“A mãe será
capaz de se esquecer ou deixar de amar algum dos filhos que gerou?”
Impossível
esquecer alguém que você concebeu, trouxe ao mundo e o chamou de filho.
Depois de
ser concebido, é curto o tempo que a mulher vive, antes de sentir os primeiros
sinais de uma nova vida se formando dentro de si. É um sintoma desconhecido,
uma mudança em algum comportamento, um enjoo, um desejo, não importa. De alguma
forma ela sente a presença de um novo ser. Daí até o nascimento, a futura mãe
passa por momentos marcantes, jamais imaginados, que vão construindo um elo tão
forte deixando-a ansiosa com o momento de serem apresentados fisicamente. É um sentimento mágico esse, pois são nove meses
imaginando como será o rostinho desse filho.
Ah! o
nascimento de um filho... Só quem já passou por essa experiência para
entendê-lo em sua totalidade. Não há nada mais sublime. Compensa todas as
angústias, toda expectativa, todas as dores, que às vezes são tantas!.... A
presença daquela criaturinha frágil, indefesa, dependente de cuidados, aumenta
no coração o amor, o carinho, a pertença.
A partir
desse momento a mulher passa a ter uma vida completamente diferente. Tudo gira
em torno do filho. Várias adaptações precisam ser feitas na rotina da casa, nos
afazeres, nos horários, principalmente. Dia e noite nos primeiros dias:
cuidados com a alimentação, higiene, saúde e com a emoção e sentimentos também.
É aí que a mãe continua a cingir o elo que começou durante a gestação.
Conversas, sorrisos, cantigas de ninar, tudo para fazer seu filhinho participar
de sua vida.
Então a vida
se torna uma “loucura”: visitas ao médico e à casa dos avós; vacinas em dia;
preparação para o batizado – momento importantíssimo para pais católicos;
ensinar a falar e a andar; primeiro aniversário; levar à igreja para a missa;
primeiro dia na escola; ensinar valores e princípios éticos e cristãos; deveres
escolares; reunião de pais; início da catequese; médico, dentistas; roupas e
sapatos; primeira eucaristia; crisma. Nossa! Dá até para perder o fôlego!
E, em cada
um desses acontecimentos, é acrescentado um nó a mais nesse emaranhado de laços
que une mãe e filho. É uma alegria imensa a cada conquista, mas uma dor maior
ainda a cada barreira. Mãe não consegue ver o filho sofrer sozinho, sofre
junto, chora junto, está sempre por perto para ajudar nos momentos difíceis.
Sofre, principalmente, quando o filho começa a sair sozinho. É uma angústia
muito grande! Ficar em casa sem saber o que está acontecendo. Se o filho está sabendo
viver os valores que lhe foram ensinados. Se não está sendo maltratado por
outras pessoas. A cabeça fica tão confusa com tantos pensamentos, que é
impossível dormir. O sossego só chega com o retorno do filho.
Assim a vida segue seu curso.
Chega, então, o tempo mais difícil da vida de
uma mãe: hora dos filhos irem embora. De uma forma ou de outra vão
“abandonando” o lar. Um se casa; outro vai trabalhar em outra cidade; aquele
simplesmente quer morar sozinho; alguns até fogem de casa.
A mãe fica só. O ninho fica vazio. O
sentimento que perdura nesses dias não dá para ser colocado em palavras. É um
vácuo desmedido no peito. A vida perde muito do sentido. Todas aquelas horas de
dedicação, às vezes em tempo integral, tornam-se dolorosas. Não há o que fazer.
O filho está longe. Já não precisa mais de cuidados. A mãe, sim, precisa de
cuidados nesse momento. Fica uma carência, uma saudade, uma vontade de começar
tudo de novo, viver cada instante outra vez. Mas só resta uma saída: viver de
lembranças, revendo fotos, relendo cartinhas e bilhetes daquele tempo em que
era o maior amor da vida do filho.
Mas, mesmo estando longe, por qualquer
motivo, a mãe preserva em si um coração cheio de amor, pronto para um abraço
quando o filho vem matar a saudade; para um conselho ou uma palavra amiga mesmo
distante, ou, ainda, para juntar os cacos de algum coração partido.
E o amor será sempre a máxima na vida de uma
mãe, porque os filhos nunca são esquecidos e mãe é para sempre.
“E se existir acaso tal mulher, Deus se
lembrará de nós em seu amor.”
Luisa Garbazza – 02 de abril de 2011
Essa crônica foi publicada no jornal "Paróquia", da Paróquia Nossa Senhora do Bom Despacho, em maio de 2011. Anterior ao Bolg, portanto.
Vale muito para refletirmos nesse tempo de "dia das mães".
Vale muito para refletirmos nesse tempo de "dia das mães".