sábado, 8 de agosto de 2015

O olhar de Maria

Imaculado Coração de Maria
Igreja Nossa Senhora do Bom Despacho
Maria é o exemplo mais sublime e santo de mulher e de mãe. Por isso mesmo, foi escolhida, entre todas, para gerar, amamentar e educar o filho de Deus. Mais tarde, como mãe da humanidade, tornou-se nossa intercessora diante de seu filho e medianeira de todas as graças a nós concedidas.
Desde menina, aprendi a amar Maria através dos exemplos e ensinamentos de minha mãe, também Maria, que tinha grande devoção por Nossa Senhora. Aprendi a dirigir meu olhar e minhas preces à “Mamãe do Céu” e, de mãos postas, rezar: “Salve, Rainha, Mãe de misericordiosa, vida, doçura e esperança nossa, salve!”. A vida inteira foi assim, recorrendo a ela nos momentos de aflição e fraqueza. Depositando a seus pés minhas necessidades e aguardando, ansiosamente, o socorro desejado.
Recentemente, em um momento de urgência, em que o desespero toma o lugar da razão, com o coração angustiado, mas cheio de ternura e confiança, aproximei-me da imagem de Maria e a ela dirigi meu olhar de súplica. Absorta a observar sua face, percebi que meus olhos não encontravam o olhar de Maria. Terminei minha oração e pus-me a observar outras imagens, em casa e na igreja: nenhuma me devolvia o olhar. Por último, no dia catorze de junho, em peregrinação a Luz, para a posse do novo bispo – Dom José Aristeu – busquei ansiosa a imagem de Maria. Mais uma constatação: Nossa Senhora da Luz também não me dirigia o olhar.
Pensativa, surpreendi-me analisando os olhares de Maria: algumas imagens, como o Imaculado Coração de Maria, presente na parede da minha sala, – e uma imagem belíssima na Igreja Matriz – ostenta um olhar distante, mas ao mesmo tempo sereno e profundo que, apesar de não nos mirar, envolve-nos com o ar doce e terno que emana de sua face. Parece olhar através de nós, enxergando o coração; a alma, talvez. Ensina-nos a valorizar o interior das pessoas. Não importa o aspecto de quem a procura, ela busca a essência da alma para nos encontrar.
Outras, como Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Graças, olham para baixo. Do alto dos altares, Maria permanece de cabeça inclinada, sem impor seu olhar nem sua presença. Ensina-nos a humildade, a modéstia, a pertença total a Deus. Toda a força do olhar contempla a humanidade inteira e está sempre pronta a entender nossas necessidades, interceder por nós e conceder-nos suas graças.
Já Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora da Conceição apresentam-se com os olhos voltados para o céu. O olhar é dirigido a Deus Pai. Um olhar de súplica por causa das dores de seu filho Jesus; um olhar de súplica pelo sofrimento de tantos filhos de Deus.
Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento pousa, com suavidade, o olhar no Corpo Eucarístico de Jesus. É um exemplo para darmos o valor devido ao Corpo de Cristo a nós oferecido através do sacrifício revivido na Celebração Eucarística. Um convite para crermos na real presença de Jesus na hóstia consagrada.
Nossa Senhora do Bom Despacho, nossa padroeira, olha ao longe, expandindo sua proteção. Como mãe, vê tudo e entende nossas necessidades. Como padroeira, seu olhar materno e seus cuidados são dirigidos a toda a cidade. “De Bom Despacho tu és, patrona e titular.”

Assim encontramos Maria de tantos títulos, de tantos lugares: olhar humilde de serva de Deus; olhar suplicante de quem confia na misericórdia divina; olhar terno de mãe dirigido aos filhos; olhar contemplativo que enxerga a essência e vê a presença de Deus em tudo e em todos. Contemplando o olhar de Maria, em qualquer que seja a direção, e com o coração cheio de esperança de um dia vê-la face a face, peçamos a ela: “Vosso olhar a nós volvei! Vossos filhos protegei!”.  
Luisa Garbazza

Publicação do Jornal "PARÓQUIA"
Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Agosto de 2015

domingo, 2 de agosto de 2015

Deus aí está

A Igreja Católica, com suas celebrações e seus ritos, oferece-nos momentos de profunda intimidade com o Criador; oportunidades para refletirmos sobre nossa vivência de filhos e filhas de Deus e sobre nossa missão aqui na terra.
Um desses momentos é a adoração ao Santíssimo Sacramento, em que nos prostramos convictos da presença real de Jesus na Hóstia Consagrada. De vez em quando, a Igreja abre suas portas e se prepara para um tempo forte de adoração e súplica através do “Cerco de Jericó”. Foi o que presenciamos na Paróquia Nossa Senhora do Rosário no mês de julho: sete dias de orações contínuas diante de Jesus Sacramentado.
Várias pessoas, verdadeiros intercessores, se revezavam, dia e noite, nessa crença no poder da oração. A presença maior dos fiéis, no entanto, foi no início da noite, para a participação na Eucaristia, realizada, todos os dias, com a igreja cheia.
Após as celebrações, o padre conduzia Cristo Eucarístico pelos corredores da igreja, proporcionando-nos momentos de adoração e proximidade com o Deus Filho. Instantes tão fortes e sublimes que “não sei se a igreja havia subido ou o céu descido”. Uma coisa eu sei, com certeza: Deus estava presente naquele lugar.
Deus estava presente na voz do Padre Cristiano, que nos arrancava a venda dos olhos, abria nossa consciência e mostrava-nos a luz que é Jesus. Em suas palavras que conduzia nossos pensamentos e penetrava em nossos corações em um exercício de extrema sensibilização.
Deus estava presente nas mãos do sacerdote que sustentava o ostensório e em seus pés, que conduzia, passo a passo, o divino Mestre.
Presença divina na música que enchia o templo e envolvia o espírito, fazendo-nos refletir sobre a força do nome de Jesus. É Ele quem abre o mar, derruba as muralhas e faz surgir milagres. Música que também nos convidava a cantar e louvar.
A Igreja aceitou o convite e cantou uma nova canção. Recebeu então do Espírito Santo a nova Unção prometida: abriu-se os olhos dos que ali estavam e eles acreditaram no que viram. A Igreja estava toda impregnada com a força do Espírito e Deus se fazia presente em tudo e em todos:
nas mãos que embalavam o turíbulo e seguravam as velas, preparando e iluminando os caminhos do Senhor;
nas pessoas que olhavam fixamente o ostensório durante toda a caminhada;
nos fiéis que se ajoelhavam emocionados em profunda adoração;
nos olhares piedosos dirigidos a Jesus na Hóstia Santa;
nas mãos ávidas que se estendiam e tocavam o ostensório confiantes na presença real de Jesus;
nas lágrimas que corriam inconscientemente pelas faces dos que contemplavam Jesus e sentiam sua proximidade, sua ternura, seu amor;
na leveza da alma após aquele encontro sublime.
Assim aconteceu durante os sete dias. Um sinal concreto do fervor, da força da oração e da fé do povo de Deus era visível na presença de tantos e tantas e na caixa repleta de súplicas. Às vezes podemos não saber ao certo onde e como a graça de Deus agiu, mas temos a certeza de que muralhas foram destruídas e muitas bênçãos foram derramadas no meio de nós. 


Luisa Garbazza

Publicação do "Informativo Igreja Viva"
Paróquia N. S. do Rosário