quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Beber da fonte

 


Outubro é mês missionário! Tempo forte para lembrarmos nossa missão de cristãos batizados: espalhar o Evangelho. Nós, da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, temos o privilégio de pertencermos a uma paróquia missionária, fundada pelo Servo de Deus Padre Júlio Maria De Lombaerde. Esse santo homem, que por aqui passou, deixou suas pegadas, seu carisma, seu jeito eucarístico-mariano de ser, que continua por meio de seus discípulos, os Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora.

Padre Júlio Maria fincou raízes em Manhumirim, onde deixou as marcas, profundas, do grande missionário que foi: um legado riquíssimo, que pode ser confirmado nas obras que construiu e na espiritualidade daquele povo. Por isso é tão significativo para nós, também paróquia sacramentina, visitar aquele lugar. Padre Antônio Otaviano,SDN, já por vários anos, organiza romarias para Manhumirim, a fim de que nosso povo possa conhecer um pouco das obras do Padre Júlio Maria e beber da fonte de sua espiritualidade. A peregrinação acontece por ocasião do Jubileu do Senhor Jesus. Em 2024, foi nos dias 12 a 15 de setembro.

Com seu jeito entusiasmado de ser, Padre Antônio nos conduziu por caminhos que nos propiciaram maior conhecimento da herança religiosa deixada pelo Padre Júlio Maria: visitamos o seminário, o Santuário do Bom Jesus, o mirante do Cristo e o local em que o Padre Júlio Maria sofreu o acidente que resultou na sua morte. Na capela do seminário, tivemos a presença do Frater Felipe Cunha, do Padre André, do Padre Heleno e do Padre Marcos para conversarem conosco e falarem um pouco da vida e obra do Padre Júlio Maria e do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Manhumirim.

Padre Júlio Maria, sacerdote belga que chegou ao Brasil em 1912, foi um homem santo, destemido, cheio de fé, preocupado com o povo em suas necessidades, missionário por excelência. Em Manhumirim, onde viveu por 16 anos e ali faleceu em 1944, construiu seminário, colégio, patronato, hospital, abrigo para idosos. Seu maior legado, porém, foi a espiritualidade. Fundou duas congregações religiosas: a Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora e das Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora. Por meio dessas congregações, ele nos deixou seu carisma missionário-eucarístico-mariano.

Agradeço ao Padre Antônio a oportunidade de mais essa experiência de fé. Beber da fonte é a melhor maneira de conservar viva nossa admiração por esse santo homem e nos esforçarmos para viver sua espiritualidade no dia a dia. Essa é nossa missão.

Luisa Garbazza

Publicação do Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho

Novembro - 2024


sábado, 21 de setembro de 2024

Esperança de vida nova

 


Setembro é mês de alegria e de esperança. Depois de tempos sombrios, frios, ressequidos pela falta de chuva, setembro vem trazer a esperança de novos tempos. A terra se renova, as plantas agradecem e oferecem novos brotos e o colorido das flores, mesmo que a chuva demore um pouco a molhar o chão. Tudo muda. É a primavera que chega, prenúncio de vida nova. Assim também nossa vida espiritual, que, pela graça de Deus, se renova a cada dia.

Setembro chega e nos traz motivos para renovarmos a nossa vida de fé. A Igreja nos propõe, a cada ano, pequenas doses de esperança ao estudarmos um tomo ou outro do Livro Sagrado. É o Mês da Bíblia, que nos propõe um propósito novo a partir da Palavra de Deus. Neste ano, motivados pelo lema "Porei em vós meu espírito, e vivereis" (cf. Ez 37,14), somos convidados a caminhar com o profeta Ezequiel. Como se ansiasse pela primavera na vida do povo de Deus, em sua época, o profeta traz palavras de reprovação para aqueles que andam nos caminhos tortos e, ao mesmo tempo, de renovação, para os que esperam em Deus.

Ezequiel denuncia as injustiças, anuncia o amor e a misericórdia de Deus e chama à conversão. Inspirado por Deus, ele condena a idolatria e a infidelidade. Também fala sobre o castigo que o povo deve sofrer por causa de suas más ações. Ao mesmo tempo, como a primavera renova os campos, o profeta desperta a esperança para consolar aqueles que vivem a perda, o sofrimento e a aflição: os desamparados e os exilados de suas terras.

As profecias de Ezequiel chegam a nós hoje e nos convidam a viver um tempo novo e a acolher um espírito novo, com a certeza de que é o Espírito do Senhor que nos conduz. Somos impelidos a seguir “o Caminho, a Verdade e a Vida” e a arrebanhar os que possam ter se esquecido de Deus.

