segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Tomara seja real!

Dezembro. Trigésimo dia.
Ares de despedida.
A fugacidade da vida escancarada na virada do ano.
Ainda bem que existe o ano-novo!
A mágica virada do ano
carregada de sonhos, ilusões e esperanças.
Um olhar no passado, em tudo que foi vivido,
outro no futuro: Tanto há pra se viver!
Um adeus para as tristezas suportadas,
uma pontinha de nostalgia
e um coração repleto de sonhos!
Para o ontem, um adeus.
Para o amanhã, um "Seja bem-vindo!"
De tudo que vivemos
levamos tão pouco! Ou nada.
Alguma lembrança, um aprendizado talvez,
e a certeza de que tudo passou.
Na noite mágica que divide o tempo
ilusões desmedidas,
alegrias sinceras ou utópicas,
uma esperança profunda
em dias melhores,
em mais amor e paz,
união e solidariedade.
Tomara seja real
pra mim, pra você, pra todos nós,
o desejo de vida nova
e de um "Feliz ano novo"!


Luisa Garbazza
30 de dezembro de 2013.
20h

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ano da Fé / Ano da Graça

Mensagem para a Missa de encerramento do Ano da Fé

Neste dia em que professamos nossa fé, proclamando Cristo como Rei e celebramos também o encerramento do “Ano da Fé”, é prudente que não deixemos por isso mesmo, como um assunto encerrado. Precisamos aprender a fazer de cada dia, de maneira individual e profunda, o “Dia da Fé”.
            Aprender a renovar, cada vez mais, nossa crença na existência de “Deus, Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra". Um Deus que se faz presente em cada detalhe, ínfimo que seja, de tudo que existe: na mãe natureza, no coração das pessoas, nos olhos inocentes das crianças, na brisa leve, suave, na Igreja, na generosidade do ministério sacerdotal, no trabalho de tantos cristãos leigos.
          Do mesmo modo, onde estiverem jovens lutando por um mundo mais justo, saindo em missão para levar alento e pão aos mais necessitados – seguindo o exemplo de São Francisco de Assis e tantos outros –, vivendo os valores pregados pelo evangelho, acreditando que vale a pena viver na fraternidade e na santidade, ali está Deus.
Por tudo que vemos e por tantas outras evidências, resta-nos acreditar na presença de um Pai-Criador que deu vida a todas as criaturas. Um Pai que nos deu seu filho, Jesus Cristo, como modelo de vida e obediência. Um Ser Supremo digno de glória e louvor.
Como disse o Papa Francisco, “Quando a luminosidade da fé se apaga, todas as outras luzes acabam por perder o seu vigor. Então, peçamos a Deus que nos abençoe e nos proporcione, sempre mais, a graça da fé, principalmente naqueles momentos de angústia e de dor, para que nossa luminosidade permaneça, frutifique e nos leve a lutar por uma cultura de paz, de amor, de vida plena com a graça de Jesus Cristo e a força do Espírito Santo. Amém.
Luisa Garbazza
24 de novembro de 2013

Mensagem lida no final da Missa das 19 horas na Igreja Matriz de 
Nossa Senhora do Bom Despacho


Mensagem para a Missa de abertura do “Ano da Graça” na Diocese de Luz

Durante essa Liturgia, ouvimos a voz do profeta Isaías convidando-nos a deixarmo-nos guiar pela luz do Senhor que se aproxima. Ouvimos, também, a voz de Jesus dizendo para ficarmos atentos, pois não sabemos em que dia o Senhor virá. E hoje somos convidados, de forma especial, a vivermos durante um ano, um tempo forte de encontro e partilha. Tempo para celebrar e confraternizar. Tempo de parada para reflexão, para repensarmos nossa caminhada de fé na família, na comunidade, na Igreja e na sociedade.
O Ano da Graça deve ser vivenciado por todos nós, pois somos todos responsáveis pelo crescimento da ação pastoral da Igreja. Para isso, aprendamos com São Paulo, em sua primeira carta aos Tessalonicenses, em que nos ensina que nossas comunidades devem ser alicerçadas na fé e estar sempre preparadas para os desafios, sendo vigilantes, tendo apreço pelas lideranças locais, sendo sempre alegres, rezando e dando ação de graças a Deus em tudo. A ação de graças nos desperta para acolher o mistério da presença de Deus em nossa vida. Ela nos alimenta e fortalece a nossa esperança.
            Estejamos em sintonia com a Igreja e perseverantes nesta caminhada que ora se inicia, refletindo sobre as palavras de Dom Hélder Câmara, arcebispo brasileiro reconhecido no mundo inteiro por sua atividade política, social e religiosa: “É graça divina começar bem. Graça maior, persistir na caminhada certa. Mas a graça das graças é não desistir nunca.”
          Aceitemos esse convite.
Assim poderemos formar, juntos, a Igreja Viva, que caminha para o Reino do Senhor.
Luisa Garbazza
2 de dezembro de 2013

