sábado, 24 de outubro de 2015

Lusco-fusco



 O último clarão,
último sopro de vida do dia,
momento ímpar entre duas metades:
o dia passa a vez à sua antítese.
Admiro esses instantes entre o claro e o escuro.
O som do silêncio vem acalmar os ânimos.
Há paz!
Fico absorta aos segundos que se sucedem.
Sinto-me em paz! 
...
Hoje, no entanto, algo diferente aconteceu:
O ar ficou pesado!
O horizonte não quis participar da última cena do dia.
Uma atmosfera de nostalgia cobriu tudo.
Até o pôr do sol se enegreceu.
As cigarras começaram lentamente seu canto.
Uma cigarra bradou seu lamento:
um tom estridente e triste,
alto, cada vez mais alto.
Seu grito rasgou-me a alma.
Estática, perdi-me em devaneios...
segundos... minutos...
percebi os pensamentos se escondendo.
A mente se esvaziou.
Os olhos foram se entregando ao negrume da noite...
...
até que a lua veio tomar seu lugar na cena da vida.
Seu brilho saudou-me,
inundou-me,
devolveu-me o viço, o ânimo, o sorriso.
Luisa Garbazza
no lusco-fusco deste 24 de outubro de 2015

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Viver em poesia



                    Viver  em  poesia



Na querência do ser humano
os passos, o caminho, a busca
a procura incessante
perguntas e respostas
 perguntas sem respostas
no labirinto da existência
do pensamento  constante.



Na  essência do ser humano
a leveza da alma
que aqui e ali se encontra
nas esquinas, no espaço, nos sentimentos
sem perguntas, nem respostas
eternizando momentos
sem nada que amedronta.


Na  transparência do ser humano
a poesia da vida
os olhos que cantam a sorrir
a flor que se entrega ao olhar
o verso que tudo renova
a palavra que permite sonhar
e novo horizonte faz surgir.

Luisa Garbazza
Pelo dia do poeta - 20 de outubro de 2015

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Quem é Jesus



Vivemos em um mundo globalizado, cada vez mais místico. Valoriza-se muito o passageiro, as soluções fáceis, a beleza construída em clínicas, a riqueza e a fama. Uns enriquecem com o dinheiro do povo, outros promovem guerras e provocam morte e destruição. O caos se instala na vida de tanta gente inocente. Os valores vão ficando em segundo plano. O catecismo de dois mil anos, pregado por Jesus, vai sendo esquecido. Muitos O desconhecem. Alguns O ignoram. Outros O combatem e questionam: “Quem é Jesus”?
Diante da dureza e da incredulidade das pessoas, Jesus perguntou aos discípulos: “E vós quem dizeis que eu sou?” Na palavra de Pedro, a resposta histórica: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” Depois de dois mil anos, a pergunta ainda ecoa em cada parte do planeta. Ainda hoje, não se conhece Jesus. De tempos em tempos, armam-se novas maneiras de degradar esse nome e tirar dele o título que lhe é devido: Filho de Deus. Essa pergunta ressoa também no ouvido de cada um de nós. E as respostas, como naquele tempo, ainda são muito diversificadas! Uns respondem mecanicamente, outros com convicção; uns o veem como Deus, outros como um profeta, ou apenas como um homem influente do seu tempo; uns o adoram outros o combatem. Mas, afinal, quem é Jesus?
Jesus é o filho de Deus, cada dia mais vivo entre nós. É o homem simples de Nazaré, o Messias, nascido em uma família. Ali, ao lado de Maria e José, deu exemplo de obediência, de amor, de trabalho. Ele é o modelo mais forte de solidariedade, de valorização do ser humano, de defesa dos pobres e oprimidos. É aquele que veio para tirar o pecado do mundo e livrar o homem tanto do egoísmo, da ganância, do culto ao poder, quanto da miséria, da fome, da opressão. É aquele que clama por justiça, por igualdade social e pela paz.
Ele é o Mestre que, com seus doze discípulos, saiu pelo mundo fazendo o bem, perdoando os pecados, mostrando às pessoas que existe um jeito mais simples de se viver: na solidariedade, na igualdade e na fraternidade. E declarou que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida; que as suas palavras são ensinamentos de vida e de salvação. Assim deixou traçado para nós o melhor caminho a ser seguido, ou melhor, para quem acredita, o único.  
Jesus é quem nos acompanha pela vida inteira e, de vez em quando, sussurra em nossos ouvidos: “Coragem! Não temas! Confia em mim! Eu estarei contigo todos os dias, com a minha mão estendida para sustentar-te na caminhada.” Mas é Ele também que nos diz com voz firme: “Vem e segue-me! Eu preciso de ti para continuar o que comecei. Para evangelizar, levar alegria ao meu povo, alento aos sofredores, libertar os que estão oprimidos e injustiçados.” Jesus é assim: força na caminhada; presença constante; amigo fiel que está sempre ali, no Santíssimo Sacramento, pronto a ouvir-nos, a fortalecer-nos, a dar-nos forças para continuar nossa missão. Mas é Ele também que, de vez em quando, vem nos cobrar: “Onde estão os talentos que lhe confiei?”
Assim sendo, eu creio que Jesus também é Deus, uno e trino na Santíssima trindade. Como é bom estar na presença de Jesus, elevar os olhos para seu Corpo e Sangue no altar e acreditar; senti-lo no coração e ter a certeza de que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus. Mas não basta crer. É preciso espalhar essa crença; mostrar ao mundo, através do nosso testemunho de vida e de nossas palavras, a face de Jesus. Onde houver pessoas que cultivem e vivenciem a fé, Ele estará no meio delas. É preciso ouvir os apelos do Mestre: que todos estejamos juntos, na mesma fé, no mesmo amor. Assim, quando chegar o fim de nossa peregrinação neste mundo, estaremos prontos para vê-lo face a face.
Luisa Garbazza
Publicação do jornal "Paróquia"
Paróquia N. S. do Bom Despacho  
outubro de 2015