Nessas linhas retas que Deus traça em nossa vida,
desviando-nos das curvas que insistimos em percorrer, deparamos com momentos
inigualáveis que nos colocam frente a frente com as maravilhas de sua criação
maior: o ser humano.
Quinta-feira
Santa, tudo combinado com meu esposo para participarmos da celebração na Igreja
Matriz de Nossa Senhora do Bom Despacho. Já no final da tarde, recebi um
telefonema da Adriana, agente da Pastoral da Comunicação da paróquia. Pediu-me,
se possível, para eu participar da cerimônia do Lava-pés, que seria celebrada
pelo Padre Rogério, Sdn, na Comunidade Nossa Senhora de Fátima, e fotografasse, para
divulgação na internet. Pensei mil coisas ao mesmo tempo, mas não tive coragem
de negar. Coloquei-me à disposição. Foi bem corrido, pois essa Igreja fica bem
mais longe e nosso tempo estava restrito. Mas conseguimos chegar um pouco antes
para interagir com o padre e os coordenadores da comunidade.
Ainda não tivera a oportunidade de participar da
Santa Missa naquela Igreja. Foi uma experiência enaltecedora. Tudo ali primava
pela simplicidade, sem deixar de ser impecável na essência. Em tudo, dava para
sentir a presença divina: a acolhida fraterna que tivemos; a organização; a
preparação do ambiente; a participação da assembleia; o carisma do sacerdote. Voltou-me
à memória as palavras que ouvi certa vez do Padre Geraldo Mayrink: “Quanto mais
simples a celebração, mais Deus aparece.” A certeza é de que o Pai do céu estava ali
conosco.
Durante a celebração, observando tudo e
fotografando, um pequeno quadro se destacou perante meus olhos: no primeiro
banco, três crianças – um menino e duas meninas – aparentando ter entre quatro
e sete anos, participavam da Missa. Não estavam apenas ali na “Casa de Deus”. Rezavam,
cantavam, acompanhavam cada movimento do padre de uma maneira tão concentrada
que me comoveu. Durante toda a celebração, estavam atentos. Nos momentos
de adoração, os joelhinhos dobrados eram sinal indicativo de uma sementinha de fé
em pleno processo de germinação. Os olhinhos brilhavam sem se desgrudar do
altar. Nada de conversas, nada de andanças pela Igreja, nada de implicância entre
eles. A impressão que eu sentia é que eles sabiam exatamente o que estavam
fazendo ali. Surpresa maior no momento da comunhão quando um daqueles anjos –
uma menina linda de longos cabelos cacheados – começou a cantar acompanhando
muito bem a letra e a melodia. Momento de pura ternura. Coração cresceu no peito
e agradeceu a Deus pela oportunidade de senti-Lo naquelas pequenas obras de
Suas mãos.
Saí daquele
local com uma sensação de pura paz e, no íntimo, um coração enorme, cheio de
amor. Nos olhinhos atentos daquelas crianças e na pureza dos olhares fixos nas
coisas sagradas, a esperança de um mundo melhor, mais fraterno, mais humano. A perspectiva
de um amanhã sem tanto ódio e violência. A confiança de que teremos cada vez
mais crianças criadas com amor, educadas na fé – premissas de uma juventude
sadia, amada e com muito amor no coração. A fé nas palavras de Jesus: “Eis que
estarei convosco todos os dias”. No reflexo daqueles pequeninos, a idealização
de um sonho de paz e justiça.
Luisa Garbazza
Quinta-feira Santa - 28 de março de 2013.