Mensagem lida no final da Missa das 19 horas na Igreja Matriz de 
Nossa Senhora do Bom Despacho

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Estrela de Natal

Estamos em tempos de Natal. Ruas cheias, algumas enfeitadas, casas e praças iluminadas, músicas temáticas, tudo para chamar à atenção. Infelizmente, o clima natalino gira, quase que exclusivamente, em torno do comércio. As vitrines ornamentadas, cada uma com seu estilo próprio, todas querem atrair o consumidor.
Outro dia, ao andar pelas ruas observando curiosa o ir e vir de tantas pessoas e o carregar de tantos pacotes, presenciei uma mulher saindo de uma loja em companhia de uma senhora e de duas crianças que não estavam demonstrado muita satisfação. Quando passaram perto de mim, ouvi-a dizer uma frase, antiga, mas que estava esquecida em algum canto da memória: “Se eu não puder ser a Estrela de Belém, vaquinha de presépio também não quero ser.” Essas palavras, ditas em um tom relativamente alto e muito arrogante, deixaram-me perplexa e pensativa, principalmente pela fisionomia triste daquelas crianças. Não sei o contexto em que elas foram ditas, mas, com certeza, não combinavam com a alegria da época. Comecei a devanear sobre vários assuntos relativos ao espírito natalino. Impossível não lembrar minha infância. Era tudo tão simples e valorizado! Jesus era o centro das atenções. Hoje o consumismo ofusca as pessoas, – Inclusive as crianças! – Jesus fica em segundo plano – ou nenhum – e o “Papai Noel” ganhou maior espaço em todas as culturas. 
Naqueles dias, minha mãe nos dizia que o presente era o menino Jesus quem nos dava na noite de Natal. Ensinava-nos a amá-Lo e a respeitá-Lo como Deus que é.  Assim o fazíamos. Com toda a sabedoria que recebeu do Criador, ela reunia a família toda para montar a árvore de Natal, com enfeites que ela mesma fazia, para rezar e aguardar a “noite mágica” da chegada do Menino. Na noite do dia vinte e quatro, íamos todos dormir ansiosos para que amanhecesse logo. Assim poderíamos ver o que ganhamos. Mesmo que o presente, por causa das poucas posses, fosse algo extremamente simples, era grande a alegria com que o recebíamos. A prioridade do dia vinte e cinco era a ida à Igreja: participar da Santa Missa, visitar Jesus no presépio, rezar, agradecer pelo presente e por tudo que recebemos durante o ano todo.
Lembrei-me também de uma história que sempre aparecia nos livros de escola primária da época. Conta-se que, naquela noite esplendorosa em que nasceu o criador, ali, naquela humilde manjedoura, sem conforto algum, todos os elementos da natureza queriam ofertar algo para adornar o lugar ou para aquecer o menino. Próximo ao presépio, havia três árvores: uma tamareira, uma oliveira e um pinheirinho. A tamareira, toda cheia de si, presenteou o menino com suas doces tâmaras. A oliveira ofertou a Jesus suas azeitonas. O pinheirinho, porém, não tinha nada a ofertar. Na sua simplicidade, ficou muito infeliz. As estrelas do céu, vendo a tristeza do pinheirinho, desceram à Terra e pousaram em seus galhos adornando o pinheirinho. Assim ele se ofereceu a Jesus, iluminando e enfeitando o primeiro presépio.
Então volto àquela frase e fico pensando o quanto é triste alguém querer ser a “Estrela de Belém” e não possuir humildade suficiente para ajudar os “pinheirinhos” que se encontram ao redor, pobres, infelizes, sentindo-se rebaixados por não terem nada a ofertar. É lição de Jesus e obrigação nossa ajudar a quem precisa. Quanto mais forte for a nossa luz, mais temos o comprometimento de iluminar aqueles que necessitam de claridade.
Aproximando-nos do Natal, tomara que a luz mais forte seja a do amor incondicional a Deus e, consequentemente, aos irmãos. Possamos olhar para o outro com mais solidariedade tentando ajudar pelo menos uma pessoa, alguém que, como aquele pinheirinho da história, esteja triste por não ter nem ganhar nada nesta data. Tomara que Jesus possa renascer com toda força no coração de cada um de nós, de maneira especial, daqueles que O deixaram esquecidos e, com o coração endurecido pelos entraves da vida, já não têm esperanças de sentir uma alegria verdadeira, gratuita, que só em Deus podemos encontrar. E que o amor de Jesus e o brilho daquela estrela sejam refletidos no olhar de cada pessoa quando disser a alguém: Feliz Natal!
Luisa Garbazza
Novembro de 2013

Publicação do jornal "Paróquia"
Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, dezembro de 2013