Esse tempo novo, que nos traz a primavera, enche-nos de esperança, atribuindo novo sentido à vida. Cheios de “brotos”, também em nossa vida, caminhemos, seguindo o convite do Papa Francisco, como “peregrinos de esperança”.

Luisa Garbazza

Setembro 2024


sábado, 10 de agosto de 2024

Deus criou os pais

 



No princípio, Deus criou o homem e o presenteou com a grande dádiva de ser pai.

Pai, você foi escolhido para participar do plano de Deus.

Você, pai, é o princípio de uma nova vida. É colo que protege, mão que afaga.

É presença necessária na educação da família.

Suas pegadas são trilhos que serão seguidos pelos passos de seus filhos.

Você, pai, é farol que ilumina, é voz que aconselha, é seta que indica o caminho e mão que conduz.

Você é o esteio que sustenta e ampara a família.

Ser pai é dom divino. Por isso, conserve a ternura, olhe nos olhos de seu filho, qualquer que seja a idade que ele tenha, para que ele perceba seu olhar cheio de amor. Fale com firmeza, mas com suavidade, para ser ouvido com propriedade. Chegue perto, estenda os braços, ofereça um abraço. Beije com suavidade o rosto do filho amado. Ofereça a Deus uma oração em prol de sua família.

Acima de tudo, que você, pai, seja muito abençoado por Deus, pela vocação que escolheu, e possa receber, hoje e sempre, o beijo, o abraço e o amor dos filhos que Deus lhe concedeu.

Parabéns!

Feliz Dia dos Pais!

Feliz vida em família!

Luisa Garbazza

10-08-2024

Homenagem ao meu pai – Vicente –, ao pai dos meus filhos – Flávio – e a todos os pais neste dia.



sábado, 3 de agosto de 2024

Família e vocação

 


Somos a Igreja Católica, uma Igreja viva, sempre em movimento. Quem participa ativamente da vida da Igreja não fica ocioso, tem sempre algo a celebrar. Fechamos o mês de julho, celebrando o Dia dos Avós com o tema “Na velhice, não me abandones”, inspirado no Salmo 71. Na ocasião, refletimos sobre nossa obrigação de cuidar dos avós e das pessoas idosas, de acolhê-los e de acudi-los em suas necessidades. E logo iniciamos o mês de agosto, mês vocacional, em que há tanto para celebrar!

Não há como falar em mês vocacional sem falar em família, pois é justamente do seio familiar que provêm todas as vocações. Família é ninho, é aconchego, lugar sagrado, abençoado por Deus. É onde são depositados os frutos do amor, da convivência, do desejo do casal em participar da obra da criação. É onde aprendemos a rezar, a acolher os ensinamentos paternos, valores que guardamos pela vida toda. Pelas mãos da mãe, do pai, ou ainda de outro familiar, é que aprendemos o caminho até a igreja, recebemos os sacramentos e assimilamos as verdades religiosas, tão necessárias para nosso amadurecimento na fé. Só então somos chamados à missão vocacional, cada um segundo os dons e carismas recebidos do Santo Espírito.

A Igreja nos convida, neste mês de agosto, com o tema “Igreja: uma sinfonia vocacional”, a celebrar as vocações e a rezar por todas elas: “Pedi, pois, ao Senhor da Messe”.

Rezemos, então, pelos que voltam seu olhar para o bem de todos e, em uma missão difícil e sublime, se doam inteiramente por meio da vocação ao sacerdócio e à vida consagrada.

Rezemos pelos que optam por sair de sua família e formar outra família, ninho de amor, fortalecidos pelo sacramento do Matrimônio.

Rezemos pelos que abraçam uma vocação leiga e contribuem com a formação do povo de Deus por meio da missão na Igreja, como agente de pastoral e participação nos movimentos e serviços.

Celebremos então, com alegria, este mês vocacional e peçamos ao Senhor da Messe: “Enviai, Senhor, operários à vossa messe, pois a messe é grande e poucos os operários”!

Luisa Garbazza

Agosto 2024


sábado, 27 de julho de 2024

Perseverança na fé

 


            Julho é mês de férias, de alegria, de festas folclóricas – extensão do mês de junho. Julho é também mês de férias escolares, júbilo para a criançada, que enche ruas e praças com seu divertido alarido. Alguns pais aproveitam para, também de férias, programar passeios e viagens. A catequese também “fica de férias”. Mas é necessário ter a consciência de que não se tira férias da fé.

