quinta-feira, 25 de abril de 2013

São Marcos, um cristão autêntico


 No Século I da era cristã, quando vários apóstolos entregaram a vida por amor a Jesus, temos o exemplo do evangelista São Marcos. Era judeu, da tribo de Levi, filho de Maria de Jerusalém. Foi convertido à fé cristã depois da morte de Jesus e, segundo os historiadores, teria sido batizado pelo próprio são Pedro. Privilégio na época, ele fez parte das primeiras famílias cristãs. Conta-se que em sua casa Cristo celebrou a última ceia, quando instituiu a eucaristia. Foi nela, também, que os apóstolos receberam a visita do Espírito Santo, após a ressurreição e fizeram daquele lugar um ponto de encontro e reunião com os cristãos primitivos.
São Marcos foi um dos setenta apóstolos enviados depois dos doze discípulos. Era sobrinho de São Barnabé e foi um companheiro muito próximo também dos Apóstolos Pedro e Paulo.
Esse carismático evangelista de Cristo acompanhou Barnabé e Paulo à Antioquia, em viagem missionária, onde atuou como auxiliar de Paulo, mas logo voltou a Jerusalém. Depois, com Barnabé, embarcou para à ilha de Chipre, na sua primeira viagem apostólica, onde fundou Comunidades, e depois foi para Roma, visitar Paulo, prisioneiro naquela cidade.
Em Roma trabalhou muito tempo como intérprete de São Pedro, que afetuosamente o chamava de filho, registrando tudo que ele se lembrava sobre Jesus.
Nesse período, no ano de 56, com base nas pregações de Pedro, começou a escrever seu Evangelho, sendo o primeiro a fazer registros sobre a vida, paixão e morte de Jesus. Seu relato começa pela missão de João Batista, cuja "voz clama no deserto". . Mais do que em qualquer outro Evangelho, São Marcos revela Jesus como “o filho do homem”. Deste modo, a pessoa de Jesus torna-se misteriosa porque encerra em si, ao mesmo tempo, um homem verdadeiro e um Deus verdadeiro. Na primeira parte, Jesus mostra-se mais preocupado com o acolhimento do povo, atende às suas necessidades e ensina; na segunda parte volta-se especialmente para os Apóstolos que escolheu, revelando-lhes progressivamente o plano da salvação e introduzindo-os na intimidade do Pai. O objetivo de São Marcos ao escrever esse Evangelho foi mostrar que Jesus é o Filho de Deus e Nosso Salvador. Para isso se demora mais nos milagres do que nas palavras do Salvador, escrevendo poucas parábolas por extenso.
Marcos fez ainda várias viagens: ajudou a fundar igrejas no Egito; construiu escola cristã em Alexandria, onde visitou a casa de Ananias, curou uma de suas mãos aleijada e batizou várias pessoas; pregou o Evangelho nas regiões do interior da África.
Segundo a tradição, ele foi martirizado no dia da Páscoa, enquanto celebrava o santo sacrifício da missa. Os pagãos aprisionaram-no, espancaram-no, arrastaram-no pelas ruas e jogaram-no na prisão. A São Marcos foi concedida uma visão do próprio Senhor Jesus Cristo que o fortaleceu antes de suas torturas. São Marcos entregou seu espírito a Deus, dizendo: «Em tuas mãos, ó Senhor, eu entrego meu espírito». Suas relíquias foram trasladadas pelos mercadores italianos para Veneza, cidade que é sua guardiã e que tomou são Marcos como padroeiro desde o ano 828.
A Igreja celebra a memória desse santo em 25 de abril.
Nos dias de hoje, muitas ideologias e doutrinas errôneas afastam muitos cristãos do projeto de Deus. Assim sendo, a Igreja e o mundo precisam de cristãos como Marcos Evangelista: em profunda comunhão com Deus e com os irmãos; missionário que anuncia e testemunha a boa nova de Jesus; articulador de novas comunidades; dedicado ao Reino.
São Marcos, rogai por nós.
Luisa Garbazza – 20 de março de 2012
Publicado no Informativo Igreja Viva - Paróquia N. S. do Rosário - em abril de 2012

terça-feira, 9 de abril de 2013

E agora, jovem?

