Vivemos à mercê do tempo, esse senhor poderoso que
se impõe, se transforma, se arrasta e nos arrasta junto dele. Hoje está frio,
amanhã já esquenta; há dias de calor insuportável, no outro somos surpreendidos
pela chuva ou por uma queda brusca de temperatura. No inverno, ainda temos a
companhia extra dos ventos, que fazem e desfazem. Para suportar essas mudanças
todas da natureza, sem sucumbir, o homem precisa se adaptar.
Assim também é nossa vida. Passamos por longos
tempos de calmaria, mas também somos surpreendidos por ventanias, que nos
arrastam aqui e ali. Hoje está tudo estabilizado, amanhã vem o vento do
desemprego ou da doença e muda o rumo de nossos passos. Hoje estamos bem com
todos, amanhã aparece o vento das desavenças, das conversas atravessadas, que
vêm derrubando tudo, provocando rupturas na família, na comunidade, no
trabalho, nos grupos nos quais relacionamos. Hoje seguimos ajudando na
sociedade, na comunidade religiosa, amanhã podemos ser vítimas do vento do
desentendimento, que pode nos enfraquecer. Hoje seguimos nosso caminho na
certeza de que nada pode abalar a nossa fé, amanhã podemos ser vítimas do vento
da incredulidade, que vem colocar à prova nossa crença em Deus Pai.
Nesses momentos de ventania, não há outra saída
senão a confiança em Deus e a certeza de que, através de seu filho, Jesus Cristo,
conseguiremos nos manter equilibrados, a despeito da força dos ventos. Jesus nos
ensinou que basta ter fé. Ele nos deixou o exemplo da barca navegando em alto
mar. Enquanto o vento estava favorável, foi fácil para os discípulos. Jesus
estava dormindo, tranquilamente, no fundo da barca, e eles estavam confiantes.
Bastou, porém, surgir o vento, que soprava cada vez mais forte levantando as
ondas do mar, para ficarem apavorados, sem saber o que fazer. "Os discípulos achegaram-se a Jesus e o
acordaram, dizendo: “Senhor, salva-nos, nós perecemos!”. E Jesus perguntou:
“Por que este medo, gente de pouca fé?” Então, levantando-se, deu ordens aos
ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria." (Mt 8,25-26)
E por falar em tempos de ventania, agosto é o mês
mais propício a ela. Junto com os ataques do vento natural, vivenciamos também,
no dia a dia, as consequências dos ventos que atacam as famílias: vento do
desamor, da falta de perdão, diálogo, ternura, oração, da violência doméstica,
dos abusos sexuais e outros fatores que provocam destruição. Por isso mesmo, agosto
é, também, o mês reservado para suplicarmos a Deus pelas vocações, inclusive a
vocação familiar. É-nos lançada, ano a ano, a proposta da “Semana da família e
da vida”. São encontros para oração, reflexão e celebrações em prol das
famílias, a nossa e as do mundo inteiro. Em 2019, o tema dessa semana é
“Família, tu és a esperança e a alegria”. Com o lema, “O óleo sobre as
feridas”, somos levados a refletir sobre qual “óleo” está faltando à nossa
família.
Assim, seja qual for a intensidade do vento que
sopra em sua vida, caro leitor, e na vida de sua família, unamo-nos em oração. Há
famílias que passam por pequenas brisas, mas o contrário também acontece, há
aquelas ameaçadas por terríveis vendavais. Façamos a nossa parte. Lutemos pela
conservação da calmaria. A oração é uma arma poderosa, pois, através dela,
podemos sentir a presença de Deus mais forte em nosso meio.
Peçamos a Deus a graça de tempos favoráveis, de
brisas, de sopro de vida. Só Ele pode nos orientar, indicando a direção certa
para içarmos a vela da barca da vida e ainda suportarmos os reveses. Com Ele,
teremos a certeza de que o vento soprará sempre a nosso favor, mesmo em dias de
céu escuro e ventania.
Luisa
Garbazza
luisagarbazza@hotmail.com
Publicação do "Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho".
Agosto de 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário