sábado, 14 de setembro de 2013

Palavra da Salvação

      "Tua Palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho!" (Salmo 119,105)
      A palavra de Deus é luz para todos os momentos de nossa vida, especialmente aqueles em que precisamos nos orientar pela verdade. Essa verdade é a nós transmitida por meio da Bíblia: conjunto de 73 livros sagrados, que nos revelam a história do povo de Deus e a participação de Jesus na história da salvação.
      Esse livro, tão importante para nós cristãos, escrito primeiramente nos idiomas Hebraico, Aramaico e Grego, está dividido em duas partes: Antigo Testamento – livros escritos desde o século XV a.C. até o nascimento de Cristo, contendo a Lei de Deus dada a Moisés e a história do povo de Deus rumo à Terra Prometida; Novo Testamento – livros escritos após o nascimento do Messias até o final do século I d.C. – apresentando a vida de Jesus, suas obras, seus ensinamentos e a criação da Igreja pelo próprio Jesus Cristo: "Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; tudo o que ligares na terra será ligado nos céus..." ( Mt 16, 18-19)
      Algum tempo depois, entre fins do século IV e início do século V, a Bíblia foi traduzida para o latim clássico por São Jerônimo – doutor da Igreja – a pedido do Papa Dâmaso. O latim era a língua oficial e o Papa queria uma tradução fiel, que o povo pudesse compreender. E assim se fez. Mas, depois do Concílio de Trento (1545-1563) o povo católico ficou um longo tempo sem ter acesso à Bíblia. Foi o Concílio Vaticano II (1962-1965) que a devolveu ao povo, através da Constituição Dogmática “Dei Verbum”.
      Hoje, dois mil anos depois de ter sua escrita concluída, essa palavra continua viva entre nós. Ela é uma grande “Carta de amor” à Humanidade e revela-nos o projeto de Deus para o mundo. Nós, católicos, que acreditamos na ressurreição de Jesus e na sua promessa de ficar conosco até o fim dos tempos, sabemos que a Bíblia nos traz a mensagem de um Deus que é amor e nos transmite os preceitos necessários para alcançarmos uma vida santa vivendo em comunhão com Deus e com os irmãos. Como nos diz São Paulo: "Tudo o que se escreveu no passado foi para o nosso ensinamento que foi escrito, a fim de que, pela perseverança e consolação, que nos dão as Escrituras, tenhamos esperança." (Rm 15,4).
      As Sagradas Escrituras não só contam a história do povo de Deus, mas também denuncia as injustiças, as situações desumanas que deixam muitos à margem da sociedade sendo explorados, excluídos e vivendo em extrema pobreza. Através delas reconhecemos que Deus nos ama, que caminha conosco e está sempre ao nosso lado para nos dar força e coragem. Nelas encontramos textos que nos ajudam a fortalecer nossa fé ajudando-nos nos momentos de dificuldades. Em suas páginas, a exemplo de Jesus Cristo, somos chamados a viver na fé e a lutar por um mundo mais irmão, mais solidário e fraterno.
      Nesta era pós-moderna em que vivemos, muitos já não têm o devido respeito pelas coisas divinas e criam outras alternativas de vida, colocando o homem – e o dinheiro – como centro das atenções, mas a palavra de Deus continua “viva e eficaz” e muitos são os que a seguem com fidelidade buscando inspiração para viver e realizar o projeto de Deus.
      Entendamos, então, que, fora da Igreja, a Bíblia é apenas mais um livro de literatura. Só quem acredita nas palavras inspiradas por Deus valoriza o que ali está escrito. Assim sendo, a Igreja escolheu o mês de setembro para homenagear e ressaltar a importância desse Livro Sagrado. Dia 30 de setembro é dia de São Jerônimo e o “Dia da Bíblia”, que é celebrado liturgicamente no último domingo desse mês.
      Em 2013, a Igreja nos propõe a leitura do Evangelho de São Lucas durante o mês da Bíblia, que tem como tema: “Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Lucas”. E o lema: “Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido.” (Lc 15). São Lucas nos coloca a necessidade de sermos discípulos missionários e a importância de confiarmos no Espírito Santo aceitando-O como nossa força e nosso entendimento. É Ele que revela a presença de Deus e sempre nos ilumina em nossa missão de construir um mundo melhor. 
      “A Bíblia é a palavra de Deus / Semeada no meio do povo / Que cresceu, cresceu e nos transformou / Ensinando-nos viver num mundo novo.”
Luisa Garbazza
Publicação original - Informativo Igreja Viva
Paróquia Nossa Senhora do Rosário

domingo, 8 de setembro de 2013

Olhos fixos no Senhor

Por muitas vezes, anos até, participamos da Santa Missa   de forma automática,    sem nos aprofundarmos no sentido dessa cerimônia. Ficamos ali quase  por obrigação e    saímos incompletos, sem perceber o seu real valor.  Mas quando conseguimos absorver a verdadeira acepção dos momentos que passamos na casa de Deus e    mergulhamos profundamente no mistério revivido, a celebração ganha um novo significado.   Já não há nem preocupação com o tempo, que passa sem ser notado.
Chegando à Igreja, vivenciamos a comunhão com o irmão. Sem preocupação com a cor, classe social, grau de estudo, idade, vamos acolhendo uns aos outros e acomodando-nos para nosso encontro com Deus. Aos poucos, vamos ficando rodeados de irmãos que ali se encontram com a mesma fé, a mesma esperança e um só objetivo: glorificar o nome de Jesus, filho de Deus.
Ainda nesse clima de acolhida, acompanhamos a introdução, o canto de entrada e as palavras do sacerdote, que nos convida a fazer o sinal da cruz – pois tudo ali será realizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo – e acolhe-nos como irmãos, filhos e filhas de Deus.  Segue um instante de recolhimento, silêncio interior, oportunidade de colocar nossas misérias aos pés de Deus e pedir sua misericórdia antes de louvar e bendizer o nome do Senhor. Então podemos colocar nossas intenções diante do Pai.
A comunhão com a palavra de Deus acontece através das leituras e do salmo, proclamados por nossos irmãos; do evangelho, proclamado pelo sacerdote; e da homilia. O segredo é abrir o coração para perceber que é Jesus que nos fala, e os ouvidos, para entender o que Ele tem a nos dizer nesse momento. Logo após, reafirmamos nossa fé e dirigimos ao alto os pedidos da comunidade cristã.
Em seguida, o momento de ofertar a Deus o que recebemos gratuitamente. Juntamente com o canto, precisamos esvaziar nosso coração e oferecer tudo que temos e somos. Colocamo-nos inteiramente diante do Pai pedindo que aceite nosso sacrifício. Depois o sacerdote reza o prefácio e o povo canta afirmando que Jesus é três vezes santo e que sua glória é proclamada no céu e na Terra. Acreditar nisso e repetir essas palavras com sentimento proporciona-nos uma grande proximidade com Deus.

A partir desse momento, os olhos estarão sempre fixos no Senhor.
Olhos fixos no Senhor durante a consagração, quando o pão e o vinho se tornam verdadeiramente o corpo e o sangue de Jesus. As mãos se encontram e os joelhos se dobram em atitude de adoração. O coração sente que não está sozinho. A presença de Deus é real na Eucaristia e no viver de cada pessoa que O aceita.
Olhos fixos no Senhor durante a oração eucarística, quando rezamos pelos diversos segmentos do povo de Deus: pela Igreja, pelos irmãos falecidos, por nossos amigos e conhecidos, por alguém que pediu nossas orações.
No instante da elevação do Sangue e Corpo de Cristo, ouvindo o sacerdote dizer que a Ele pertence toda honra e toda glória, os olhos fixos no Senhor transforma-nos e nosso coração transborda de amor. Esse amor nos leva a aceitar o outro como irmão, acompanhá-lo na oração do “Pai-Nosso” e a querer abraçar todos os que estão participando do mesmo mistério desejando a cada um aquela paz que vem de Deus e inunda nossa existência. Em seguida ainda temos mais uma ocasião de nos purificarmos pedindo a piedade e a paz ao Cordeiro de Deus.
Olhos fixos no Senhor quando o sacerdote nos apresenta o Corpo de Deus e nos convida a participar da Ceia Sagrada. Sabemos que não somos dignos, mas a misericórdia divina nos acompanha nessa caminhada e uma única palavra é capaz de salvar-nos.
Logo após, os irmãos reunidos vão ao encontro do Senhor e os olhos são mais fixos ainda quando O recebemos e O comungamos. Como sacrários vivos, por alguns instantes, tornamo-nos com Cristo um só Corpo e um só Espírito. Percebemos a dimensão desse ato e sentimos Jesus em nós, mas não conseguimos explicar a emoção. Como humanos não alcançamos a totalidade desse mistério, pois como disse São João Maria Vianney: “Se soubéssemos o que é a Santa Missa, morreríamos de amor”.
No final, o padre nos abençoa e nos convida a continuar a caminhada na companhia de Jesus vivendo a paz ensinada por Ele. Ainda repletos da graça de Deus, saímos pensando como os discípulos de Emaús: “Não se nos abrasava o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as escrituras?” (Lc 24,32)
Depois desse tempo forte de experiência de Deus, voltamos para casa cada dia mais ansiosos pela oportunidade de viver toda essa emoção outra vez. Assim fazemos do dia a dia uma extensão do que vivemos durante a celebração: “Não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim.” (Gl 2,20).

Luisa Garbazza
Agosto de 2013

Publicação do Jornal "Paróquia"
Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Setembro de2013

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Ah! Aniversário!

Aniversário
Ah! Aniversário!
Essa data mágica que mexe com o ego, com a imaginação.
Transforma um dia comum em dia de festa.
Impõe-nos a barreira do tempo:
Um olhar para o passado; outro para o futuro.
Abro os olhos e uma menina magra, descalça, feliz corre pelos campos:
persegue borboletas, colhe flores, admira pássaros;
brinca, pula, ri, canta;
vive a magia de uma infância ditosa.
Num piscar de olhos, uma mocinha tímida aparece diante das retinas.
Na ingenuidade da adolescência, mergulhada em sonhos, sente-se feliz.
Nos mesmos sonhos às vezes se alegra, outras chora. Sem motivos?
É a vida que se adianta. Um leque que se abre à sua frente.
“Como será o amanhã?”
Entre um pensamento e outro,
Ora uma jovem professora;
Uma noiva que caminha ao encontro do noivo no altar da Matriz;
Uma mãe que acalenta o filho;
Outro filho que alegra a vida;
Uma mulher madura.
Meus olhos pousam novamente no presente.
A imagem que o espelho me devolve não é a mesma que o coração sugere.
As lembranças são tantas!
E os sonhos da adolescência? Muitos se perderam; uns feitos, outros refeitos.
No entanto, a felicidade estava presente em cada curva do caminho.
O sorriso vem fácil.
O corpo já não tem o vigor da juventude, mas a alma é leve.
O saldo de tudo que vivi, nesses anos todos, é positivo.
A gratidão é imensa: a Deus, o Senhor da vida;
Aos que me trouxeram à vida;
Aos que cruzaram o mesmo caminho – ou trilhos, trechos, alguns passos;
Àquele com o qual dividi a vida e às vidas que geramos.
Desmedida é a alegria.
Tudo valeu a pena, pois a alma sempre foi grande demais.
E assim há de ser até próximo 4 de setembro, se Deus quiser.
E o próximo... e o próximo...
Luisa Garbazza

03 de setembro de 2013