terça-feira, 9 de julho de 2013

Em tempos de bodas

Luisa e Flávio – 25 anos

       Deus nos guardou, desde o princípio, um para o outro.
     No tempo certo nos encontramos, ouvimos juntos o chamado de Deus e respondemos: “Eis aqui os teus servos, Senhor.”
      O amor tomou proporção tão grande que não cabia em um só coração.
         Escolhemos viver entrelaçados por toda a vida.
       Com os corações em festa, na noite fria do dia 9 de julho de 1988, recebemos o Sacramento do Matrimônio. Unimos, assim, os dois corações em um.
       Desde então, já não havia eu e você, e sim, nós. Onde o coração de um batia, era ali que o outro queria viver. Por onde um dava seus passos, ali o outro desejava estar. Para onde o olhar de um se dirigia, esse também era o foco do outro olhar.
     Chegou o dia em que o coração de um estava tão repleto do outro, que já não comportava mais nada. Resolvemos nos dividir para que o amor encontrasse maior espaço e não parasse de crescer.
      A graça de Deus desceu outra vez sobre nós em forma de filhos.
      Por um bom tempo, vivemos menos para nós mesmos e mais para os dois presentes que Deus nos concedeu: Matheus e Rafael. E como eles souberam preencher nossa existência! Tanto que, às vezes, deixávamos esquecida a nossa própria vida. Mas o amor não diminuiu. Pelo contrário: multiplicou. Agora éramos quatro a viver e a fazer crescer esse amor.
    O tempo passou tão depressa! Olhamos para trás e vislumbramos os 25 anos compartilhados desde que nos aceitamos um ao outro.
   Entre as alegrias – tamanhas – e os dissabores inevitáveis da vida, sobreviveram o amor, o carinho, a partilha, a convivência, as conquistas – principalmente dos filhos –  e outras coisas que merecem ser celebradas.
    Hoje, viemos novamente na presença de Deus para render-Lhe a nossa mais profunda gratidão. Nós Vos damos graças, Senhor, por ter nos aproximado e permitido que vivêssemos essa história.
    Senhor, ajude-nos a, sempre juntos, nós e nossos filhos, continuar essa jornada com a mesma confiança em Vós. E, acima de tudo: Fique sempre conosco, Senhor!

Luisa Garbazza

09 de julho de 2013 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Maturidade na fé

Em se tratando de fé e convicção religiosa, não existe completude. Estamos em constante aprendizado, buscando nos aproximar de Deus. As orações que fazemos, as celebrações das quais participamos, as penitências, o envolvimento nas comunidades e na liturgia, tudo isso pode nos levar a certa maturidade religiosa, mas, mesmo assim, estaremos longe da perfeição. E não cabe a nós julgar ao outro nem a nós mesmos como melhores ou piores diante de Deus.
A caminhada de fé é árdua e requer muito amor, sacrifício, doação e perseverança. É a luta de uma vida inteira. Precisa ser alimentada dia a dia. Nessa luta, é necessário ficarmos atentos e não nos entregarmos ao egoísmo colocando-nos em posição superior. Só de pensarmos assim, já estaremos em condições de inferioridade diante Deus, pois o ensinamento que recebemos de seu filho Jesus é que “De fato, há últimos que serão primeiros e primeiros que serão últimos"- (Lc 13,30). Todos somos iguais perante Deus e uma oferta bem simples será mais valorizada se for feita de coração.
Cada pessoa tem condições de oferecer algo de si pelo reino de Deus: uma oferta em dinheiro, um trabalho ou um gesto de fraternidade. O importante é colocar as dádivas recebidas a serviço do outro, cada um com um dom distinto: um canta bem, o outro prepara belos altares; este tem o dom da palavra, aquele escreve com mais expressão; um tem habilidade para leitura, outro para murais; há os que se esmeram na arte da limpeza e organização dos ambientes; outros têm o dom de ir “trabalhar pelo mundo afora”. Tudo em sintonia, cada um a seu tempo. No momento em que alguém disponibiliza o próprio dom, pode-se até se sentir lisonjeado pelo resultado por ter sido positivo e aplaudido. Entretanto, não cabe a ninguém se sentir orgulhoso por isso, pois, no momento seguinte, será visto, novamente, apenas como filho de Deus, igual a todos os que ali estão: aos que fizeram qualquer outro serviço ou aos que nada fizeram. É preciso sabedoria para agir com humildade e com simplicidade fazendo tudo pela glória de Deus e nunca para engrandecimento próprio.
Por outro lado, podemos, em dado momento, sentirmo-nos mais próximos de Deus por termos uma religião, por participarmos ativamente da “vida” da Igreja ou por entendermos que vivemos da forma correta. Aqui também nos enganamos. O que se é, de verdade, sem máscaras ou fingimentos, só Deus sabe. Muitas vezes fazemos um julgamento precipitado de outra pessoa, rotulamos, discriminamos e não a aceitamos. Porém, não nos cabe esse direito. Pode ser que, apesar de suas dúvidas e incertezas, ela esteja mais próxima de Deus do que imaginamos. Como nos profere tão bem o Padre Zezinho nesta canção: “Eu sei que da verdade eu não sou dono, Eu sei que não sei tudo sobre Deus. Às vezes, quem duvida e faz perguntas, É muito mais honesto do que eu”.
Em nossa peregrinação terrena, podemos ter a convicção de que somos todos filhos de Deus e estamos neste mundo para nos amarmos uns aos outros. Porém, todos os dias, nos deparamos com situações que podem nos afastar desse propósito. Às vezes não somos fortes o suficiente para resistir a todas as tentações. É quando precisamos ainda mais do irmão que está ao nosso lado, para que ele possa nos resgatar, nos orientar e nos reconduzir a Jesus: caminho, verdade e vida. Ele mesmo disse que “Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.” (Lc 15,7). O Pai estará sempre de braços abertos para receber de volta o pecador arrependido. Aos que estão vivendo de acordo com o Evangelho, é preciso força de vontade e muita fé para não se desviar e, assim, merecer ser digno das promessas de Cristo que prometeu a salvação a todos os que perseverarem até o fim.
Portanto, mais que sermos fiéis aos mandamentos e levarmos uma vida digna, é importante acolher o irmão que está ao nosso lado com atitudes cristãs: peregrinar juntos com os que estão no mesmo ritmo; ter paciência com os que caminham mais devagar; recuar um pouco e servir de amparo aos que pararam na estrada; voltar e reconduzir os que saíram do caminho. Tudo isso com serenidade, humildade e a sabedoria de quem se reconhece como “servo de Deus”; com a confiança de que seremos recebidos pelo Pai; com a certeza de que não nos salvaremos sozinhos. Somos todos, sem exceção, filhos amados de Deus.

Luisa Garbazza

Texto publicado originalmente no
Jornal PARÓQUIA
da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Julho de 2013