         Com as famosas, e sempre atuais, “águas de março”, fechamos mais um mês. E com ele fechamos também a Campanha da Fraternidade 2013, que colocou na voz do jovem uma célebre frase bíblica: “Eis-me aqui, envia-me!” Durante todo esse tempo, muito se falou a respeito da juventude, dos seus anseios, do seu papel na sociedade e na Igreja. Muitos jovens participaram dessa campanha, embalados pela proximidade da Jornada Mundial da Juventude. Os adultos também se empenharam realizando encontros, reuniões em família, vias-sacras e outros. Tudo isso em busca de uma harmoniosa participação do jovem e do resgate aos valores fundamentais para uma apropriada vivência cristã.
          E agora?
         Agora é o momento de partir para a realidade. Esse período, vivido durante a quaresma, serviu para uma tomada de consciência a respeito dessa necessidade urgente de motivar a juventude para uma vida mais consistente, principalmente no âmbito espiritual.
        Agora é com você, jovem. Jesus fez o chamado. Você está pronto para ser enviado? Está disposto a colocar-se a serviço do outro pelo reino de Deus? Já se preparou para viver segundo os valores cristãos?
       Muito pode ser feito! Não precisa muita coisa. Se cada um fizer a sua parte, no seu cantinho, na sua família, no seu trabalho, na sua escola, na sua comunidade, a abrangência será imensa. É aí, no dia a dia, que as mudanças precisam acontecer. Lembrando as palavras de nosso querido beato João Paulo II: “Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos”.
          Nessa procura por uma participação mais ativa na Igreja e na sociedade, seria bom que o jovem conhecesse a verdadeira alegria. Não uma alegria mundana, momentânea e artificial que sempre termina em vazio existencial e sensação de tédio e mau humor, mas uma alegria verdadeira, espontânea, que brota da alma e contagia os que estão por perto. Um contentamento que encontramos em nós mesmos e não em coisas, acontecimentos, agitações: “O mundo não me satisfaz, o que eu quero é a paz, o que eu quero é viver”.
           Precisamos muito da alegria própria dos jovens, mas só quando o jovem – e os adultos também – descobrirem que a felicidade é um dom de Deus e está em cada instante da vida é que estarão preparados para florescer e propagar os frutos de amor e fraternidade por onde forem. Como bem nos diz o Papa Francisco:A nossa não é uma alegria que nasce do fato de possuirmos muitas coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa: Jesus, que está em meio a nós”.
        Assim, queridos jovens, neste momento em que estão sendo enviados por Deus, não tenham medo de ouvir seu apelo e responder ao seu chamado. Tenham fé e coragem para assumir a verdadeira identidade cristã e espalhar alegria e entusiasmo pelos lugares por onde passarem. Coloquem os dons que receberam a serviço do próximo. Ousem seguir Jesus e seus ensinamentos. Preencham os momentos vagos da vida de vocês com atitudes que os edificam como pessoas, como filhos de Deus e não se entreguem à superficialidade deixando lugar para o vácuo que quase sempre é preenchido pelo tédio e o desamor.
            E agora? Qual será sua resposta?
        Jesus chama cada um. O mundo precisa de vocês. Hoje. Agora. Todos os dias. Em todos os lugares. Não se deixem intimidar. Caminhem confiantes lembrando as palavras do Padre Zezinho, que hoje se tornam palavras de todos nós: “Eu grito ao meu mundo descrente que eu quero ser gente, que eu creio na cruz. Eu creio na força do jovem que segue o caminho de Cristo Jesus”.
Luisa Garbazza

Publicado no "Informativo Igreja Viva"
Paróquia Nossa Senhora do Rosário
Abril de 2013

