrações especiais: o Tempo Comum.
Precisamos, pois, aproveitar o tempo das festas
litúrgicas para nos prepararmos para o Tempo Comum. Precisamos abastecer o
espírito para as ocasiões de escassez. Estejamos atentos, cuidemos para não
cairmos no desânimo. Nossa vida de fé também precisa de um tempo para recuperar
as forças, para amadurecer o que foi aprendido, para celebrar com mais entusiasmo
o próximo ciclo.
Sigamos o caminho das flores. Não nos afastemos,
portanto. Caminhemos com fé e esperança. Assim como as flores, precisamos
cuidar de nossa vida de fé o ano todo – cultivar o amor, colocar o adubo da fé,
regar com os dons do Santo Espírito, acrescentar sentimentos de alegria e
fraternidade. Assim teremos um ano inteiro de festa, dando glória a Deus pelo
dom da vida e pelo privilégio de fazer parte desse maravilhoso jardim onde
floresce a vivência dos ensinamentos de Cristo: a Igreja Católica.
Luisa
Garbazza
Publicação do jornal "Paróquia N. Sra. do Bom Despacho.
Outubro de 2019
Muito feliz seu texto, como sempre, nos trazendo o presente de sua amorosidade contínua que divide com os irmãos tudo o que sua alma capta capta do Pai!
ResponderExcluirObrigada!
Fico muito feliz com sua sensibilidade de perceber a docilidade do texto.
ResponderExcluirObrigada, Maria Lúcia!
Abraço.