Em julho, como em todos os meses, somos convidados a cultivar nossa fé, fortalecê-la por meio de orações e práticas religiosas e concretizá-la em nosso modo de viver e nas obras que praticamos no dia a dia. A participação nos sacramentos e a convivência fraterna são importantes para o fortalecimento de nossa fé: aquela nos aproxima de Deus; esta é a confirmação de que absorvemos a mensagem do Evangelho de Cristo.

            Para perseverar na fé, é importante a vida de oração, seja individual, seja na igreja, na comunidade ou em grupos de reflexão. Para enriquecer nossos momentos de oração, nós, bom-despachenses, fomos agraciados com o “Caminho da fé”, na Rua Cruz do Monte. Além da riqueza histórico-religiosa do Memorial, o “Caminho da fé” oferece-nos a Capela do Senhor Bom Jesus e os caminhos penitenciais da Via-Sacra e da Via Lucis.

A Via-Sacra nos permite percorrer, com Jesus, os caminhos de dor e sofrimento de sua paixão e morte. Igualmente nos solidarizamos com o sofrimento angustiante de Maria, sua Mãe. A percepção e a contemplação de cada cena fazem-nos mais humanos e nos impulsionam a nos sentirmos corresponsáveis pelas mazelas dos sofredores do nosso tempo.

            A Via Lucis nos proporciona a alegria na certeza da ressurreição de Cristo. Acompanhar os passos e os sentimentos de Maria e dos apóstolos, que experimentam, cada vez com mais profundidade, a presença de Jesus ressuscitado entre eles reaviva em nós a certeza de que temos um Deus vivo entre nós.

Aproveitemos, querido leitor, esse espaço sagrado, recém-inaugurado em nossa cidade, para dar vazão às nossas manifestações de fé em qualquer tempo. Tenhamos a certeza de que Jesus nunca tira férias. Ele está sempre a postos, disposto a ouvir nossa oração.

Luisa Garbazza

Jornal Paróquia N. Sra. do Bom Despacho

Julho 2024

terça-feira, 9 de julho de 2024

Bodas de cedro

 


Eu lhe ofereci a minha vida e o meu amor.

Na graça de Deus, nos unimos, e me entreguei a você de corpo e alma.

Como a nobreza do cedro, em sua fortaleza,

passou o tempo, e o amor resistiu.

Hoje, 36 anos depois, eu lhe ofereço novamente o meu amor.

Um amor forte como a madeira, mas frágil como a flor;

amor de primavera, mas com momentos de rigor do inverno;

amor de olho no olho, de carinho e atenção, mas também nos momentos de indiferença e solidão;

amor de alma, de certeza, de esperança, mas com instantes de insegurança e de medo;

um amor de risos, cantos e alegria, mas de tristeza, de lágrimas, de melancolia.

Eu lhe ofereço o meu amor.

Talvez não o amor que você mereça, mas o amor que eu tenho para lhe dar, de todo o meu coração.

E, até quando Deus permitir, eu me entregarei a você, de corpo e alma.

Tomara esse amor possa ainda  continuar a “crescer como o cedro do Líbano”.

Luisa Garbazza

9 de julho de 2024

Ao meu esposo Flávio, celebrando 36 anos de matrimônio.


domingo, 16 de junho de 2024

Tenho sede

  


O poço é fundo:

profunda, a escuridão.

O tormento é medonho!

Em forma de sede,

desarma, aperta, sufoca,

limita a vida.

 

O poço é fundo.

A água se perde na escuridão.

Profunda é a sede

que gela, pesa, paralisa,

tolhe os sentidos.

 

O poço é fundo.

Não há corda.

A água, um brilho fosco,

regrado, tímido, fraco,

desfaz-se em fragilidade.

 

O poço é fundo.

O balde, inútil,

jaz no chão.

O fio de esperança,

já escasso,

seca, como água ao sol.

 

O poço é fundo:

a sede, severa.

No escuro do coração,

o estalo: a luz se fez.

A água jorra pura, cristalina.

Renova a vida.

 

O poço é fundo:

profunda, a abertura.

No tempo da graça,

o destino da água.

Certeira, vence a escuridão,

sacia a sede da alma.

 

O poço é fundo:

profundo, o amor.

Vem de Deus,

ecoa, penetra,

oferece a água da vida,

sem balde, sem corda, sem poço.


                                                                        Luisa Garbazza

                                                                16-06-2024

                                Retiro Espiritual: "Junto ao poço de Jacó".