domingo, 7 de abril de 2013

A marca da humildade


Nós, católicos, estamos vivendo a euforia ocasionada pelas mudanças na Igreja. A escolha de um novo Papa é sempre motivo de muita apreensão e, ao mesmo tempo, de muita esperança. A nação católica, representada por milhares de fiéis presentes na Praça de São Pedro, demonstrou uma simpatia espontânea pelo Papa recém-eleito desde o primeiro momento – seu sorriso, seus gestos de humildade, suas palavras simples e o nome escolhido: Francisco. Esse é um nome repetido muitas vezes, na história da Igreja, nominando santos importantes que a enriqueceram ao longo dos séculos. Curiosamente, encontrei oito santos com essa denominação.
O mais conhecido – que motivou o cardeal argentino, Jorge Mario Bergoglio, na escolha do nome – é tido como uma “luz que brilhou no mundo”: São Francisco de Assis, que nasceu em 1182, em Assis, na Itália, tido como a maior figura do cristianismo. Jovem orgulhoso e vaidoso, acostumado com riquezas e glórias militares, teve sua vida transformada após sentir a presença de Jesus chamando-o para reconstruir sua Igreja. Após a conversão, abandonou a fortuna e escolheu como opção a miséria absoluta, a paz, os pobres, os doentes e a Igreja. Colocou Cristo em primeiro lugar e sentia-se como mais uma obra de Deus, tratando toda criação divina como irmão: irmão sol, irmã lua, irmão lobo... Esse jovem, apaixonado por Jesus, teve – e ainda tem – muitos seguidores, e deixou-nos um legado de belíssimas canções e orações tão puras que nos fazem sentir em perfeita comunhão com Deus.
Logo após, veio São Francisco de Paula, nascido em 1416, região da Calábria – Itália, que recebeu esse nome por causa da devoção dos pais pelo seu antecessor. Como o mestre de Assis, São Francisco de Paula viveu um desprezo absoluto pelos valores transitórios da vida e pautou sua existência no socorro ao próximo, em sua especial vocação missionária e na capacidade extraordinária de resgatar os mais puros e preciosos valores contidos no evangelho. Viveu, humildemente, como eremita e dedicou-se por inteiro à oração, penitência e caridade.
Seguindo a história da Igreja, em 1506, no Castelo de Xavier, na Espanha, nasce São Francisco Xavier. Muito rico e estudioso, foi doutor e professor. Era um jovem altivo e ambicioso. Em sua busca por pompas e glórias conheceu Inácio de Loyola, também santo, que sempre lhe dizia: "Francisco, que adianta o homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?" Com esse pensamento, foi cedendo ao amor de Jesus, converteu-se, fundou a Companhia de Jesus e percorreu grandes distâncias dedicando-se à evangelização dos povos. Nos lugares por onde passou, empenhado no caminho da santidade, dedicava todo tempo livre visitando prisões, tratando dos doentes e dos leprosos. É invocado como Patrono Universal das Missões.
Na primeira metade do século XVI, ainda temos dois santos. O primeiro, São Francisco de Borja, nasceu em 1510, em Gandia, na Espanha. Depois de viver na corte do Imperador Carlos V, ter se casado e tido oito filhos, ficou viúvo e renunciou-se aos títulos de nobreza. Entrou para a Companhia de Jesus, fez voto de pobreza, caridade e obediência e foi viver como pregador itinerante, dedicando-se à oração, à eucaristia e à Virgem Maria. O outro, São Francisco Solano era espanhol e nasceu em 1549. Teve sua formação em colégio Jesuíta e prestou muitos serviços à Ordem Franciscana. Depois foi enviado à América Latina para realizar seu sonho missionário e ali se consumiu no trabalho de evangelização. Antes de morrer repetiu as palavras: “Deus seja bendito.”
São Francisco de Sales e São Francisco Régis marcaram a segunda metade do século XVI. Em 1567, no Reino de Saboia, nasceu São Francisco de Sales. Desde cedo, seu desejo era de viver a castidade e buscar a vontade de Deus. Como sacerdote, buscou a santidade para si e para os outros. Semeou a unidade e a sã doutrina cristã animando os fracos e alimentando os fortes. Destacou-se pela vida de caridade, gentileza, alegria, humildade, e verdadeira entrega à vontade de Deus. São Francisco Régis veio ao mundo em 1597 em uma aldeia francesa. Como padre da Companhia de Jesus, priorizou a assistência aos doentes, a evangelização e os confessionários. Com espírito de caridade dedicou-se principalmente às crianças abandonadas e aos jovens.
Por último, já no século XIX e canonizado pelo Papa Bento XVI em 2009, temos São Francisco Coll Guitart, que nasceu na comunidade de Catalunha, Espanha, em 1812. Foi o fundador das Irmãs Dominicanas da Anunciação, com a finalidade de divulgar e reavivar a Palavra de Deus nos povoados de Catalunha. Tinha paixão pela evangelização de maneira itinerante para ajudar as pessoas a um encontro mais profundo com Deus. Sua entrega a Deus era tão grande que tocava o coração das pessoas, pois transmitia aos outros o que ele próprio vivia.
Todos esses homens, que se anularam para engrandecer o nome de Jesus e cuidar dos pobres e excluídos, tiveram em comum a marca da humildade. A Igreja os apresenta como exemplos a serem seguidos. São santos porque conseguiram sentir a dor do outro e compadecer-se dele. Abraçaram os ideais de Jesus e os colocaram em prática, doando a própria vida.
Agora, em pleno século XXI, acolhemos o Papa Francisco. Seus primeiros dias foram vividos de maneira simples, com a mesma humildade e o aparente desejo de santidade de tantos Franciscos ao longo dos séculos. Apresentou-se como servo de Deus, sem ostentação nem privilégios. Seu discurso nos mostra, a exemplo de seus antecessores, as suas principais preferências: os pobres, a caridade, e a urgência pela evangelização e pela paz. O mundo todo acredita que viveremos tempos de mudanças. É como se a palavra de Deus estivesse sendo dita mais uma vez: “Francisco, vai restaurar minha igreja, que está em ruínas”. E nossa voz ecoa agradecendo e pedindo as bênçãos e a proteção de Deus para esse homem em quem depositamos todas as nossas esperanças.
Luisa Garbazza
Publicado no jornal "Paróquia" - Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho
Abril de 2013